Se a doença de Parkinson conduz á perda da mobilidade e de parte da memória, no exato momento que o paciente começa a ser medicado, podemos perceber duas coisas:
- A ( re ) ativação de uma força interior, que leva o paciente á mobilidade.
- A sua capacidade de racionalizar, de acordo com o conteúdo ideativo disponível.
Mas não sabemos em absoluto, qual o conhecimento que foi entretanto perdido, nem conseguimos determinar qual o segmento que foi afetado, que de algum modo altera as condições de organização do conteúdo psíquico.
O medicamento não parece que possua a capacidade de restaurar parte do conhecimento perdido, mas apenas estabilizar um quadro biológico e psíquico, através da química.
De fato a partir desse quadro estabilizado, o sujeito pode sentir-se apto a adquirir mais conhecimentos, dado que o estar na vida é um contínuo aprendizado.
Ao ser medicado, o corpo é induzido e produz uma excitação das forças ativas, e estas tendem a manifestarem-se, necessitando de uma atividade exterior para finalizar o seu processo de desejo interior.
O modo como o vai realizar depende do conteúdo ideativo e dos sentidos.
O medicamento que atua diretamente no metabolismo, é sinalizado no psíquico, e percebe-se que a sua influência é funcional, liberando a repressão, que originava o instinto de negação e a recusa em viver.
Entenda-se como repressão, como algo julgado importante pelo o sujeito, que promove a pressão sobre os instintos, e o impossibilita de viver e movimentar-se.
Essa ( des ) compressão parece liberar a censura.
A mesma repressão que parece ter originado o instinto de negação e a recusa em viver.
Não sabemos o que foi afetado durante a ocorrência de uma forma evolutiva patológica, mas com alguma segurança podemos afirmar, que a falta de mobilidade, e, a perda de parte da memória, considerando o estado de amnésia, são atributos do corpo, como forma de responder e sobreviver a uma repressão.
Apenas a sua forma evolutiva é diferenciada de outras patologias, como a neurose obsessiva compulsiva, por exemplo.
Continuar a desenvolver este assunto nos levaria longe, e não é esse o propósito, em que a síntese aqui apresentada, tem como fundamento dois pressupostos :
- A nova forma de organização e distribuição de energia no corpo, dado que este foi induzido, através de uma injeção de química, que se traduz num fator energético e de potência, a que o sujeito é obrigado a ligar ao seu ideativo.
- E a sua relação com as imagens e idéias que sobraram do seu estado degenerativo, devido á perda de parte da memória, existindo uma nova dinâmica psíquica a ser observada.
Se existiu uma perda de conteúdo ideativo, a complexidade psíquica será outra, assim como a forma de organização do mesmo.
Para além de tudo isto, existe uma questão fundamental, a saber:
- A falta de atividade e de perda de memória, não parece que tenha uma relação com o consciente, mas sim com o inconsciente recalcado.
- Ao existir um bloqueio, ou inibição de um sentido derivado de uma repressão, provocado pela injeção de química no corpo, tende a desbloquear o elemento repressivo, que servia de censura.
A resultante é a emergência é de uma onipotência, que antes estaria omissa, agora evidenciada através do acréscimo da substância ativa ingerida.
De salientar o fato que á medida que o paciente vai perdendo a capacidade motora, e alguns fatos da memória vão sendo eliminados, tende a evidenciar-se a prepotência e a teimosia, o conduzindo à onipotência infantil.
Dou por concluído este trabalho de análise em psicanálise, não obstante estar certo que muito mais haveria que dizer, dada a sua complexidade, contudo, existiu a preocupação de ser o mais claro possível, para que as pessoas, pouco familiarizadas com a psicanálise, tivessem acesso fácil, ao que desejei transmitir.
Espero que o tenha conseguido.
Um abraço
João António Fernandes - Psicanalista Freudiano
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Efeitos colaterais ( VII )
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