Casimiro de Abreu
Ó que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais
A memória não tem relação alguma com o tempo, mas com a imagem revelada em certo tempo, através de uma vivência, inserido numa realidade que nos ultrapassa, mas através da qual somos, de uma maneira ou de outra, afetados.
A imagem pode ser associada a um determinado período da nossa existência, mas ela perdura em nós para além dele, em que apenas é a evocação de cenas passadas.
A memória conserva uma imagem virtual, que um dia foi real, cuja realidade já não existe mais, em que esta sim é o tempo presente, que no segundo seguinte se ausenta.
O que virá de seguida nos é presente, que pode ser semelhante, mas nunca igual, embora nos garanta a sensação que se trata do mesmo.
Nunca será em busca de um tempo perdido que o ser humano se agita, mas das imagens que foram perdidas no tempo, que desejamos, mas teimam em não voltar.
Lembro-me de uma canção de António Mourão, que fez grande sucesso em Portugal, lá pelos anos sessenta, cujo refrão dizia assim :
Ó tempo volta para trás
Dá-me tudo o que eu perdi
Tem pena e dá-me a vida
Da vida que já vivi.
Desejo não concedido pela própria natureza das coisas.
Mas as imagens permanecem no tempo.
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Memória para além do tempo
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