Bastam as migalhas das sobras para ser feliz.
Talvez por esperar pouco, alguns homens sejam felizes.
Enquanto que o pouco parece contentar uns, a outros, nem a dádiva do mundo inteiro os parece fazer feliz.
Passado o repasto da abundância, que dura pouco, retornam á angústia e tristeza, enquanto alguns continuam a deliciar-se com alguma coisa que sobrou e perdura.
O estar feliz, parece ser aquilo que desejas e não encontras, embora não sabendo o quê e onde encontrares, percorres vales e montanhas á procura de nada, que cansa e atormenta a tua alma.
Andas á procura da partícula da vida, quando ela não existe, porque depende de tantas outras para ter vida, que não podemos encontrar em separado.
A procuras de forma obsessiva, porque ao possuí-la julgas que garante o poder e a riqueza, que te faz pobre.
Eternamente pobre á procura de nada.
Talvez procures o que já encontrei sem ter que procurar.
Eu, aparentemente pobre. Tu, aparentemente rico.
Não é o dinheiro ou a falta dele que atrapalha, isso é pura ilusão, é apenas algo a que estamos presos, que não nos deixa ser felizes.
Algo que não conseguimos entender, que está para além do nosso pensamento.
Não é o ter e não ter, que está em questão.
Nem o Ser, mas o estar ou não estar satisfeito e feliz.
Assim, meu velho, o que posso entender dos teus movimentos, é apenas a tentativa de alcançar a cada ano aquilo que ainda não conseguiste, em que a esperança é a última a morrer e a primeira a alimentar os teus sonhos por realizar.
Os objetivos são os mesmos, os caminhos que trilhamos, e a forma como nos servimos dos objetos, é que determinam o nosso bem estar e nos garante a sensação de estar feliz.
Podemos esperar algo mais de um Ano Novo, mas apenas será a continuidade de um velho movimento, em que só a esperança não basta, e logo regressamos aquilo que sempre foi.
Um Bom Ano Novo.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Magia Negra
Na sequência da notícia, com o título – Que Deus nos perdoe – sou levado a tecer algumas comentários, dado que um dos indiciados do crime, é " Pai de santo", neste caso uma mulher, que ajudou o "louco "a cometer tal barbaridade.
A anestesia para o ritual era garantida pelo vinho, dado até ao desmaio.
Para a maioria ele é louco, mas pelos vistos para aquela mulher ele não o era.
Ou será que ela também louca ?
A notícia abalou o Brasil, como aliás tantas outras, quando se trata da degola de inocentes, em que se reclama por justiça, porque só loucos podem cometer tais atrocidades.
Está explicado, são loucos.
Mas ninguém pergunta por aqueles que os levaram á loucura, através de palavras malditas, que criaram fantasmas e figuras demoníacas, que alguns dizem possuir poderes mágicos.
A esses ninguém lhes pede responsabilidades por aquilo que dizem e afirmam saber, como se tivessem certeza de alguma coisa, quando apenas somos seres ignorantes ao sabor da mãe natureza.
A crença de que as almas do além podem manter contato com o mundo dos vivos, aos quais se pedem sacrifícios, como forma de purificação, já vem desde os primórdios da existência humana. O processo de reencarnação, a partir do qual o espírito pode evoluir moral e intelectualmente, necessita da própria morte do indivíduo para que se possa processar.
Afirmam até, que em vidas sucessivas, o espírito, ocupando diferentes corpos materiais, ele se aprimora e se redime de seus erros.
Conclusão – vale a pena o sacrifício e a própria morte, porque de volta vem a compensação.
Se todos afirmam que determinada pessoa é inútil, que se sente repudiado, em vez de amado, a culpa será dele, que não tem valores morais, nem intelectuais, que possam levar os outros a amá-lo, a ser considerado e respeitado, pelo que se essa idéia passar a obsessão mental, poderá muito bem acabar com a sua própria vida, ou de um outro qualquer, como parece ser este caso.
Podem afirmar que ninguém disse para as pessoas em questão, cometerem tal loucura.
Mas o que parece restarem poucas dúvidas é que foi devido a essas idéias mágicas, que alguns de forma obsessiva transmitem, que uns interpretam de uma maneira e outros de outra, que somos surpreendidos por estas atitudes loucas.
De fora ficam os suicídios, que não fora a carta deixada escrita, não saberíamos os motivos, que no caso da Leila, uma vez cumpridos todos os projetos na terra, desejou ( re ) encontrar-se com a mãe no céu.
A crença foi inventada pelo o homem para superar o medo, e consequentemente apaziguar as almas, e dar uma certa tranquilidade a si mesmo, mas quando ela é transformada em patologia, devido ä introdução de fantasmas e tabus, de tranquilidade passa a obsessão mental.
Como interpretar os homens bomba, a não ser como um caso extremo do que foi descrito ?
Que Deus nos perdoe.
A anestesia para o ritual era garantida pelo vinho, dado até ao desmaio.
Para a maioria ele é louco, mas pelos vistos para aquela mulher ele não o era.
Ou será que ela também louca ?
A notícia abalou o Brasil, como aliás tantas outras, quando se trata da degola de inocentes, em que se reclama por justiça, porque só loucos podem cometer tais atrocidades.
Está explicado, são loucos.
Mas ninguém pergunta por aqueles que os levaram á loucura, através de palavras malditas, que criaram fantasmas e figuras demoníacas, que alguns dizem possuir poderes mágicos.
A esses ninguém lhes pede responsabilidades por aquilo que dizem e afirmam saber, como se tivessem certeza de alguma coisa, quando apenas somos seres ignorantes ao sabor da mãe natureza.
A crença de que as almas do além podem manter contato com o mundo dos vivos, aos quais se pedem sacrifícios, como forma de purificação, já vem desde os primórdios da existência humana. O processo de reencarnação, a partir do qual o espírito pode evoluir moral e intelectualmente, necessita da própria morte do indivíduo para que se possa processar.
Afirmam até, que em vidas sucessivas, o espírito, ocupando diferentes corpos materiais, ele se aprimora e se redime de seus erros.
Conclusão – vale a pena o sacrifício e a própria morte, porque de volta vem a compensação.
Se todos afirmam que determinada pessoa é inútil, que se sente repudiado, em vez de amado, a culpa será dele, que não tem valores morais, nem intelectuais, que possam levar os outros a amá-lo, a ser considerado e respeitado, pelo que se essa idéia passar a obsessão mental, poderá muito bem acabar com a sua própria vida, ou de um outro qualquer, como parece ser este caso.
Podem afirmar que ninguém disse para as pessoas em questão, cometerem tal loucura.
Mas o que parece restarem poucas dúvidas é que foi devido a essas idéias mágicas, que alguns de forma obsessiva transmitem, que uns interpretam de uma maneira e outros de outra, que somos surpreendidos por estas atitudes loucas.
De fora ficam os suicídios, que não fora a carta deixada escrita, não saberíamos os motivos, que no caso da Leila, uma vez cumpridos todos os projetos na terra, desejou ( re ) encontrar-se com a mãe no céu.
A crença foi inventada pelo o homem para superar o medo, e consequentemente apaziguar as almas, e dar uma certa tranquilidade a si mesmo, mas quando ela é transformada em patologia, devido ä introdução de fantasmas e tabus, de tranquilidade passa a obsessão mental.
Como interpretar os homens bomba, a não ser como um caso extremo do que foi descrito ?
Que Deus nos perdoe.
domingo, 20 de dezembro de 2009
Que Deus nos perdoe
Dom, 20 Dez, 05h20 - notícia Yahoo
O Hospital Ana Neri, em Salvador, informou que o garoto de dois anos e sete meses que foi submetido a uma cirurgia para retirada de quatro agulhas, localizadas no coração e no pulmão, é tão boa que no início de noite a equipe médica irá se reunir para avaliar a possibilidade de submetê-lo a uma nova cirurgia ainda hoje ou amanhã, desta vez para retirada dos objetos localizados no abdômen.
O menino teve várias agulhas introduzidos em seu corpo. Uma boa parte delas está localizada na região abdominal. Segundo o médico Francisco Reis, existe uma agulha na bexiga e em algumas alças intestinais do aparelho digestivo que precisam ser removidas. O menino passará por uma terceira intervenção, na coluna, com data ainda não definida.
A primeira cirurgia foi considerada um sucesso pela equipe médica. O procedimento confirmou que os objetos retirados estavam mesmo provocando infecções no corpo do garoto, porque começavam a oxidar. A partir de então, os processos infecciosos cederam e ele agora se encontra com um quadro estável, sem febre e sem a necessidade de tomar medicação.
Ainda de acordo com o hospital, a criança respira sem a ajuda de aparelhos e se alimenta normalmente. A equipe reafirma que algumas agulhas permanecerão no corpo do menino. A preocupação no momento são apenas os objetos que podem impor riscos à vida dele.
O auxiliar de serviços gerais Roberto Carlos Magalhães, padrasto da criança, confessou ser o responsável por inserir os objetos no corpo do garoto durante supostos rituais de magia negra, informou a polícia. Magalhães, de 30 anos, chegou a ficar desaparecido depois de prestar um primeiro depoimento. Apontado como principal suspeito, ele foi localizado em um hospital do município.
O Hospital Ana Neri, em Salvador, informou que o garoto de dois anos e sete meses que foi submetido a uma cirurgia para retirada de quatro agulhas, localizadas no coração e no pulmão, é tão boa que no início de noite a equipe médica irá se reunir para avaliar a possibilidade de submetê-lo a uma nova cirurgia ainda hoje ou amanhã, desta vez para retirada dos objetos localizados no abdômen.
O menino teve várias agulhas introduzidos em seu corpo. Uma boa parte delas está localizada na região abdominal. Segundo o médico Francisco Reis, existe uma agulha na bexiga e em algumas alças intestinais do aparelho digestivo que precisam ser removidas. O menino passará por uma terceira intervenção, na coluna, com data ainda não definida.
A primeira cirurgia foi considerada um sucesso pela equipe médica. O procedimento confirmou que os objetos retirados estavam mesmo provocando infecções no corpo do garoto, porque começavam a oxidar. A partir de então, os processos infecciosos cederam e ele agora se encontra com um quadro estável, sem febre e sem a necessidade de tomar medicação.
Ainda de acordo com o hospital, a criança respira sem a ajuda de aparelhos e se alimenta normalmente. A equipe reafirma que algumas agulhas permanecerão no corpo do menino. A preocupação no momento são apenas os objetos que podem impor riscos à vida dele.
O auxiliar de serviços gerais Roberto Carlos Magalhães, padrasto da criança, confessou ser o responsável por inserir os objetos no corpo do garoto durante supostos rituais de magia negra, informou a polícia. Magalhães, de 30 anos, chegou a ficar desaparecido depois de prestar um primeiro depoimento. Apontado como principal suspeito, ele foi localizado em um hospital do município.
Tal pai, tal filho
Breve trecho do diálogo entre Marcola, apontado como líder do Primeiro Comando da Capital, o PCC, e o deputado Moroni Torgan, encarregado de o ouvir na base de um inquérito, CPI do Tráfico de armas, em Agosto de 2006 –
Marcola – O senhor não tem o direito de gritar comigo.
Torgan – Eu tenho o direito de falar com a voz que eu quiser...na hora que quiser.
Marcola – De falar, sem gritar. Com respeito.
Torgan – Agora eu quero dizer, com todo o respeito que eu tenho pela humanidade – O PCC existe para explorar os coitados dos presos que têm de sair para a rua e trabalhar para eles. Tem que trabalhar. Tem que ser criminoso. Se tu saíres, pagar tua pena, tu tens que ir para rua para ser criminoso.
Marcola – E o que os deputados fazem ? Não roubam também ? Roubam para c......., meu.
Torgan – É isso vai ser outra coisa que tu vai ser indiciado também. Disso tu vai ser indiciado.
Marcola – Só porque deputado rouba eu vou ser indiciado ?
Torgan – Por desacato.
Marcola – Que moral tem algum deputado para vir gritar na minha cara ?
Marcola não era só de falar, acaba de ser condenado a 29 anos de prisão por ser o mandante do assassinato de um juiz federal.
Sem comentários.
Marcola – O senhor não tem o direito de gritar comigo.
Torgan – Eu tenho o direito de falar com a voz que eu quiser...na hora que quiser.
Marcola – De falar, sem gritar. Com respeito.
Torgan – Agora eu quero dizer, com todo o respeito que eu tenho pela humanidade – O PCC existe para explorar os coitados dos presos que têm de sair para a rua e trabalhar para eles. Tem que trabalhar. Tem que ser criminoso. Se tu saíres, pagar tua pena, tu tens que ir para rua para ser criminoso.
Marcola – E o que os deputados fazem ? Não roubam também ? Roubam para c......., meu.
Torgan – É isso vai ser outra coisa que tu vai ser indiciado também. Disso tu vai ser indiciado.
Marcola – Só porque deputado rouba eu vou ser indiciado ?
Torgan – Por desacato.
Marcola – Que moral tem algum deputado para vir gritar na minha cara ?
Marcola não era só de falar, acaba de ser condenado a 29 anos de prisão por ser o mandante do assassinato de um juiz federal.
Sem comentários.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Formas sistemáticas
Quem dedica parte do seu tempo a tentar entender as coisas da mente, e fala em sistematização, deve perceber que ela existe de fato, mas somente referente ao biológico e á sua função, que é um processo autónomo e organizado segundo uma lógica, que é sequencial e apresenta sempre consequências.
Deste modo nos posicionamos na genética, e no estudo da metafísica, como formas de energia derivadas de um corpo físico, em que a mente obedece ao corpo, na sua forma arcaica.
O recém nascido está coordenado com o seu núcleo genético, e descoordenado nos movimentos em rela;áo a tudo que o rodeia.
No entanto é a partir desse movimento descoordenado exterior, que agarra aqui, pega ali, consegue mais tarde um movimento coordenado, a que chamamos de processo de aprendizagem.
O processo mental posterior, obedece do mesmo modo a essa sistematização organizacional do sistema biológico, que mantém-se imutável durante toda a existência do ser humano, e é exatamente devido a determinadas ideias e atitudes que tendem a contrariar o corpo que sente, que ele assinala a sua ofensa através da ansiedade, de dores diversas, orgânicas e fisiológicas, paralisias, amnésias e anestesia de parte do corpo, e outros transtornos mais ou menos graves, como a depressão ou a melancolia por exemplo, como a tentativa em sobreviver.
Deste modo parece ficar claro, que o corpo que sente, e observada tais condições de alguma " anormalidade ", ou seja instabilidade emocional, podemos perceber que de fato existiu uma quebra da sistematização anterior, que nem sequer pediu permissão ao corpo que pensa para manifestar-se por vezes até de forma violenta.
Porque não desejamos entender esta forma primária e genética, dado que nos foi embutida a ideia, que somos seres super inteligentes, logo desprezando a parte animal que está em nós, desafiamos uma ordem natural, e tentamos organizar o ser humano á volta de projetos de forma;áo, que ao contrariar essa ordem animal, tendo a promover todo o tipo de alteração de comportamento no ser humano.
De seguida, na tentativa de alinhar aquilo que se observou estar desalinhado, comete-se o mesmo erro de percepção, porque outro não nos foi ensinado, ou seja, a repressão e a proibição, a violência verbal e física, cuja finalidade é a tentativa de impedir atos considerados impróprios, em vez de perceber outras formas de promover o alinhamento.
Resultado, lutamos contra uma parede de betão, porque o corpo reage a quem pretende tirar o seu sentido de vida.
A ansiedade, a rebeldia, a transgressão, os ataques de raiva e vingança, são formas emergentes de um corpo que reage a uma tentativa de ( de ) forma;áo, que ganha uma outra forma sistemática, que contraria a ordem natural sistematizada.
Deste modo nos posicionamos na genética, e no estudo da metafísica, como formas de energia derivadas de um corpo físico, em que a mente obedece ao corpo, na sua forma arcaica.
O recém nascido está coordenado com o seu núcleo genético, e descoordenado nos movimentos em rela;áo a tudo que o rodeia.
No entanto é a partir desse movimento descoordenado exterior, que agarra aqui, pega ali, consegue mais tarde um movimento coordenado, a que chamamos de processo de aprendizagem.
O processo mental posterior, obedece do mesmo modo a essa sistematização organizacional do sistema biológico, que mantém-se imutável durante toda a existência do ser humano, e é exatamente devido a determinadas ideias e atitudes que tendem a contrariar o corpo que sente, que ele assinala a sua ofensa através da ansiedade, de dores diversas, orgânicas e fisiológicas, paralisias, amnésias e anestesia de parte do corpo, e outros transtornos mais ou menos graves, como a depressão ou a melancolia por exemplo, como a tentativa em sobreviver.
Deste modo parece ficar claro, que o corpo que sente, e observada tais condições de alguma " anormalidade ", ou seja instabilidade emocional, podemos perceber que de fato existiu uma quebra da sistematização anterior, que nem sequer pediu permissão ao corpo que pensa para manifestar-se por vezes até de forma violenta.
Porque não desejamos entender esta forma primária e genética, dado que nos foi embutida a ideia, que somos seres super inteligentes, logo desprezando a parte animal que está em nós, desafiamos uma ordem natural, e tentamos organizar o ser humano á volta de projetos de forma;áo, que ao contrariar essa ordem animal, tendo a promover todo o tipo de alteração de comportamento no ser humano.
De seguida, na tentativa de alinhar aquilo que se observou estar desalinhado, comete-se o mesmo erro de percepção, porque outro não nos foi ensinado, ou seja, a repressão e a proibição, a violência verbal e física, cuja finalidade é a tentativa de impedir atos considerados impróprios, em vez de perceber outras formas de promover o alinhamento.
Resultado, lutamos contra uma parede de betão, porque o corpo reage a quem pretende tirar o seu sentido de vida.
A ansiedade, a rebeldia, a transgressão, os ataques de raiva e vingança, são formas emergentes de um corpo que reage a uma tentativa de ( de ) forma;áo, que ganha uma outra forma sistemática, que contraria a ordem natural sistematizada.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
PensarBrasil (III)
HISTÓRIAVIVA – Artigo de Lucília de Almeida
OUTROS MUROS FICARAM
COMEMORA;ÁO DOS 20 ANOS DA QUEDA DO MURO DE BERLIM TRAZ Á TONA UM TEMPO DE DIVISÓES IDEOÓGICAS E REFORÇA A IMPORTÂNCIA DO DIÁLOGO NA MANUTENÇÁO DE UMA CULTURA DE PAZ.
A construção do muro de Berlim aconteceu no ápice da Guerra Fria, no inicio da década de 1960.
Literalmente, o mundo estava dividido em duas áreas de influência, a ocidental, na qual predominavam economias capitalistas, e a oriental em que a maioria dos governos se orientava pela opção socialista.
O mundo ficou, de fato, dividido em dois blocos de poder. Em 1959, quando da revolução Cubana, o socialismo bateu ás portas do continente Americano. A Guerra Fria alcançava seu ápice.
Em Novembro de 1989, ano simbólico da queda do socialismo real e do fim da Guerra Fria, uma multidão eufórica derrubou o muro de Berlim.
Tal ato devia ser entendido como exemplares expressões de vontade coletiva de tolerância, paz e respeito á liberdade. Indicam que muros como o que divide a fronteira dos Estados Unidos da América e o México, e como o que está sendo construído por Israel na Cisjordânia, alimentam discórdias, ódios e fundamentalismos.
Comentários
Enquanto o ato de liberdade do ser humano for derivado de uma proposta opressora e repressiva, pode ser entendido como uma vitória, mas não altera em nada, ou muito pouco, a relação entre os homens.
Caiu o muro de Berlim, como antes o mundo assistiu á queda de Hitler.
Se o muro de Berlim separava famílias e regimes políticos, Hitler tinha ido muito mais longe, tentando exterminar uma raça, pelo que temos de reconhecer que já foi um progresso a construção do muro separatista.
E como diz a articulista, outros muros ficaram, o que significa que a partir de então, pouco ou nenhum progresso foi conseguido nas relações humanas.
Pelo que a história tende a repetir-se inexoravelmente, sendo apenas uma questão circunstancial.
Não parece que sejam as sucessivas quedas, seja de homens ou muros, que nos pode trazer a paz e momentos de alguma felicidade, mas antes uma formação diferenciada, em que o respeito e consideração pelo o outro possa ter lugar.
OUTROS MUROS FICARAM
COMEMORA;ÁO DOS 20 ANOS DA QUEDA DO MURO DE BERLIM TRAZ Á TONA UM TEMPO DE DIVISÓES IDEOÓGICAS E REFORÇA A IMPORTÂNCIA DO DIÁLOGO NA MANUTENÇÁO DE UMA CULTURA DE PAZ.
A construção do muro de Berlim aconteceu no ápice da Guerra Fria, no inicio da década de 1960.
Literalmente, o mundo estava dividido em duas áreas de influência, a ocidental, na qual predominavam economias capitalistas, e a oriental em que a maioria dos governos se orientava pela opção socialista.
O mundo ficou, de fato, dividido em dois blocos de poder. Em 1959, quando da revolução Cubana, o socialismo bateu ás portas do continente Americano. A Guerra Fria alcançava seu ápice.
Em Novembro de 1989, ano simbólico da queda do socialismo real e do fim da Guerra Fria, uma multidão eufórica derrubou o muro de Berlim.
Tal ato devia ser entendido como exemplares expressões de vontade coletiva de tolerância, paz e respeito á liberdade. Indicam que muros como o que divide a fronteira dos Estados Unidos da América e o México, e como o que está sendo construído por Israel na Cisjordânia, alimentam discórdias, ódios e fundamentalismos.
Comentários
Enquanto o ato de liberdade do ser humano for derivado de uma proposta opressora e repressiva, pode ser entendido como uma vitória, mas não altera em nada, ou muito pouco, a relação entre os homens.
Caiu o muro de Berlim, como antes o mundo assistiu á queda de Hitler.
Se o muro de Berlim separava famílias e regimes políticos, Hitler tinha ido muito mais longe, tentando exterminar uma raça, pelo que temos de reconhecer que já foi um progresso a construção do muro separatista.
E como diz a articulista, outros muros ficaram, o que significa que a partir de então, pouco ou nenhum progresso foi conseguido nas relações humanas.
Pelo que a história tende a repetir-se inexoravelmente, sendo apenas uma questão circunstancial.
Não parece que sejam as sucessivas quedas, seja de homens ou muros, que nos pode trazer a paz e momentos de alguma felicidade, mas antes uma formação diferenciada, em que o respeito e consideração pelo o outro possa ter lugar.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
PENSARBRASIL ( ii )
Continuação da entrevista concedida por Luiz Eduardo Soares ao Jornal de Minas – PensarBrasil.
"A esquerda só pensa na economia, como se o crescimento bastasse para solucionar os problemas. A direita, estúpida e irracional, só postula endurecimento de penas e encarceramento, além de mais violência policial, como se isso não estivesse sendo praticado há décadas , com resultados desastrosos.
Nenhuma política ou ação isolada pode ter sucesso, porque o problema é multidimentsional. Precisamos de políticas intersetoriais e integradas.
Entre elas, a arte e a cultura cumprem papel da maior importância.
