sábado, 1 de maio de 2010
Na qualidade de Pai
Nessa qualidade declaro que fui, e sou pai de um casal amoroso, que ambos casados, e com filhos, chegou a sua vez de exercerem o cargo que antes me fora destinado, e de que passei o testemunho.
Estou aposentado dessa tarefa, e o que resta mesmo será o espírito desse reinado deposto, através da ordem natural das coisas.
Não me peçam para seu pai de outros filhos, que tiveram outros progenitores, como se existisse a obrigação de os adotar, e os (re) formar, depois de passarem tantos anos sob a batuta da repressão, da prepotência, do oculto e da hipocrisia.
Criou-se o mito que através da palavra era possível levar as coisas a bom porto, que em alguns casos pode ser observado, embora muito poucos, na maioria não funciona, e tudo fica na mesma, ou ainda pior.
O que continua a prevalecer como fator fundamental na formação humana é a teoria dos exemplos, em suas formas repetitivas que se arrastam por anos, e vincula o corpo a um determinado movimento.
A quebra dessa hegemonia só é promovida pela desilusão, devido a fatores circunstâncias ocasionais, ou devido a uma impossibilidade de realizar seus desejos, porque alguém não facilitou.
Essa é a regra, que não carece de palavras, nem de violência, para se impor como instrumento de formação.
Levamos uma vida inteira a dissertar acerca das mil e uma maneiras, que nos pode conduzir ao ¨ bom ¨ comportamento, como se tratasse de uma receita de bolos, esquecendo que não temos farinha e os ovos estão estragados.
Apenas palavras que nada explicam.
Passamos a enumerar uma série de fórmulas mágicas rumo ao sucesso, o que deve ser feito, como o deve ser, sempre o dever de um pai, que pensamos não ter feito o trabalho de casa como devia ser, a que somos levados a substituí-lo nessa tarefa.
O que exigimos aos outros, por considerarmos estar no caminho certo, nos eleva a auto estima, que do alto do púlpito ¨dis-semin-amos¨ a palavra, como algo que pode fecundar os ouvidos surdos, numa atitude de superioridade em relação ás criaturas com outra formação.
Esforço inglório, quando constatamos que o mundo á nossa volta, continua a ter as mesmas atitudes, existindo até um aumento daquilo que era suposto combater e eliminar.
Da sugestão passamos á acusação, devido á impotência de lidar com as coisas de uma outra forma.
Fulano não tem força de vontade, aquele outro não tem consciência, a garota é uma vagabunda, o outro é um drogado, e por aí vai, esquecendo que as palavras são estigmas, embora um pouco mais suaves, que a estrela ao peito dos Judeus, dado que ambas servem para identificar o que julgamos ser um mal, ou impuro.
Em todo este processo não existe a preocupação de tentar entender o que está a acontecer com o sujeito que apresenta atitudes estranhas e comportamento anti social, apenas exigências, condicionamentos, o deve ser e o não pode ser, cujos resultados são francamente insatisfatórios.
Não está em causa o processo de intenções, que até podem ser as melhores, que uma vez observadas, poderia trazer alguma paz social e bem estar individual, mas antes, tentar entender a falta de aderência a conceitos que em princípio poderia beneficiar as pessoas.
Se as pessoas sabem distinguir as coisas, o que é socialmente aceite, daquilo que não o será, se têm conhecimento da lei e a transgridem, algo as impede de obedecer a uma realidade externa, em que o contido na sua interioridade é mais forte que tudo o resto.
Se tudo ficar por conta de um nome qualquer, falta de força de vontade, malandragem, mau caráter, sem vergonha, safadeza, e mais algumas denominações brilhantes, apenas criamos símbolos para identificar uma atitude, mas nada explica acerca dos motivos que levaram o indivíduo a cometer tais atitudes.
Resultado - reativos, continuando ignorantes.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário