Eu sei que as pessoas consultam os mais diversos blogs, que tratam deste tema, esperando enxergar uma solução para o problema, sejam professores, instituições, alunos e respectivas famílias, esperando um milagre para as suas aflições.
Desde há muito fiquei desiludido, porque no que é dado ao homem, não existem milagres, apenas estudo e trabalho, que possam impedir a repetição das mesmas cenas não desejadas.
Então não existe solução ?
Ela existe, mas não pode ser obtida através de uma via imediatista.
Se acrescentarmos o fato que a atitude punitiva, tenta julgar os agressores, mas que não repara os estragos feitos na vítima, nem impede atitudes semelhantes no futuro, somos levados a considerar, que devem ser implementadas ao mesmo tempo atividades preventivas,e ações de formação.
Como sabemos, tais atividades passam em primeiro lugar pela sinalização dos indivíduos e grupos de maior risco.
Tais pólos de possível agressividade excessiva, por vezes não são facilmente percebidos, dado encontrarem-se encobertos por determinados fatores, que só são despertados no indivíduo quando em grupo.
O que não significa, que não possam ser detectados, mas carece de alguma formação para o efeito.
Quando referi no artigo anterior a falta de uma visão global, ela não serve apenas para os pais e alunos, mas também para os professores e instituições, dado que a tendência é para preservar os mais fracos, face á agressão daqueles que se consideram mais fortes.
Embora reconhecendo que isso deve ser feito, o papel do analista e investigador, deve pautar-se pela revelação das causas, que o conduzam ao estudo, e a uma proposta válida, cuja finalidade é solucionar, ou pelo menos minimizar o conflito.
A sociedade impõe-se pelo o seu poder punitivo face a qualquer tipo de agressão, o que falta de fato é perceber quais as atitudes formativas que devem ser implementadas para estancar a violência nas escolas, que, é bom que se diga, não é coisa que um sujeito não enxergue nas famílias e no cotidiano, que é do domínio público.
A repressão não mostra ser suficiente para estancar a violência, e a prova a temos nos assassinatos, na violência doméstica, e nos índices de corrupção que abunda na sociedade, de que todos damos conta pelas notícias dos mais diversos órgãos de comunicação.
Poucas dúvidas tenho, que só a formação pode garantir a médio prazo resultados satisfatórios, que não passa por empurrar a responsabilidade só para uma das partes envolvida no conflito, mas antes, tentar implementar um projeto, que possa envolver todos os intervenientes no processo.
Se uns tentam revelar um poder, elevando a sua auto estima, ou melhor, dando continuidade a uma satisfação interior, a vítima revela um indivíduo fraco, que não apresenta condição alguma de sobreviver a uma pressão exterior.
A tendência é socorrer os fracos, os feridos e ofendidos, esquecendo porém que também necessitam de serem analisados, para que possam superar as pressões a que estão sujeitos.
Em termos de formação infantil nos é dado a observar, que uns foram preparados para a guerra, e outros, fizeram deles os ¨ bobos da corte ¨.
No meio de tudo isto, na ânsia de encontrar responsáveis, onde de fato não existem, as instituições e os professores são punidos verbal, física, ou administrativamente, porque o poder parece estar num dos lados, que tende a esmagar o outro.
Estamos colocados numa luta de poderes, e não perante a tentativa séria de solucionar o conflito.
Na tentativa de explicar o fenómeno, alguns analistas referem um poder narcisista exacerbado como causa do bullying, mas contudo não parece que seja regra, em que outro elemento podemos observar, o sadismo, que impulsiona o indivíduo a provocar dor e sofrimento no outro.
Podemos notar também um poder de negação exaltado, que tende a afirmar o indivíduo, e a denegrir a imagem do outro.
São fatores que corrompem o conceito de humanização, sendo uma lança espetada no coração alheio, que o faz sentir-se inferior, pequeno, desprotegido, e incapaz de superar as dificuldades que se deparam pelo o caminho.
Em termos práticos, se uns demonstram ter força bastante, que lhes sobra até, para levar por diante suas intenções, outros não parecem ser possuídos por ela , necessitando da ajuda dos outros.
Assim criamos uma sociedade de dependentes, que fala em humanização, mas que na verdade o que os comanda, para o bem, e para o mal, é a psicologia social estética, que não apresenta condição alguma de ser enquadrado num processo de humanização.
Não significa porém, que a estética não possa fazer parte da vida do ser humano, bem pelo o contrário, mas apenas que deve ter limites, sem idealismos, para que possa dar continuidade a um processo de humanização, rumo á socialização.
Julgo tratar-se da ignorância relativamente ás atitudes cometidas durante a formação infantil, que dão o efeito contrário do desejado.
Sou assaltado pela dúvida, se os suicídios, sendo casos extremos, não correspondam de fato a um desamparo total, cuja primeva origem está na formação infantil, como negação da própria criança, que criou obstáculos na relação pais / filhos, em que o excesso de proteção, escassez, ou a negação de si mesmo, a faz sentir-se desprotegida.
Nenhum de nós pode falar do que não sabe, dado que nos falta o histórico familiar.
O fato é que foi dado, sabe-se lá por quem, e devido a quê, ao professor e ás instituições de ensino a tarefa de tentar endireitar as paredes tortas de uma formação infantil, que parece ninguém desejar, mas que faz-se presente no cotidiano.
Continua ..
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
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