Polos capazes de oferecer aos jovens os mesmos benefícios materiais, afetivos, psicológicos e simbólicos que as fontes criminosas proporcionam.
Trata-se de uma intensa disputa por coraçóes e mentes e não de uma guerra.
Comentário
Passamos a maior parte da nossa existência a falar do obvio, daquilo que nossos olhos enxergam e nos é dado a conhecer, e continua tudo na mesma ou ainda pior. Não fora os movimentos que emergem de uma vontade civil, no seio da comunidade, cujos resultados mostram ser satisfatórios, não seríamos capazes de descortinar qualquer tipo de mudança no tecido social.
Os " ignorantes " , analfabetos ou de poucos estudos e posses, negros, mulatos ou brancos, porque sentem na pele a guerra, a morte e a miséria humana, e já não conseguem lidar com tanto ódio e falta de afeto, tentam organizar-se em movimentos culturais cujos resultados favoráveis são evidentes.
"A esquerda só pensa na economia, como se o crescimento bastasse para solucionar os problemas. A direita, estúpida e irracional, só postula endurecimento de penas e encarceramento, além de mais violência policial, como se isso não estivesse sendo praticado há décadas , com resultados desastrosos.
Nenhuma política ou ação isolada pode ter sucesso, porque o problema é multidimentsional. Precisamos de políticas intersetoriais e integradas.
Entre elas, a arte e a cultura cumprem papel da maior importância.
Polos capazes de oferecer aos jovens os mesmos benefícios materiais, afetivos, psicológicos e simbólicos que as fontes criminosas proporcionam.
Trata-se de uma intensa disputa por coraçóes e mentes e não de uma guerra.
Comentário
Passamos a maior parte da nossa existência a falar do obvio, daquilo que nossos olhos enxergam e nos é dado a conhecer, e continua tudo na mesma ou ainda pior. Não fora os movimentos que emergem de uma vontade civil, no seio da comunidade, cujos resultados mostram ser satisfatórios, não seríamos capazes de descortinar qualquer tipo de mudança no tecido social.
Os " ignorantes " , analfabetos ou de poucos estudos e posses, negros, mulatos ou brancos, porque sentem na pele a guerra, a morte e a miséria humana, e já não conseguem lidar com tanto ódio e falta de afeto, tentam organizar-se em movimentos culturais cujos resultados favoráveis são evidentes.
domingo, 13 de dezembro de 2009
Pensarbrasil
Jornal Estado de Minas 12.12.2009
VENCER O MEDO
País se defronta com desafio de enfrentar a violência e construir uma sociedade pacífica.
O antropólogo Luiz Eduardo Soares, que foi subsecretário de segurança e coordenador de segurança, justiça e cidadania do Estado do Rio de Janeiro, afirma "O que acontece no Rio é uma tragédia".
Diz ele – Considerando-se apenas os crimes letais por açóes intencionais, há cerca de 50 mil por ano no Brasil. Por outro lado, a brutalidade policial é das mais graves do mundo. Só as polícias do Rio matam mais de mil pessoas por ano. Importante é registar que a imensa maioria das vítimas letais de crimes são jovens do sexo masculino, entre 15 e 24 anos, pobres e frequentemente, negros.
A velha e desgastada "política do confronto" predomina. Tudo se reduz a incursões bélicas ás favelas, em que morrem policiais, inocentes das comunidades e suspeitos.
Comentário
O que nos é dado a observar, é que existe uma perturbação da vida das pessoas das respectivas comunidades, com policiais na rua, trocando tiro com bandido, em que as balas perdidas encontram sempre alguém ao sair da escola, ou na vinda do trabalho.
Não parece existir qualquer dúvida que as incursões bélicas nas favelas são inadequadas, não resolvem o problema, altera a vida das pessoas, matam-se inocentes, e deixam no terreno muito ódio e problemas psicológicos por resolver.
Sujeita-se os policiais a uma tensão psíquica semelhante a uma guerra, em que as condições de equilíbrio emocional ficam seriamente comprometidas.
A inteligência policial deve ser incentivada e desenvolvida, cuja finalidade possa reduzir os danos provenientes de uma incursão policial.
Depois de mortos todos são bandidos, logo desmentido por familiares que afirmam serem bons rapazes, que trabalhavam, ou estudavam e não estariam metidos naquele assunto.
VENCER O MEDO
País se defronta com desafio de enfrentar a violência e construir uma sociedade pacífica.
O antropólogo Luiz Eduardo Soares, que foi subsecretário de segurança e coordenador de segurança, justiça e cidadania do Estado do Rio de Janeiro, afirma "O que acontece no Rio é uma tragédia".
Diz ele – Considerando-se apenas os crimes letais por açóes intencionais, há cerca de 50 mil por ano no Brasil. Por outro lado, a brutalidade policial é das mais graves do mundo. Só as polícias do Rio matam mais de mil pessoas por ano. Importante é registar que a imensa maioria das vítimas letais de crimes são jovens do sexo masculino, entre 15 e 24 anos, pobres e frequentemente, negros.
A velha e desgastada "política do confronto" predomina. Tudo se reduz a incursões bélicas ás favelas, em que morrem policiais, inocentes das comunidades e suspeitos.
Comentário
O que nos é dado a observar, é que existe uma perturbação da vida das pessoas das respectivas comunidades, com policiais na rua, trocando tiro com bandido, em que as balas perdidas encontram sempre alguém ao sair da escola, ou na vinda do trabalho.
Não parece existir qualquer dúvida que as incursões bélicas nas favelas são inadequadas, não resolvem o problema, altera a vida das pessoas, matam-se inocentes, e deixam no terreno muito ódio e problemas psicológicos por resolver.
Sujeita-se os policiais a uma tensão psíquica semelhante a uma guerra, em que as condições de equilíbrio emocional ficam seriamente comprometidas.
A inteligência policial deve ser incentivada e desenvolvida, cuja finalidade possa reduzir os danos provenientes de uma incursão policial.
Depois de mortos todos são bandidos, logo desmentido por familiares que afirmam serem bons rapazes, que trabalhavam, ou estudavam e não estariam metidos naquele assunto.
sábado, 12 de dezembro de 2009
Sentimentos trocados
Quem teve a paciência de me ler em alguns artigos anteriores, observou que dei algum ênfase ao corpo que sente, como forma primária da existência do ser humano, cujo princípio de racionalidade é uma forma posterior, ou seja, uma possibilidade que é conferida á nossa espécie, que não encontramos noutros animais.
A filosofia entende que sem sentido, não pode existir pensamento, o que nos leva a considerar que pensamos de acordo com aquilo que sentimos.
A linguagem coloca nas palavras o sentido e provoca a frase, a partir de uma forma referencial que tem em conta o sujeito, ou aquilo que o satisfaz, e toda uma série de outros elementos comparativos, através dos quais podemos deduzir e construir a frase pretendida.
O que tenho constatado em consultório, é que sentimentos assumidos pelo o sujeito, entendido na sua forma verbal, em muitos casos, para não dizer na sua grande maioria, não correspondem ao que o sujeito na realidade sente.
Assim, o que o sujeito diz ser, apenas parece corresponder a um desejo, que o Não – Ser, ou seja o corpo, reclama, emergindo daí um certo dito, que não consegue em momento algum apagar o não dito de que o corpo reclama.
Eu tenho um poder forte, e já decidi que homem algum vai mandar mais na minha vida, dizia a paciente. O que parecia desconhecer é que tal sentimento emergiu de um sentimento de impotência perante a adversidade.
A senhora tornou a sua aparência dura, forte, por medo de ser submissa de novo a um poder não desejado.
Uma outra dizia sentir uma paixão muito forte pelo o pai.
No decurso de algumas sessões de análise, e perante o material verbal recolhido, fiz-lhe a proposta, de fazer um trabalho de casa, cuja tentativa seria definir a diferença entre paixão e compaixão.
Na sessão seguinte foi firme ao dizer que afinal o que sentia pelo o pai era na realidade compaixão, e não paixão.
Muitas outras são agressivas na tentativa de superar o medo interior que se apodera delas.
Já para não falar naqueles que dizem matar por amor.
Mais alguns exemplos poderia dar, mas estes bastam para me convencerem de que o sentir, como fundamento de uma máquina biológica, é mais importante que o próprio pensamento no comportamento humano.
Porque se assim não fora, bastaria pensar para alterar a nossa postura, e como todos sabem tal não corresponde á realidade.
O sentido na maioria dos casos parece estar para além do cognoscível.
A filosofia entende que sem sentido, não pode existir pensamento, o que nos leva a considerar que pensamos de acordo com aquilo que sentimos.
A linguagem coloca nas palavras o sentido e provoca a frase, a partir de uma forma referencial que tem em conta o sujeito, ou aquilo que o satisfaz, e toda uma série de outros elementos comparativos, através dos quais podemos deduzir e construir a frase pretendida.
O que tenho constatado em consultório, é que sentimentos assumidos pelo o sujeito, entendido na sua forma verbal, em muitos casos, para não dizer na sua grande maioria, não correspondem ao que o sujeito na realidade sente.
Assim, o que o sujeito diz ser, apenas parece corresponder a um desejo, que o Não – Ser, ou seja o corpo, reclama, emergindo daí um certo dito, que não consegue em momento algum apagar o não dito de que o corpo reclama.
Eu tenho um poder forte, e já decidi que homem algum vai mandar mais na minha vida, dizia a paciente. O que parecia desconhecer é que tal sentimento emergiu de um sentimento de impotência perante a adversidade.
A senhora tornou a sua aparência dura, forte, por medo de ser submissa de novo a um poder não desejado.
Uma outra dizia sentir uma paixão muito forte pelo o pai.
No decurso de algumas sessões de análise, e perante o material verbal recolhido, fiz-lhe a proposta, de fazer um trabalho de casa, cuja tentativa seria definir a diferença entre paixão e compaixão.
Na sessão seguinte foi firme ao dizer que afinal o que sentia pelo o pai era na realidade compaixão, e não paixão.
Muitas outras são agressivas na tentativa de superar o medo interior que se apodera delas.
Já para não falar naqueles que dizem matar por amor.
Mais alguns exemplos poderia dar, mas estes bastam para me convencerem de que o sentir, como fundamento de uma máquina biológica, é mais importante que o próprio pensamento no comportamento humano.
Porque se assim não fora, bastaria pensar para alterar a nossa postura, e como todos sabem tal não corresponde á realidade.
O sentido na maioria dos casos parece estar para além do cognoscível.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
RECATO necessário
RECATO necessário
" Perda de valores, excesso de exposição, valorização do dinheiro com o signo de sucesso e ausência de utopia marcam a sociedade e penalizam sobretudo os jovens, tornados mercadorias rentáveis ".
Título de um artigo no jornal Estado de minas // Pensar
Sábado, 28 Novembro 2009
Da autoria de Inez lemos - Psicanalista
Referencia no inicio do seu artigo a romancista Simone de Beauvoir, companheira do filósofo Jean-Paul Sarte, cuja vida está a ser levada a palco pela atriz Fernanda Montenegro, com a peça de teatro " Viver sem tempos mortos ", com enorme sucesso,
segundo a colunista.
Acrescenta de seguida, que Fernanda Montenegro, ao encarnar Simone, metaforiza a época em que o pensamento encantava o mundo com sua pujança e júbilo.
De onde se presume que o pensamento de hoje, já não o consegue fazer, talvez porque aquilo que pensamos em nada acrescenta ao que foi dito por outros homens que viveram antes de nós, nem deles bebemos o mais saber.
Se assim é, devemos aprender com eles a pensar.
Na referência a "empobrecimento simbólico " , embora não perceba exatamente o que pretende dizer com a frase, dado que todos somos ricos nessa matéria, porque sem o simbólico não existe sujeito, afirma o seguinte :
Tudo vale para ocupar o vazio de utopia e esperança Um jovem precisa encontrar algo a que se apegar – sem utopia, viver é pesadelo.
Quando o vazio não está preenchido, não existe Ser, e se existe, não consegue estar sem preencher seu espaço interior e exterior, mesmo que seja á custa de maconha, ou da exposição pública.
Afirma de seguida, que ao cultuarmos aparência, espetáculo e sucesso instantâneo, denunciamos nossa opção ao narcisismo e ao hedonismo.
E se bem me recordo Simone de Beauvoir até na união com Sartre era hedonista.
A certa altura do seu artigo diz assim – Quem não se alimenta do belo (arte, filosofia), se alimenta da carne.
A ambivalência do discurso, é sempre a tentativa de afirmação do sujeito, que por via disso tenta negar o outro.
A seguir escreve o seguinte – " Deliciamo-nos com uma mídia obscena e extravagante, que gosta de exibir mulheres nuas. Cultuamos o exagero, o sórdido e o estupor, divertimo-nos com a maledicência. Somos a república da perversão, cujo entretenimento dos jovens é sair de madrugada espancando mendigos, índios, prostitutas e homossexuais.
Qualquer corpo de fora, fofoca e traição viram notícia, produz celebridades e revertem bons chachês na Playboy. Do cabaré de Brasília ao big brother, a ordem é arriscar alguns minutos de glória. Estamos sempre sendo convocados á falta de decoro e honradez.
O Brasil é um convite á libertinagem ?
Que venha a mídia, eu quero mais é ser desejada, virar artista, ganhar muito dinheiro, trabalhar pouco e ser respeitada, pois pobre neste país não vale nada.
Eu acrescentaria, como um velho escritor Português, que era mestre no saber acerca de abelhas, que num dos seus livros dizia assim:
A televisão faz calar os inteligentes e falar os burros.
Ou seja, parece ser mais uma questão de oportunidade que nos leva a ser considerados, ganhando fama e dinheiro com isso, do que propriamente ser mestre naquilo que transmitimos.
A escolha será sempre de quem nos escuta e lê, e porque é importante estar e manter-se na vitrine, somos tentados a fazer e a dizer aquilo que a maioria deseja ouvir.
A diferença dos homens que botaram discurso e fizeram história no passado para os de hoje, reside no fato de que eles não se preocupavam com o pensamento alheio, mesmo que lhes queimassem os livros em praça pública, e ficassem na miséria, continuavam a expor os seus pensamentos por mais polémicos que fossem.
Coisa que não acontece hoje, porque pobre não pode ser filósofo.
" Perda de valores, excesso de exposição, valorização do dinheiro com o signo de sucesso e ausência de utopia marcam a sociedade e penalizam sobretudo os jovens, tornados mercadorias rentáveis ".
Título de um artigo no jornal Estado de minas // Pensar
Sábado, 28 Novembro 2009
Da autoria de Inez lemos - Psicanalista
Referencia no inicio do seu artigo a romancista Simone de Beauvoir, companheira do filósofo Jean-Paul Sarte, cuja vida está a ser levada a palco pela atriz Fernanda Montenegro, com a peça de teatro " Viver sem tempos mortos ", com enorme sucesso,
segundo a colunista.
Acrescenta de seguida, que Fernanda Montenegro, ao encarnar Simone, metaforiza a época em que o pensamento encantava o mundo com sua pujança e júbilo.
De onde se presume que o pensamento de hoje, já não o consegue fazer, talvez porque aquilo que pensamos em nada acrescenta ao que foi dito por outros homens que viveram antes de nós, nem deles bebemos o mais saber.
Se assim é, devemos aprender com eles a pensar.
Na referência a "empobrecimento simbólico " , embora não perceba exatamente o que pretende dizer com a frase, dado que todos somos ricos nessa matéria, porque sem o simbólico não existe sujeito, afirma o seguinte :
Tudo vale para ocupar o vazio de utopia e esperança Um jovem precisa encontrar algo a que se apegar – sem utopia, viver é pesadelo.
Quando o vazio não está preenchido, não existe Ser, e se existe, não consegue estar sem preencher seu espaço interior e exterior, mesmo que seja á custa de maconha, ou da exposição pública.
Afirma de seguida, que ao cultuarmos aparência, espetáculo e sucesso instantâneo, denunciamos nossa opção ao narcisismo e ao hedonismo.
E se bem me recordo Simone de Beauvoir até na união com Sartre era hedonista.
A certa altura do seu artigo diz assim – Quem não se alimenta do belo (arte, filosofia), se alimenta da carne.
A ambivalência do discurso, é sempre a tentativa de afirmação do sujeito, que por via disso tenta negar o outro.
A seguir escreve o seguinte – " Deliciamo-nos com uma mídia obscena e extravagante, que gosta de exibir mulheres nuas. Cultuamos o exagero, o sórdido e o estupor, divertimo-nos com a maledicência. Somos a república da perversão, cujo entretenimento dos jovens é sair de madrugada espancando mendigos, índios, prostitutas e homossexuais.
Qualquer corpo de fora, fofoca e traição viram notícia, produz celebridades e revertem bons chachês na Playboy. Do cabaré de Brasília ao big brother, a ordem é arriscar alguns minutos de glória. Estamos sempre sendo convocados á falta de decoro e honradez.
O Brasil é um convite á libertinagem ?
Que venha a mídia, eu quero mais é ser desejada, virar artista, ganhar muito dinheiro, trabalhar pouco e ser respeitada, pois pobre neste país não vale nada.
Eu acrescentaria, como um velho escritor Português, que era mestre no saber acerca de abelhas, que num dos seus livros dizia assim:
A televisão faz calar os inteligentes e falar os burros.
Ou seja, parece ser mais uma questão de oportunidade que nos leva a ser considerados, ganhando fama e dinheiro com isso, do que propriamente ser mestre naquilo que transmitimos.
A escolha será sempre de quem nos escuta e lê, e porque é importante estar e manter-se na vitrine, somos tentados a fazer e a dizer aquilo que a maioria deseja ouvir.
A diferença dos homens que botaram discurso e fizeram história no passado para os de hoje, reside no fato de que eles não se preocupavam com o pensamento alheio, mesmo que lhes queimassem os livros em praça pública, e ficassem na miséria, continuavam a expor os seus pensamentos por mais polémicos que fossem.
Coisa que não acontece hoje, porque pobre não pode ser filósofo.
domingo, 6 de dezembro de 2009
sábado, 5 de dezembro de 2009
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Didática e ética II
Os grandes centros populacionais e os meios de comunicação, com maior ênfase para internet, permitem a qualquer momento a relação do sujeito que padece com muitos outros seres humanos, permitindo-lhe a descarga de energia, trazendo como consequência o alívio de uma tensão interior, a ansiedade, garantindo-lhe a sensação de um certo bem estar, não tocando porém, ou deixando mais ou menos intacto o núcleo patológico. Dada a própria evolução da sociedade e da tecnologia, que permite a comunicação imediata e fácil com os mais diversos temas, em que a ocupação intelectual para uns parece ser a solução para todos os transtornos psíquicos, exceto para aqueles que procuram sites eróticos e até pornográficos.
De uma forma ou de outra ajuda a vincular o sujeito ao seu Eu, o afastando do sintoma, porque falar e escrever é afirmar-se.
Como resultante temos a fuga ao sintoma, não permitindo o isolamento do sujeito, em que só o faz, quando bastante debilitado, sendo nessa altura que por vezes sente a necessidade de submeter-se á analise.
Como o hábito faz o monge, ele vem á procura de um milagre ou de um poder mágico que possa arrancar de vez do peito aquela ansiedade que o incomoda.
Perceba-se o absurdo, o sujeito pretende encontrar o remédio para o corpo, não entendendo que a sua alma padece.
Agora vem a contradição, como alguém procura um poder mágico e o milagre em algo que parece estar para além dos homens, num outro homem qualquer ?
Conclusão, milagres e magia não existem na realidade terrena.
Mas como interpretar a fala do sujeito, que foi motivo deste artigo ?
Parece existir um medo oculto que o impede de sujeitar-se a análise, em virtude do seu desejo de manter-se virgem, impedindo desse modo que possa ser invadido na sua interioridade, de algo que considera maligno, em que deixa transparecer a sua intolerância e prepotência.
Ë precisamente esse poder narcisista que sai reforçado desses anos de fuga ao sintoma, que coloca em causa os princípios da psicanálise, a partir do momento que o próprio psicanalista deixa-se submeter a um desejo do analisando, em que este tenta conduzir a forma como deve ser exercida a psicanálise.
Não é apenas uma questão técnica de atendimento, mas didática, cujas sessões seguintes devem incidir sobre este tema, para que possa ser possível dissolver o romance familiar, em que o analisando está a colocar o psicanalista.
Se o analista não conseguir resolver esse conflito, talvez seja preferível romper com o analisando, para que não aconteçam casos como estes, da eternezição do analisando e do patológico.
Se a psicanálise é diferente, só sendo na realidade diferente de outras disciplinas, poderá na realidade impor-se.
De uma forma ou de outra ajuda a vincular o sujeito ao seu Eu, o afastando do sintoma, porque falar e escrever é afirmar-se.
Como resultante temos a fuga ao sintoma, não permitindo o isolamento do sujeito, em que só o faz, quando bastante debilitado, sendo nessa altura que por vezes sente a necessidade de submeter-se á analise.
Como o hábito faz o monge, ele vem á procura de um milagre ou de um poder mágico que possa arrancar de vez do peito aquela ansiedade que o incomoda.
Perceba-se o absurdo, o sujeito pretende encontrar o remédio para o corpo, não entendendo que a sua alma padece.
Agora vem a contradição, como alguém procura um poder mágico e o milagre em algo que parece estar para além dos homens, num outro homem qualquer ?
Conclusão, milagres e magia não existem na realidade terrena.
Mas como interpretar a fala do sujeito, que foi motivo deste artigo ?
Parece existir um medo oculto que o impede de sujeitar-se a análise, em virtude do seu desejo de manter-se virgem, impedindo desse modo que possa ser invadido na sua interioridade, de algo que considera maligno, em que deixa transparecer a sua intolerância e prepotência.
Ë precisamente esse poder narcisista que sai reforçado desses anos de fuga ao sintoma, que coloca em causa os princípios da psicanálise, a partir do momento que o próprio psicanalista deixa-se submeter a um desejo do analisando, em que este tenta conduzir a forma como deve ser exercida a psicanálise.
Não é apenas uma questão técnica de atendimento, mas didática, cujas sessões seguintes devem incidir sobre este tema, para que possa ser possível dissolver o romance familiar, em que o analisando está a colocar o psicanalista.
Se o analista não conseguir resolver esse conflito, talvez seja preferível romper com o analisando, para que não aconteçam casos como estes, da eternezição do analisando e do patológico.
Se a psicanálise é diferente, só sendo na realidade diferente de outras disciplinas, poderá na realidade impor-se.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Metafísica ( II )
A metafísica não tem em conta o pensamento humano, mas antes as manifestações do corpo, inserido num campo de ação, onde circulam forças de energia, que promovem o movimento dos corpos.
O pensamento humano deve ser entendido como a consequência derivada desse campo energético, como algo adquirido e posterior ao próprio processo metafísico.
A primeira representação, são as manifestações do próprio corpo que o ente representa, que se faz representar através de forças energéticas, que geram o movimento e darão lugar á expressão.
A primeira conclusão é que a expressão só pode ser observada, pela existência de uma impressáo, como algo inato ou adquirido que a antecede.
A partir da metafísica podemos observar a história do ser como subjetivo, e do corpo como objetivo, dado que depende da relação com outros corpos que contém em si, a sua própria história, como a realidade manifesta de um corpo.
