Retalhos de uma vida - Livro do autor do blog

http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7 Definir um livro pela resenha é um fato que só é possível quando o livro realmente apresenta um conteúdo impar, instigante, sensível, inteligente, técnico e ao mesmo tempo de fácil entendimento....e Retalhos de uma vida, sem sombra de dúvidas é um livro assim. Parabens, o livro está sendo um sucesso. Ricardo Ribeiro - psicanalista

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Bullying

Tal fenómeno sempre existiu, embora não tendo uma designação específica anteriormente, nos são dados a conhecer fatos semelhantes de violência verbal e física nas escolas, desde há muito.
Hoje, a visibilidade desses casos é muito maior, dada a evolução dos meios de comunicação, que transferem a noticia em tempo real para qualquer canto do planeta, o que antes era impossível.
Temos nos dias de hoje uma noção mais real da violência que grassa no mundo, o que nos traz mais assustados e preocupados, em virtude do ser humano observar a verdadeira dimensão do problema.
Aquilo que era dado a conhecer numa comunidade, e resolvido localmente, na sociedade atual, em virtude do desenvolvimento tecnológico e científico, tende a sofrer interferências de toda a ordem, que por vezes limita a ação de quem tem por dever decidir.
Tal limitação emerge de uma relação, entre o desenvolvimento atual, que não só produz bens de consumo, mas também conhecimento, que se debate com a interioridade de cada um, quanto á forma de sentir as coisas, e o mundo á sua volta.
A meu ver, existiu uma evolução do bem estar económico e social, uma produção superior de bens de consumo, e uma expansão dos meios de comunicação, em contrapartida deu-se a estagnação, quanto á forma como tudo isso é elaborado no psiquismo de cada indivíduo, face a uma lei psíquica incorporada na fase infantil, que não tem em conta a realidade.
Ou seja, na maioria dos casos, as pessoas não estavam, e não estão preparadas mentalmente, para lidar com alguns excessos, nem com a escassez, e por isso reagem a seu modo.
De onde resulta uma falta de adaptação a uma realidade exterior, mostrando-se incompatível com a sua interioridade, o que tende a transformar o social, num campo de batalha político e económico, cuja finalidade vai no sentido de obter a qualquer custo os frutos dessa evolução tecnológica e científica.
Pergunta-se : Serão as circunstâncias que despertam e violência ?
Ou, o indivíduo já contém em si o gérmen, esperando o melhor momento para deixar fluir todo o seu conteúdo ?
O que é fato é que se não existir a semente, o crescimento de algo é impossível, por inexistência de um corpo que contenha vida, que, por isso, não representa, nem se faz representar através de um sentido.
Desejo com isto afirmar, que a representação da violência, faz-se representar através de um corpo, que dela tomou sentido, restando saber, devido a quê, e através de quem foi incorporado tal sentido.
Falamos no desamparo da vítima, em virtude de não estar, ou ser protegida das agressões alheias, sejam verbais ou físicas, em que a motricidade ganha evidencia, em detrimento de uma atitude ¨ madura ¨, dirão alguns, que premeie a compreensão e a tolerância.
Mas não falamos do desamparo do agressor, desprovido do respeito e consideração pelo o outro, do qual também foi vítima na infância, que reproduz do mesmo modo á entrada da adolescência de forma mais violenta, o que lhe foi incorporado.
Aqueles desamparados no social, estes amparados por uma formação social estética, que lhes negou o sentido do respeito e consideração pelo o semelhante.
Se uns estão amparados por um sentimento de superioridade, outros estão desamparados por um sentimento de inferioridade, que os faz sofrer, e sentirem-se excluídos.
O desamparo deve ser entendido segundo o princípio da psicanálise, a que Freud se refere nos seus escritos, que tem um enquadramento diferente daquele que lhe é dado vulgarmente.
No fundo existe uma diferença considerável entre aqueles que estão amparados socialmente, e os outros, que estão amparados e incorporam a ideia de humanização.

Nenhum comentário: