Inversão de sentidos
O medicamento no caso da doença de Parkinson, parece restabelecer as condições imediatamente anterior ao estado de paciente do indivíduo, sem que possamos observar a solvência de um conflito psíquico, nem sequer damos conta da sua existência, que o conduziu até á doença.
A indústria farmacêutica desenvolve os seus estudos e investigação, tendo em conta as alterações do metabolismo, mas ainda não encontrou a receita para operar ao nível da organização da mente, e muito provavelmente nunca encontrará.
Tenta ( re ) equilibrar a química no corpo através de substâncias ativas, no entanto a organização ideativa no psiquismo é coisa que foge ao controle da química, porque não estamos a tratar de algo orgânico, genético, biológico, mas de uma complexa associação de imagens e idéias, pura energia, da qual emerge um sentido, que faz debitar no organismo determinada química.
O que o medicamento consegue fazer é retirar o sentido ao paciente, injetando, bloqueando ou inibindo determinada química, para que, de forma artificial regresse o bem estar, garantindo alguma satisfação por viver.
Os sentidos mórbidos, obsessivos, de agressividade excessiva, e até de alguma apatia, são de algum modo aliviados, que impede de fato, que o ser humano possa cometer algumas loucuras, atentando por vezes contra a vida dos outros, e contra a sua própria vida.
Mas não invalida, que possamos perceber nisso a tentativa de inversão de sentidos emergentes de um sistema psíquico organizado, cuja finalidade é suster o desprazer e a insatisfação, o que de algum modo é conseguido com êxito.
E neste ponto nos encontramos numa encruzilhada, num beco sem saída, que leva tantas vezes o paciente a ser dependente do medicamento por toda a vida, não tanto por habituação, mas por necessidade de fato.
Mediante uma determinada organização das idéias no psiquismo, de onde resulta um sentido, este é de certo modo impedido de manifestar-se através do corpo, dado que o medicamento bloqueia, inibe, ou libera determinada química, induzindo o corpo a tomar sentido de uma substância, que não sabe se é natural ou artificial.
Somos a considerar por isso, que ao manterem-se as associações de idéias, e sentidos emergentes de uma determinada organização psíquica, parece ser pouco provável que o sujeito possa regressar a uma vida ativa, ao suspender o medicamento.
Ao não tocar na forma como estão organizadas as idéias no psiquismo, e isso só poderá ser feito através da análise, elas mantêm-se no seu estado original, pelo que a retirada do medicamento, corresponde normalmente ao agravar do seu estado de saúde, em virtude da suspensão do bloqueio, ou do efeito inibidor, que o medicamento provoca.
Podemos deduzir, que o medicamento é importante para ocorrer a situações de emergência, mas não menos importante será um trabalho de análise psicanalítica durante esse período, cuja finalidade tem em vista a ( re ) elaboração dos seus conflitos psíquicos e alteração do seu sentido interior.
Retomaremos o assunto em breve.
domingo, 23 de maio de 2010
Efeitos colaterais ( VI )
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