O que encontramos para além da metafísica, são outros objetos, que nos permite uma relação ontológica, em que o movimento endógeno no sentido exógeno, e no sentido contrário, tende a determinar uma determinada postura, que é garantida pela expressão.
Quando essa relação ontológica apresenta apenas uma base energética sem conteúdo, apenas uma imagem, estamos a falar de metafísica e de imanência.
Quando ela está associada a formas conceptuais devemos falar em metapsicologia.
A segunda conclusão que podemos tirar, é a necessidade da relação com os objetos, cuja finalidade é a auto satisfação.
Recordemos Freud quando afirma nos seus escritos “ Os três ensaios sobre a teoria da sexualidade “ser a auto erotização um processo natural de satisfação e de prazer, que tem sua base impressa no próprio corpo.
A terceira conclusão derivada da anterior, é que aquilo que se encontra impresso no corpo, entenda-se como verdadeira ou não, tende a expressar-se como necessidade, cuja manifestação só pode dar-se através do movimento, que só é possível devido a uma energia, e a um campo de ação energético.
Se nos detivermos na palavra “ impressão “, percebemos que só impressionado o corpo reage, e que ele só se impressiona, quando algo está, ou parece estar para além da sua própria impressáo.
O que nos leva a considerar que o corpo não é impressionado, enquanto persistir uma identidade de forças interiores e exteriores, em que a questão da ausência, ou de um diferencial mínimo de potência entre a interioridade e o exterior, parece garantir a constância, ou a estabilidade do próprio corpo.
Talvez por isso, quando identificados através da ausência de um diferencial de potencial, nos garanta a sensação que dois corpos distintos, pareçam iguais, devido á ausência de material diversificado que possa originar a diferencia de potencial, a que chamamos de mesmice.
No entanto tal estado, ao fim de um certo tempo começa a causar incómodo, dado que devido a ele parece existir uma certa imobilidade do corpo, causadora de irritação, que necessita do movimento para constantemente organizar-se.
O pensamento humano deve ser entendido como a consequência derivada desse campo energético, como algo adquirido e posterior ao próprio processo metafísico.
A primeira representação, são as manifestações do próprio corpo que o ente representa, que se faz representar através de forças energéticas, que geram o movimento e darão lugar á expressão.
A primeira conclusão é que a expressão só pode ser observada, pela existência de uma impressáo, como algo inato ou adquirido que a antecede.
A partir da metafísica podemos observar a história do ser como subjetivo, e do corpo como objetivo, dado que depende da relação com outros corpos que contém em si, a sua própria história, como a realidade manifesta de um corpo.
O que encontramos para além da metafísica, são outros objetos, que nos permite uma relação ontológica, em que o movimento endógeno no sentido exógeno, e no sentido contrário, tende a determinar uma determinada postura, que é garantida pela expressão.
Quando essa relação ontológica apresenta apenas uma base energética sem conteúdo, apenas uma imagem, estamos a falar de metafísica e de imanência.
Quando ela está associada a formas conceptuais devemos falar em metapsicologia.
A segunda conclusão que podemos tirar, é a necessidade da relação com os objetos, cuja finalidade é a auto satisfação.
Recordemos Freud quando afirma nos seus escritos “ Os três ensaios sobre a teoria da sexualidade “ser a auto erotização um processo natural de satisfação e de prazer, que tem sua base impressa no próprio corpo.
A terceira conclusão derivada da anterior, é que aquilo que se encontra impresso no corpo, entenda-se como verdadeira ou não, tende a expressar-se como necessidade, cuja manifestação só pode dar-se através do movimento, que só é possível devido a uma energia, e a um campo de ação energético.
Se nos detivermos na palavra “ impressão “, percebemos que só impressionado o corpo reage, e que ele só se impressiona, quando algo está, ou parece estar para além da sua própria impressáo.
O que nos leva a considerar que o corpo não é impressionado, enquanto persistir uma identidade de forças interiores e exteriores, em que a questão da ausência, ou de um diferencial mínimo de potência entre a interioridade e o exterior, parece garantir a constância, ou a estabilidade do próprio corpo.
Talvez por isso, quando identificados através da ausência de um diferencial de potencial, nos garanta a sensação que dois corpos distintos, pareçam iguais, devido á ausência de material diversificado que possa originar a diferencia de potencial, a que chamamos de mesmice.
No entanto tal estado, ao fim de um certo tempo começa a causar incómodo, dado que devido a ele parece existir uma certa imobilidade do corpo, causadora de irritação, que necessita do movimento para constantemente organizar-se.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Metafísica ( I )
Quando falamos de metafísica, estamos a falar de um corpo, e de formas abstratas que existem para além dele, mas que tendem a afetá-lo, e que de certo modo o transcende.
Não estamos ainda colocados no campo de forças estranhas, embora abstratas, dado que sentimos e sabemos que existem, em que a subjetividade, a podemos encontrar na relação que essas forças mantêm entre si, e o próprio corpo.
A compreensão acerca dos diversos movimentos dessas forças, nos traz para o campo da análise, e é isso que nos interessa em psicanálise.
A filosofia nos ensina, que a compreensão de que a coisa é, como realmente é, tem seus fundamentos naturais, e não parece que seja pelo fato de deixar de estar num determinado estado, que deixa de ser a mesma coisa, apenas existiu um alteração de estado, motivado por forças que estão agregados á matéria.
A incompreensão deste fenómeno nos leva a pensar que existem forças estranhas a um processo físico e químico, o que seria limitar a própria natureza das coisas, entendido como universo, nos transportando para o além, em que o oculto provocado por esse entendimento, garante a emergência de fantasmas ou figuras dominadoras de um espaço
Não é disso que temos o propósito de tratar, mas daquele outro espaço, onde os corpos se movimentam, relacionam e interagem num campo energético, do qual ainda sabemos muito pouco.
É um processo que busca a relação, que não a verdade, dado que esta só pode ser vinculada ao próprio corpo, como existência material, sendo a realidade que podemos observar e pode ser observado por todos os outros seres vivos.
Se o objetivo encontra-se com o objeto, segundo o princípio de satisfação, é uma condição objetiva, independente das circunstâncias nas quais se possa manifestar, em que a subjetividade é circunstancial.
Os fenômenos acompanham essa relação, ele é objetivo dada a sua existência, mas subjetivo, em virtude das circunstâncias em que ocorrem, ou seja, objetivamente damos conta da existência real ou abstrata das coisas e das forças existentes, mas a incompreensão encontra-se com a ignorância que o ser humano tem acerca delas e sua relação com outras forças e a matéria de que é constituído os corpos.
Nos posicionamos quanto a esta matéria, apenas com a idéia de tentar isolar sinais de contingência, acidente ou corrupção, que são processos decorrentes das circunstâncias, para perceber o grau de incidência dessas forças, o seu modo operacional e a transformação que podem trazer á matéria, entendida como corpo.
Estamos no campo do determinismo, apenas no que se refere á interferência dessas forças num campo de ação energética e humana, em que a realidades da coisas são como se apresentam a nossos olhos, sem interferências de formas de pensar que nos conduzam para além de qualquer conhecimento humano.
Podemos falar de ciência objetiva dos entes, como forma de entender a sua organização, classificando e tentando demonstrar em teoria, a existência de uma consistência em termos reais da nossa própria maneira de estar na vida.
A expressão das coisas reais faz parte da matéria, como manifestação de um impato, ou relação.
Os fenómenos que levam á sua alteração, fazem parte de uma manifestação de forças energéticas, e são resultante de uma interseção entre corpos, materiais ou imaterais, em que pode não existir a fusão, mas percebe-se a relação, que tende a modificar a postura dos corpos.
Não só pretendemos perceber a realidade dos corpos em presença, mas a reação que os inúmeros fenómenos provocam neles, como algo independente da sua observação, embora os tenhamos em conta, dado que eles parecem ser apenas a resultante fenomenológica de uma ou diversas relações entre corpos.
A metafísica por isso, tenta determinar a relação com outros corpos, que não físicos, que provocam a alteração circunstancial dos mesmos.
É a partir deste estudo e investigação, que podemos organizar os processos posteriores de forma articulada, e perceber a lógica, a partir da compreensão dos princípios, através dos quais se rege a matéria.
Não estamos ainda colocados no campo de forças estranhas, embora abstratas, dado que sentimos e sabemos que existem, em que a subjetividade, a podemos encontrar na relação que essas forças mantêm entre si, e o próprio corpo.
A compreensão acerca dos diversos movimentos dessas forças, nos traz para o campo da análise, e é isso que nos interessa em psicanálise.
A filosofia nos ensina, que a compreensão de que a coisa é, como realmente é, tem seus fundamentos naturais, e não parece que seja pelo fato de deixar de estar num determinado estado, que deixa de ser a mesma coisa, apenas existiu um alteração de estado, motivado por forças que estão agregados á matéria.
A incompreensão deste fenómeno nos leva a pensar que existem forças estranhas a um processo físico e químico, o que seria limitar a própria natureza das coisas, entendido como universo, nos transportando para o além, em que o oculto provocado por esse entendimento, garante a emergência de fantasmas ou figuras dominadoras de um espaço
Não é disso que temos o propósito de tratar, mas daquele outro espaço, onde os corpos se movimentam, relacionam e interagem num campo energético, do qual ainda sabemos muito pouco.
É um processo que busca a relação, que não a verdade, dado que esta só pode ser vinculada ao próprio corpo, como existência material, sendo a realidade que podemos observar e pode ser observado por todos os outros seres vivos.
Se o objetivo encontra-se com o objeto, segundo o princípio de satisfação, é uma condição objetiva, independente das circunstâncias nas quais se possa manifestar, em que a subjetividade é circunstancial.
Os fenômenos acompanham essa relação, ele é objetivo dada a sua existência, mas subjetivo, em virtude das circunstâncias em que ocorrem, ou seja, objetivamente damos conta da existência real ou abstrata das coisas e das forças existentes, mas a incompreensão encontra-se com a ignorância que o ser humano tem acerca delas e sua relação com outras forças e a matéria de que é constituído os corpos.
Nos posicionamos quanto a esta matéria, apenas com a idéia de tentar isolar sinais de contingência, acidente ou corrupção, que são processos decorrentes das circunstâncias, para perceber o grau de incidência dessas forças, o seu modo operacional e a transformação que podem trazer á matéria, entendida como corpo.
Estamos no campo do determinismo, apenas no que se refere á interferência dessas forças num campo de ação energética e humana, em que a realidades da coisas são como se apresentam a nossos olhos, sem interferências de formas de pensar que nos conduzam para além de qualquer conhecimento humano.
Podemos falar de ciência objetiva dos entes, como forma de entender a sua organização, classificando e tentando demonstrar em teoria, a existência de uma consistência em termos reais da nossa própria maneira de estar na vida.
A expressão das coisas reais faz parte da matéria, como manifestação de um impato, ou relação.
Os fenómenos que levam á sua alteração, fazem parte de uma manifestação de forças energéticas, e são resultante de uma interseção entre corpos, materiais ou imaterais, em que pode não existir a fusão, mas percebe-se a relação, que tende a modificar a postura dos corpos.
Não só pretendemos perceber a realidade dos corpos em presença, mas a reação que os inúmeros fenómenos provocam neles, como algo independente da sua observação, embora os tenhamos em conta, dado que eles parecem ser apenas a resultante fenomenológica de uma ou diversas relações entre corpos.
A metafísica por isso, tenta determinar a relação com outros corpos, que não físicos, que provocam a alteração circunstancial dos mesmos.
É a partir deste estudo e investigação, que podemos organizar os processos posteriores de forma articulada, e perceber a lógica, a partir da compreensão dos princípios, através dos quais se rege a matéria.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Escutatória - Rubem Alves
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil. Diz o Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma“. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver e preciso que a cabeça esteja vazia.
