Retalhos de uma vida - Livro do autor do blog

http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7 Definir um livro pela resenha é um fato que só é possível quando o livro realmente apresenta um conteúdo impar, instigante, sensível, inteligente, técnico e ao mesmo tempo de fácil entendimento....e Retalhos de uma vida, sem sombra de dúvidas é um livro assim. Parabens, o livro está sendo um sucesso. Ricardo Ribeiro - psicanalista

sábado, 12 de dezembro de 2009

Sentimentos trocados

Quem teve a paciência de me ler em alguns artigos anteriores, observou que dei algum ênfase ao corpo que sente, como forma primária da existência do ser humano, cujo princípio de racionalidade é uma forma posterior, ou seja, uma possibilidade que é conferida á nossa espécie, que não encontramos noutros animais.
A filosofia entende que sem sentido, não pode existir pensamento, o que nos leva a considerar que pensamos de acordo com aquilo que sentimos.
A linguagem coloca nas palavras o sentido e provoca a frase, a partir de uma forma referencial que tem em conta o sujeito, ou aquilo que o satisfaz, e toda uma série de outros elementos comparativos, através dos quais podemos deduzir e construir a frase pretendida.
O que tenho constatado em consultório, é que sentimentos assumidos pelo o sujeito, entendido na sua forma verbal, em muitos casos, para não dizer na sua grande maioria, não correspondem ao que o sujeito na realidade sente.
Assim, o que o sujeito diz ser, apenas parece corresponder a um desejo, que o Não – Ser, ou seja o corpo, reclama, emergindo daí um certo dito, que não consegue em momento algum apagar o não dito de que o corpo reclama.
Eu tenho um poder forte, e já decidi que homem algum vai mandar mais na minha vida, dizia a paciente. O que parecia desconhecer é que tal sentimento emergiu de um sentimento de impotência perante a adversidade.
A senhora tornou a sua aparência dura, forte, por medo de ser submissa de novo a um poder não desejado.
Uma outra dizia sentir uma paixão muito forte pelo o pai.
No decurso de algumas sessões de análise, e perante o material verbal recolhido, fiz-lhe a proposta, de fazer um trabalho de casa, cuja tentativa seria definir a diferença entre paixão e compaixão.
Na sessão seguinte foi firme ao dizer que afinal o que sentia pelo o pai era na realidade compaixão, e não paixão.
Muitas outras são agressivas na tentativa de superar o medo interior que se apodera delas.
Já para não falar naqueles que dizem matar por amor.
Mais alguns exemplos poderia dar, mas estes bastam para me convencerem de que o sentir, como fundamento de uma máquina biológica, é mais importante que o próprio pensamento no comportamento humano.
Porque se assim não fora, bastaria pensar para alterar a nossa postura, e como todos sabem tal não corresponde á realidade.
O sentido na maioria dos casos parece estar para além do cognoscível.

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