Faz muito tempo, nunca me esqueci. Eu ia de ônibus. Atrás, duas mulheres conversavam. Uma delas contava para a amiga os seus sofrimentos. (Contou-me uma amiga, nordestina, que o jogo que as mulheres do Nordeste gostam de fazer quando conversam umas com as outras é comparar sofrimentos. Quanto maior o sofrimento, mais bonitas são a mulher e a sua vida. Conversar é a arte de produzir-se literariamente como mulher de sofrimentos. Acho que foi lá que a ópera foi inventada. A alma é uma literatura. É nisso que se baseia a psicanálise...) Voltando ao ônibus. Falavam de sofrimentos. Uma delas contava do marido hospitalizado, dos médicos, dos exames complicados, das injeções na veia - a enfermeira nunca acertava -, dos vômitos e das urinas. Era um relato comovente de dor. Até que o relato chegou ao fim, esperando, evidentemente, o aplauso, a admiração, uma palavra de acolhimento na alma da outra que, supostamente, ouvia. Mas o que a sofredora ouviu foi o seguinte: “Mas isso não é nada...“ A segunda iniciou, então, uma história de sofrimentos incomparavelmente mais terríveis e dignos de uma ópera que os sofrimentos da primeira.
Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.“ Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg - citado por Murilo Mendes: “Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas.“ Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos, estimulado pela revolução de 64. Pastor protestante (não “evangélico“), foi trabalhar num programa educacional da Igreja Presbiteriana USA, voltado para minorias. Contou-me de sua experiência com os índios. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, como se estivessem orando. Não rezando. Reza é falatório para não ouvir. Orando. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas. Também para se tocar piano é preciso não ter filosofia nenhuma). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito. Pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que julgava essenciais. Sendo dele, os pensamentos não são meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se falo logo a seguir são duas as possibilidades. Primeira: “Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado.“ Segunda: “Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.“ Em ambos os casos estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: “Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.“ E assim vai a reunião.
Há grupos religiosos cuja liturgia consiste de silêncio. Faz alguns anos passei uma semana num mosteiro na Suíça, Grand Champs. Eu e algumas outras pessoas ali estávamos para, juntos, escrever um livro. Era uma antiga fazenda. Velhas construções, não me esqueço da água no chafariz onde as pombas vinham beber. Havia uma disciplina de silêncio, não total, mas de uma fala mínima. O que me deu enorme prazer às refeições. Não tinha a obrigação de manter uma conversa com meus vizinhos de mesa. Podia comer pensando na comida. Também para comer é preciso não ter filosofia. Não ter obrigação de falar é uma felicidade. Mas logo fui informado de que parte da disciplina do mosteiro era participar da liturgia três vezes por dia: às 7 da manhã, ao meio-dia e às 6 da tarde. Estremeci de medo. Mas obedeci. O lugar sagrado era um velho celeiro, todo de madeira, teto muito alto. Escuro. Haviam aberto buracos na madeira, ali colocando vidros de várias cores. Era uma atmosfera de luz mortiça, iluminado por algumas velas sobre o altar, uma mesa simples com um ícone oriental de Cristo. Uns poucos bancos arranjados em “U“ definiam um amplo espaço vazio, no centro, onde quem quisesse podia se assentar numa almofada, sobre um tapete. Cheguei alguns minutos antes da hora marcada. Era um grande silêncio. Muito frio, nuvens escuras cobriam o céu e corriam, levadas por um vento impetuoso que descia dos Alpes. A força do vento era tanta que o velho celeiro torcia e rangia, como se fosse um navio de madeira num mar agitado. O vento batia nas macieiras nuas do pomar e o barulho era como o de ondas que se quebram. Estranhei. Os suíços são sempre pontuais. A liturgia não começava. E ninguém tomava providências. Todos continuavam do mesmo jeito, sem nada fazer. Ninguém que se levantasse para dizer: “Meus irmãos, vamos cantar o hino...“ Cinco minutos, dez, quinze. Só depois de vinte minutos é que eu, estúpido, percebi que tudo já se iniciara vinte minutos antes. As pessoas estavam lá para se alimentar de silêncio. E eu comecei a me alimentar de silêncio também. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. E música, melodia que não havia e que quando ouvida nos faz chorar. A música acontece no silêncio. É preciso que todos os ruídos cessem. No silêncio, abrem-se as portas de um mundo encantado que mora em nós - como no poema de Mallarmé, A catedral submersa, que Debussy musicou. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Me veio agora a idéia de que, talvez, essa seja a essência da experiência religiosa - quando ficamos mudos, sem fala. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar. Para mim Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto...
Escutar é complicado e sutil. Diz o Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma“. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver e preciso que a cabeça esteja vazia.
Faz muito tempo, nunca me esqueci. Eu ia de ônibus. Atrás, duas mulheres conversavam. Uma delas contava para a amiga os seus sofrimentos. (Contou-me uma amiga, nordestina, que o jogo que as mulheres do Nordeste gostam de fazer quando conversam umas com as outras é comparar sofrimentos. Quanto maior o sofrimento, mais bonitas são a mulher e a sua vida. Conversar é a arte de produzir-se literariamente como mulher de sofrimentos. Acho que foi lá que a ópera foi inventada. A alma é uma literatura. É nisso que se baseia a psicanálise...) Voltando ao ônibus. Falavam de sofrimentos. Uma delas contava do marido hospitalizado, dos médicos, dos exames complicados, das injeções na veia - a enfermeira nunca acertava -, dos vômitos e das urinas. Era um relato comovente de dor. Até que o relato chegou ao fim, esperando, evidentemente, o aplauso, a admiração, uma palavra de acolhimento na alma da outra que, supostamente, ouvia. Mas o que a sofredora ouviu foi o seguinte: “Mas isso não é nada...“ A segunda iniciou, então, uma história de sofrimentos incomparavelmente mais terríveis e dignos de uma ópera que os sofrimentos da primeira.
Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.“ Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg - citado por Murilo Mendes: “Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas.“ Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos, estimulado pela revolução de 64. Pastor protestante (não “evangélico“), foi trabalhar num programa educacional da Igreja Presbiteriana USA, voltado para minorias. Contou-me de sua experiência com os índios. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, como se estivessem orando. Não rezando. Reza é falatório para não ouvir. Orando. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas. Também para se tocar piano é preciso não ter filosofia nenhuma). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito. Pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que julgava essenciais. Sendo dele, os pensamentos não são meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se falo logo a seguir são duas as possibilidades. Primeira: “Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado.“ Segunda: “Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.“ Em ambos os casos estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: “Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.“ E assim vai a reunião.
Há grupos religiosos cuja liturgia consiste de silêncio. Faz alguns anos passei uma semana num mosteiro na Suíça, Grand Champs. Eu e algumas outras pessoas ali estávamos para, juntos, escrever um livro. Era uma antiga fazenda. Velhas construções, não me esqueço da água no chafariz onde as pombas vinham beber. Havia uma disciplina de silêncio, não total, mas de uma fala mínima. O que me deu enorme prazer às refeições. Não tinha a obrigação de manter uma conversa com meus vizinhos de mesa. Podia comer pensando na comida. Também para comer é preciso não ter filosofia. Não ter obrigação de falar é uma felicidade. Mas logo fui informado de que parte da disciplina do mosteiro era participar da liturgia três vezes por dia: às 7 da manhã, ao meio-dia e às 6 da tarde. Estremeci de medo. Mas obedeci. O lugar sagrado era um velho celeiro, todo de madeira, teto muito alto. Escuro. Haviam aberto buracos na madeira, ali colocando vidros de várias cores. Era uma atmosfera de luz mortiça, iluminado por algumas velas sobre o altar, uma mesa simples com um ícone oriental de Cristo. Uns poucos bancos arranjados em “U“ definiam um amplo espaço vazio, no centro, onde quem quisesse podia se assentar numa almofada, sobre um tapete. Cheguei alguns minutos antes da hora marcada. Era um grande silêncio. Muito frio, nuvens escuras cobriam o céu e corriam, levadas por um vento impetuoso que descia dos Alpes. A força do vento era tanta que o velho celeiro torcia e rangia, como se fosse um navio de madeira num mar agitado. O vento batia nas macieiras nuas do pomar e o barulho era como o de ondas que se quebram. Estranhei. Os suíços são sempre pontuais. A liturgia não começava. E ninguém tomava providências. Todos continuavam do mesmo jeito, sem nada fazer. Ninguém que se levantasse para dizer: “Meus irmãos, vamos cantar o hino...“ Cinco minutos, dez, quinze. Só depois de vinte minutos é que eu, estúpido, percebi que tudo já se iniciara vinte minutos antes. As pessoas estavam lá para se alimentar de silêncio. E eu comecei a me alimentar de silêncio também. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. E música, melodia que não havia e que quando ouvida nos faz chorar. A música acontece no silêncio. É preciso que todos os ruídos cessem. No silêncio, abrem-se as portas de um mundo encantado que mora em nós - como no poema de Mallarmé, A catedral submersa, que Debussy musicou. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Me veio agora a idéia de que, talvez, essa seja a essência da experiência religiosa - quando ficamos mudos, sem fala. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar. Para mim Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto...
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Profetas do nosso tempo
Escrito por Agápio – extraído da Revista " Ventos sábios "
Luc Ferry , filósofo Francês, ex- ministro da Educação de França, no seu livro " Aprender a viver " afirma que é possível ser feliz sem Deus.
O filósofo pariu o óbvio, e com isso vendeu milhares de livros, recorrendo á velha técnica da felicidade e da salvação, apoiado pelo governo de França . Ver site na internet.
O homem tem momentos de felicidade, com ou sem Deus, andando de automóvel ou de bicicleta, vivendo em Cannes, ou em outro lugar qualquer do planeta, na favela ou no apartamento de luxo em Paris.
A afirmação do filósofo com uma pincelada de indagação para disfarçar, só alimenta a luta entre os crentes, tanto daqueles que acreditam na existência de Deus, como dos outros que acreditam que ele não existe.
Se tal como afirma, a filosofia é a salvação do homem, pelo jeito continuamos na mesma, porque filosofar desse modo, só uma parte dos crentes podem ser salvos, porque os outros não acreditam na filosofia de Luc Ferry.
E nesse aspecto não ganha a dianteira á Igreja, porque o discurso parece ser o mesmo, em que a história repete-se, porque só desejamos enxergar um dos lados, de onde não resta sumo que possa alimentar a alma de quem deseja a paz entre os homens.
Se o ser feliz dependesse de crer ou não em determinada figura ou disciplina, seria fácil demais, pois bastaria acreditar em qualquer coisa, e todos sabemos que isso não corresponde á realidade, dado que encontramos homens que estão felizes seja qual for a situação.
O filósofo sofre do síndroma do poder institucional, do homem de Estado, e acusa a Igreja de estar a ocupar o lugar que por direito próprio é da filosofia, e até dispensa a psicologia, por ter o entendimento que a sua disciplina é suficiente para as pessoas serem felizes.
Em resumo, é o filósofo das certezas, com uma escrita bem ordenada, com retoques estéticos para agradar aos corações apaixonados.
Tal como Lutero, que prestou um mau serviço á humanidade, merecendo porém, o aplauso dos ofendidos na alma.
O problema do filósofo parece ser uma questão de espaço, vende-se relegado para a terceira fila, quando julga ter direito a camarote.
Que Deus lhe perdoe.
Luc Ferry , filósofo Francês, ex- ministro da Educação de França, no seu livro " Aprender a viver " afirma que é possível ser feliz sem Deus.
O filósofo pariu o óbvio, e com isso vendeu milhares de livros, recorrendo á velha técnica da felicidade e da salvação, apoiado pelo governo de França . Ver site na internet.
O homem tem momentos de felicidade, com ou sem Deus, andando de automóvel ou de bicicleta, vivendo em Cannes, ou em outro lugar qualquer do planeta, na favela ou no apartamento de luxo em Paris.
A afirmação do filósofo com uma pincelada de indagação para disfarçar, só alimenta a luta entre os crentes, tanto daqueles que acreditam na existência de Deus, como dos outros que acreditam que ele não existe.
Se tal como afirma, a filosofia é a salvação do homem, pelo jeito continuamos na mesma, porque filosofar desse modo, só uma parte dos crentes podem ser salvos, porque os outros não acreditam na filosofia de Luc Ferry.
E nesse aspecto não ganha a dianteira á Igreja, porque o discurso parece ser o mesmo, em que a história repete-se, porque só desejamos enxergar um dos lados, de onde não resta sumo que possa alimentar a alma de quem deseja a paz entre os homens.
Se o ser feliz dependesse de crer ou não em determinada figura ou disciplina, seria fácil demais, pois bastaria acreditar em qualquer coisa, e todos sabemos que isso não corresponde á realidade, dado que encontramos homens que estão felizes seja qual for a situação.
O filósofo sofre do síndroma do poder institucional, do homem de Estado, e acusa a Igreja de estar a ocupar o lugar que por direito próprio é da filosofia, e até dispensa a psicologia, por ter o entendimento que a sua disciplina é suficiente para as pessoas serem felizes.
Em resumo, é o filósofo das certezas, com uma escrita bem ordenada, com retoques estéticos para agradar aos corações apaixonados.
Tal como Lutero, que prestou um mau serviço á humanidade, merecendo porém, o aplauso dos ofendidos na alma.
O problema do filósofo parece ser uma questão de espaço, vende-se relegado para a terceira fila, quando julga ter direito a camarote.
Que Deus lhe perdoe.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Loucura humana
Noticia do jornal Estado de Minas - Brasil
No Perú foi presa uma quadrilha que se dedicava a matar seres humanos obsesos, para extrair a gordura, que vendiam para a indústria de cosmética.
E adiantavam que a indústria de cosmética utilizava de fato gordura humana para fabricar alguns cosméticos.
Sem comentários
No Perú foi presa uma quadrilha que se dedicava a matar seres humanos obsesos, para extrair a gordura, que vendiam para a indústria de cosmética.
E adiantavam que a indústria de cosmética utilizava de fato gordura humana para fabricar alguns cosméticos.
Sem comentários
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Momento de reflexão
Se um indivíduo ouve vozes ameaçadoras, é um maluco esquizofrênico, possuído pelo o diabo, mas se ele ouvir uma voz de um ente querido que já morreu, passa de esquizofrênico a espírita, médium, profeta, vidente, ou enviado de Deus.
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Liberdade (1)
Não devemos considerar que através da consciência ou do princípio de racionalidade, possamos anular ou inverter os impulsos inconscientes, embora possamos pensar o contrário, tal não acontece.
A neurociência desde há muito, que se empenha nessa descoberta, embora sem sucesso.
O fenómeno consciente não detona o conteúdo inconsciente, pelo o contrário, o tende a exaltar, daí que o sujeito tenha reações por vezes agressivas, até mesmo destruidoras dos objetos á sua volta e de si mesmo.
Não é a crença que está em causa, mas antes a resistência provocada por uma inibição, que não deixa que o indivíduo consiga perceber outras formas de percepção.
Um dia o inconsciente decerto foi consciente, mas a partir da fixação de um sentido, não necessita da consciência para mostrar movimento próprio, ou seja impulsos instintivos e involuntários.
Deixa de obedecer a um comando da consciência para tornar-se autónomo, como forma de garantir o movimento e a preservação da vida.
Logo, podemos perceber que consciência e inconsciente, são apenas sentidos, acerca dos quais o corpo periférico e interior toma sentido, e os vincula numa fase primária da existência do ser humano, para que possa ser possível movimentar-se, supostamente, no sentido da vida e da sua preservação.
A questão da liberdade então, sob o ponto de vista da psicanálise, como também da biologia, não será mais que o movimento que liberta o corpo e seus órgãos da inércia, que logo de seguida prende-se ou associa-se a uma idéia ou objeto exterior, perdendo parte ou a totalidade do seu movimento em qualquer outra direção, desde que garantido o princípio de satisfação ao ser vivo, que obviamente lhe dará prazer.
Ao vincular-se, perde parte ou a totalidade da sua liberdade, se de forma obsessiva procurar determinada idéia ou objeto exterior, como forma única de obter satisfação.
Significa que em termos objetivos o princípio de satisfação é aquele que emerge como sentido fundamental, designado por instinto, equivalente ao sentido e preservação da vida.
A neurociência desde há muito, que se empenha nessa descoberta, embora sem sucesso.
O fenómeno consciente não detona o conteúdo inconsciente, pelo o contrário, o tende a exaltar, daí que o sujeito tenha reações por vezes agressivas, até mesmo destruidoras dos objetos á sua volta e de si mesmo.
Não é a crença que está em causa, mas antes a resistência provocada por uma inibição, que não deixa que o indivíduo consiga perceber outras formas de percepção.
Um dia o inconsciente decerto foi consciente, mas a partir da fixação de um sentido, não necessita da consciência para mostrar movimento próprio, ou seja impulsos instintivos e involuntários.
Deixa de obedecer a um comando da consciência para tornar-se autónomo, como forma de garantir o movimento e a preservação da vida.
Logo, podemos perceber que consciência e inconsciente, são apenas sentidos, acerca dos quais o corpo periférico e interior toma sentido, e os vincula numa fase primária da existência do ser humano, para que possa ser possível movimentar-se, supostamente, no sentido da vida e da sua preservação.
A questão da liberdade então, sob o ponto de vista da psicanálise, como também da biologia, não será mais que o movimento que liberta o corpo e seus órgãos da inércia, que logo de seguida prende-se ou associa-se a uma idéia ou objeto exterior, perdendo parte ou a totalidade do seu movimento em qualquer outra direção, desde que garantido o princípio de satisfação ao ser vivo, que obviamente lhe dará prazer.
Ao vincular-se, perde parte ou a totalidade da sua liberdade, se de forma obsessiva procurar determinada idéia ou objeto exterior, como forma única de obter satisfação.
Significa que em termos objetivos o princípio de satisfação é aquele que emerge como sentido fundamental, designado por instinto, equivalente ao sentido e preservação da vida.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Liberdade
Qualquer fenómeno por mais simples, ou insignificante que nos possa parecer, traz consigo a semente da mudança, mexe com as estruturas existentes, e com os princípios da matéria, qualquer que ela seja.
A mudança pode ser lenta e até invisível ao nosso olhar, mas tudo se encontra em mutação constante, de onde podemos inferir que é o movimento que gera a vida.
Podemos permanecer imóveis, mas a máquina biológica e psíquica que está dentro de cada um, continua a sua tarefa de transformação, de acordo com aquilo que lhe chega do exterior
Se por um lado transformamos os alimentos em elementos químicos para nosso sustento, por outro transformamos o que nos é projetado em sentidos, e em ambos podemos perceber o princípio de satisfação.
O futuro por isso, parece ser apenas uma mudan;a de estado, e o presente uma transformação do passado.
Mas os princípios através dos quais se rege a matéria e o universo, tendem a permanecer imutáveis.
O presente nos pode parecer igual ao passado, quando apenas é semelhante, dado que existiram alterações, não só em nós, como nas coisas e no mundo que nos rodeia, que nem sequer damos por isso, em que só radicalismo dos acontecimentos nos chama a atenção, e por isso somos tentados a reagir de imediato.
A liberdade está exatamente nesse movimento de transformação, que tantas vezes desejamos, mas que parece que em muitas ocasiões, somos impedidos por algo estranho contido em nós, que não sabemos exatamente do que se trata.
Apenas sentimos que algo interior não nos deixa seguir em frente.
O quê ? – Na maior parte das vezes, não sabemos definir com exatidão.
E neste aspecto o cognoscível não nos vale, dado que nenhum de nós consegue reconhecer, o que não conhece.
A mudança pode ser lenta e até invisível ao nosso olhar, mas tudo se encontra em mutação constante, de onde podemos inferir que é o movimento que gera a vida.
Podemos permanecer imóveis, mas a máquina biológica e psíquica que está dentro de cada um, continua a sua tarefa de transformação, de acordo com aquilo que lhe chega do exterior
Se por um lado transformamos os alimentos em elementos químicos para nosso sustento, por outro transformamos o que nos é projetado em sentidos, e em ambos podemos perceber o princípio de satisfação.
O futuro por isso, parece ser apenas uma mudan;a de estado, e o presente uma transformação do passado.
Mas os princípios através dos quais se rege a matéria e o universo, tendem a permanecer imutáveis.
O presente nos pode parecer igual ao passado, quando apenas é semelhante, dado que existiram alterações, não só em nós, como nas coisas e no mundo que nos rodeia, que nem sequer damos por isso, em que só radicalismo dos acontecimentos nos chama a atenção, e por isso somos tentados a reagir de imediato.
A liberdade está exatamente nesse movimento de transformação, que tantas vezes desejamos, mas que parece que em muitas ocasiões, somos impedidos por algo estranho contido em nós, que não sabemos exatamente do que se trata.
Apenas sentimos que algo interior não nos deixa seguir em frente.
O quê ? – Na maior parte das vezes, não sabemos definir com exatidão.
E neste aspecto o cognoscível não nos vale, dado que nenhum de nós consegue reconhecer, o que não conhece.
domingo, 15 de novembro de 2009
Tudo isto é vida
Nenhum ser humano por não saber ler e escrever tem problemas com qualquer outro, e a prova mais evidente são os emigrantes, que na procura de melhores condições de vida, deslocam-se para outros países sem saber e perceber uma palavra da fala daquela gente, no entanto tanto uns quanto os outros fazem um esforço para se entenderem através dos gestos.
O emigrante regressa ao primitivo da fala, mas encontra a evolução da relação humana e o mundo da tecnologia.
Quando ouço afirmar a alguns intelectuais e homens da ciência que o desconhecido mete medo ao ser humano, lembro-me logo dos emigrantes que enfrentam o desconhecido com a fé e a esperança, de encontrarem algo de bom, ou pelo menos agradável que os faça sentir vivos e um pouco mais felizes.
Tento conhecer as histórias dos meus antepassados, contada pelos meus avós e pais, ouvindo avós e pais de outra gente também, que atravessaram a fronteira para chegar a Espanha, com um cajado e um pedaço de pano amarrado nele, contendo algumas azeitonas e pão de milho, como único conforto para viagem, que era sempre feita a pé, porque meios de transporte era coisa que ainda não existia, sem saber ler e escrever o seu idioma de origem, quanto mais entender o Espanhol.
Adeus terra. Adeus pais. Adeus, mulher e filhos, que daqui tenho que partir, em busca de mais sustento, porque da miséria todos nós estamos fartos.
Porém estes eram uma minoria, comparado com os milhares que se deixaram ficar, comendo o pão que o diabo amassou, que o outro que partira nem pão teria quando se lhe acabasse.
Brava gente, que fazia da vida sua estrada, em que a morte era apenas um acidente de percurso, que não tinham medo de nada, porque nada tinham para que pudessem temer.
Nem revistas, televisão ou rádio, e internet muito menos, para lhes contar o feito heróico e postar a sua foto nas primeiras páginas dos jornais, tudo feito em silêncio, encurtando a distância com as pernas para chegar ao destino, entre vales e montanhas, enfrentando um sol escaldante e as noites frias, tantas vezes geladas, se enrolavam numa palha qualquer para passar a noite, atravessavam rios, sem no entanto terem sido ensinados a nadar.
Homens de fibra dizem uns, de rígida tempera, que mais vale partir que torcer.
Dirão outros que as necessidades os faz despertar para a vida, que logo caminham para encontrar a luz que os possam iluminar e lhes servir de conforto.
Mas aqueles que ficaram e da sua terra não quiseram partir, porventura não continuam a lutar pela sua sobrevivência, e não são homens da mesma tempera ?
Tudo isto nos provoca, que de uns merece a critica e o julgamento, de outros a admiração, porque mar nunca antes navegado, dele não se conhece as tormentas, e o medo que aquieta uns, parece agitar outros, que os faz ficar ou partir.
Os que os fez ficar ou partir parece ser coisa do destino, mas quando ficamos atentos e os ouvimos, entendemos que embora semelhantes as condições na sua terra de origem, os motivos soaram como gritos naqueles que se foram, que os outros o escutaram como o velho fado a que estavam habituados, que falava de saudade e nostalgia, do amor perdido, e por isso se deixaram ficar.
Tudo isto é vida, tudo isto é fado, diz a letra da canção.
O emigrante regressa ao primitivo da fala, mas encontra a evolução da relação humana e o mundo da tecnologia.
Quando ouço afirmar a alguns intelectuais e homens da ciência que o desconhecido mete medo ao ser humano, lembro-me logo dos emigrantes que enfrentam o desconhecido com a fé e a esperança, de encontrarem algo de bom, ou pelo menos agradável que os faça sentir vivos e um pouco mais felizes.
Tento conhecer as histórias dos meus antepassados, contada pelos meus avós e pais, ouvindo avós e pais de outra gente também, que atravessaram a fronteira para chegar a Espanha, com um cajado e um pedaço de pano amarrado nele, contendo algumas azeitonas e pão de milho, como único conforto para viagem, que era sempre feita a pé, porque meios de transporte era coisa que ainda não existia, sem saber ler e escrever o seu idioma de origem, quanto mais entender o Espanhol.
Adeus terra. Adeus pais. Adeus, mulher e filhos, que daqui tenho que partir, em busca de mais sustento, porque da miséria todos nós estamos fartos.
Porém estes eram uma minoria, comparado com os milhares que se deixaram ficar, comendo o pão que o diabo amassou, que o outro que partira nem pão teria quando se lhe acabasse.
Brava gente, que fazia da vida sua estrada, em que a morte era apenas um acidente de percurso, que não tinham medo de nada, porque nada tinham para que pudessem temer.
Nem revistas, televisão ou rádio, e internet muito menos, para lhes contar o feito heróico e postar a sua foto nas primeiras páginas dos jornais, tudo feito em silêncio, encurtando a distância com as pernas para chegar ao destino, entre vales e montanhas, enfrentando um sol escaldante e as noites frias, tantas vezes geladas, se enrolavam numa palha qualquer para passar a noite, atravessavam rios, sem no entanto terem sido ensinados a nadar.
Homens de fibra dizem uns, de rígida tempera, que mais vale partir que torcer.
Dirão outros que as necessidades os faz despertar para a vida, que logo caminham para encontrar a luz que os possam iluminar e lhes servir de conforto.
Mas aqueles que ficaram e da sua terra não quiseram partir, porventura não continuam a lutar pela sua sobrevivência, e não são homens da mesma tempera ?
Tudo isto nos provoca, que de uns merece a critica e o julgamento, de outros a admiração, porque mar nunca antes navegado, dele não se conhece as tormentas, e o medo que aquieta uns, parece agitar outros, que os faz ficar ou partir.
Os que os fez ficar ou partir parece ser coisa do destino, mas quando ficamos atentos e os ouvimos, entendemos que embora semelhantes as condições na sua terra de origem, os motivos soaram como gritos naqueles que se foram, que os outros o escutaram como o velho fado a que estavam habituados, que falava de saudade e nostalgia, do amor perdido, e por isso se deixaram ficar.
Tudo isto é vida, tudo isto é fado, diz a letra da canção.
sábado, 14 de novembro de 2009
O corpo que sente
O sentido atenua, e por vezes até elimina de certa forma a consciência, ou promove a diferenciação entre o pensamento e o sentido.
As mulheres em frente ao presídio, que reclamam por condições de bem estar dos seus filhos ou companheiros, é a prova mais evidente dessa diferenciação.
O que faz uma mulher estar aprisionada a um homem que é assassino ou assaltante, a não ser o afeto.
Para ela é mais importante o sentir, do que o pensar acerca das virtudes e defeitos do seu filho ou companheiro.
Se fosse possível retirar o afeto dos seus corações, a sua postura seria diferente.
Sem afeto somos impiedosos, com afeto somos cordeiros.
Sem afeto realçamos a frieza de uma certa forma de pensar, que permite avaliar e definir as palavras e atitudes, tal como se apresentam, tendo por comparação virtudes e defeitos, instituídas pela sociedade.
Como o afeto e afetação fazem parte do universo do ser humano, que corresponde ao princípio de satisfação ou ao seu contrário, não os podemos perceber em separado, mas sim na relação que mantêm, dado que o mesmo corpo que promove o afeto, também afeta com algumas outras atitudes.
Se não existir o esforço para os perceber em separado, não conseguimos entender as atitudes do ser humano, dado que é a resultante de diversos fatores, que atuam em conjunto.
Não e por isso a incapacidade de pensar que impõe os conflitos, nem por pensar, mas a falta de afeto, que impossibilita o pensamento.
Pensar, todos pensamos, mas o sentir promove a diferenciação das palavras ditas e da ação praticada, porque invadidos pelo o afeto ou afetação, tantas vezes damos o dito pelo não dito.
A mulher que é agredida pelo o companheiro, marcada na alma e na carne, vai ao hospital para tratar sua feridas no corpo, e desloca-se à Delegacia das mulheres para limpar suas feridas psíquicas, porque aquele ¨ traste ¨, merece a punição.
A afetação do seu próprio corpo e dos sentimentos falou mais alto, e a levou a fazer queixa do companheiro, pelo que se percebe que o afeto foi ofendido.
Mais tarde, passado os momentos de tensão, resolve retirar a queixa contra o pai de seus filhos e seu companheiro, porque o afeto revela ser mais importante, passados que foram os momentos da afetação.
Aquela mulher pensa, e entende que o procedimento do companheiro a afetou profundamente, que as suas atitudes não deveriam ser aquelas, que contraria o que possamos entender por amor, mas escolheu o afeto na altura de decidir pela punição, o deixando impune perante as agressões que cometeu.
Podemos pensar, com a nossa frieza, porque não estamos envolvidos, e a distância não nos permite sentir afeto, mas não conseguimos apagar a realidade.
O fenómeno acontece, mesmo contra a nossa própria vontade.
Certo ou errado, virtudes e defeitos, verdade e razão, com um simples ato de afeto, como por encanto desaparecem, e de novo a ordem do amor está implantada.
O sentir é mais importante para o ser humano, que o pensamento.
E quem sente não é o Ego, ele apenas é a instância reguladora, onde não se encontra a verdade, nem a mentira ou a realidade, mas antes uma série de resultantes de outras instâncias psíquicas, que uma vez alteradas, provocam a própria alteração da postura humana.
Quem sente é o corpo que tomou sentido, que se manifesta de acordo com um sentido.
Cada um pode pensar o que quiser, mas é na ordem do sentir que podemos entender os fenómenos psíquicos, porque quando se revelam, o que o ser humano pretende perceber é o sentido do acontecimento, que o pode conduzir à dor e ao sofrimento.
Que sentido faz para o sujeito, uma manifestação de rua contra seja do que for, ou a favor de alguma coisa em particular ?
Porque aplaude ou sente-se agredido ?
Lá diz o ditado popular, quem não se sente, não é filho de boa gente, e que por isso não leva desaforo para casa, porque a forma de exposição é pública, e tem que levar o troco, porque publicamente sentiu-se desnudado.
João António Fernandes
( estudodapsicanalise.ning.com)
As mulheres em frente ao presídio, que reclamam por condições de bem estar dos seus filhos ou companheiros, é a prova mais evidente dessa diferenciação.
O que faz uma mulher estar aprisionada a um homem que é assassino ou assaltante, a não ser o afeto.
Para ela é mais importante o sentir, do que o pensar acerca das virtudes e defeitos do seu filho ou companheiro.
Se fosse possível retirar o afeto dos seus corações, a sua postura seria diferente.
Sem afeto somos impiedosos, com afeto somos cordeiros.
Sem afeto realçamos a frieza de uma certa forma de pensar, que permite avaliar e definir as palavras e atitudes, tal como se apresentam, tendo por comparação virtudes e defeitos, instituídas pela sociedade.
Como o afeto e afetação fazem parte do universo do ser humano, que corresponde ao princípio de satisfação ou ao seu contrário, não os podemos perceber em separado, mas sim na relação que mantêm, dado que o mesmo corpo que promove o afeto, também afeta com algumas outras atitudes.
Se não existir o esforço para os perceber em separado, não conseguimos entender as atitudes do ser humano, dado que é a resultante de diversos fatores, que atuam em conjunto.
Não e por isso a incapacidade de pensar que impõe os conflitos, nem por pensar, mas a falta de afeto, que impossibilita o pensamento.
Pensar, todos pensamos, mas o sentir promove a diferenciação das palavras ditas e da ação praticada, porque invadidos pelo o afeto ou afetação, tantas vezes damos o dito pelo não dito.
A mulher que é agredida pelo o companheiro, marcada na alma e na carne, vai ao hospital para tratar sua feridas no corpo, e desloca-se à Delegacia das mulheres para limpar suas feridas psíquicas, porque aquele ¨ traste ¨, merece a punição.
A afetação do seu próprio corpo e dos sentimentos falou mais alto, e a levou a fazer queixa do companheiro, pelo que se percebe que o afeto foi ofendido.
Mais tarde, passado os momentos de tensão, resolve retirar a queixa contra o pai de seus filhos e seu companheiro, porque o afeto revela ser mais importante, passados que foram os momentos da afetação.
Aquela mulher pensa, e entende que o procedimento do companheiro a afetou profundamente, que as suas atitudes não deveriam ser aquelas, que contraria o que possamos entender por amor, mas escolheu o afeto na altura de decidir pela punição, o deixando impune perante as agressões que cometeu.
Podemos pensar, com a nossa frieza, porque não estamos envolvidos, e a distância não nos permite sentir afeto, mas não conseguimos apagar a realidade.
O fenómeno acontece, mesmo contra a nossa própria vontade.
Certo ou errado, virtudes e defeitos, verdade e razão, com um simples ato de afeto, como por encanto desaparecem, e de novo a ordem do amor está implantada.
O sentir é mais importante para o ser humano, que o pensamento.
E quem sente não é o Ego, ele apenas é a instância reguladora, onde não se encontra a verdade, nem a mentira ou a realidade, mas antes uma série de resultantes de outras instâncias psíquicas, que uma vez alteradas, provocam a própria alteração da postura humana.
Quem sente é o corpo que tomou sentido, que se manifesta de acordo com um sentido.
Cada um pode pensar o que quiser, mas é na ordem do sentir que podemos entender os fenómenos psíquicos, porque quando se revelam, o que o ser humano pretende perceber é o sentido do acontecimento, que o pode conduzir à dor e ao sofrimento.
Que sentido faz para o sujeito, uma manifestação de rua contra seja do que for, ou a favor de alguma coisa em particular ?
Porque aplaude ou sente-se agredido ?
Lá diz o ditado popular, quem não se sente, não é filho de boa gente, e que por isso não leva desaforo para casa, porque a forma de exposição é pública, e tem que levar o troco, porque publicamente sentiu-se desnudado.
João António Fernandes
( estudodapsicanalise.ning.com)
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