Retalhos de uma vida - Livro do autor do blog

http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7 Definir um livro pela resenha é um fato que só é possível quando o livro realmente apresenta um conteúdo impar, instigante, sensível, inteligente, técnico e ao mesmo tempo de fácil entendimento....e Retalhos de uma vida, sem sombra de dúvidas é um livro assim. Parabens, o livro está sendo um sucesso. Ricardo Ribeiro - psicanalista

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Mente e cérebro

Autor - Leopoldino dos santos ferreira
Fenômenos Emergentes

O que podemos dizer acerca da existência da mente nos animais quando observamos seu comportamento? Eles visivelmente experimentam sentimentos e emoções similares a nós mesmos. Qualquer um que tenha visto uma leoa alimentar suas crias não pode questionar seu amor maternal. Qualquer um que tenha ouvido o chiado estridente de um pássaro sendo perseguido por um gato não pode duvidar de seu terror. Qualquer um que tenha testemunhado um cão pulando em seu dono após o seu retorno não pode deixar de apreciar que ele está sobrepujado de alegria. Ainda, podem os animais pensar – isto é, formar imagens mentais? Parece que eles podem reconhecer propriedades abstratas, tais como formas e cores. Mas é menos certo que eles possuam uma sabedoria de si mesmo ou de sua existência. Ninguém viu até agora, ou espera ver tão cedo, um chipanzé – o animal mais próximo do homem geneticamente – pintar a Mona Lisa ou escrever Guerra e Paz.
A mente emerge da complexidade do cérebro. Em vista do que temos dito previamente a respeito dos princípios de auto-organização que emergem em sistemas quando eles cruzam um limiar de complexidade, que discernimento podemos adquirir sobre o problema do corpo e da mente? Afinal de contas, o cérebro é o sistema mais complexo que a Natureza já produziu. Podíamos, portanto, esperar fenômenos emergentes que se manifestam num nível mais alto, com propriedades diferentes daquelas dos processos neurais (tal como o fluxo de elétrons nos neurônios), que pertencem a um nível mais baixo. Estes fenômenos emergentes podem ser assimilados com o que chamamos de "mente." A consciência "emerge" da atividade neural no cérebro, mas num nível mais alto. Uma vez gerados, os estados mentais seguem suas próprias leis causais, que são diferentes e não podem ser deduzidas das que governam o trabalho dos neurônios no nível mais baixo. Os estados mentais emergentes podem por sua vez atuar nos neurônios que os produzem por meio de seu comportamento holístico e coletivo.
Como o americano Marvin Minsky, um perito em inteligência artificial, coloca:
Os átomos no cérebro estão sujeitos às mesmas leis auto-inclusivas que governam todas as outras formas de matéria. Então podemos explicar que nossos cérebros realmente trabalhem inteiramente em termos daqueles mesmos princípios básicos? A resposta é não, simplesmente porque mesmo se compreendêssemos como cada uma de nossas bilhões de células cerebrais trabalham separadamente, isto não nos diria como o cérebro trabalha como uma agência. As "leis do pensamento" dependem não somente das propriedades daquelas células cerebrais, mas também de como elas estão conectadas.
Assim, a psicologia não pode ser reduzida à física e à química. Os behavioristas chegaram a sua concepção determinista e reducionista copiando os métodos das assim chamadas ciências "objetivas"(mesmo assim, como temos visto, a mecânica quântica tem diminuído enormemente esta objetividade por atribuir um papel primordial ao observador em criar a realidade). Isto não significa, contudo, que a psicologia deva rejeitar as leis da física e da química. Estas operam em níveis diferentes. A psicologia requer princípios adicionais que funcionam num nível mais alto de organização (continua).
Referências: Trinh Xuan Thuan, Chaos and Harmony, University of Virginia.
Pensamento do dia: Para ser popular é necessário ser uma mediocridade (Oscar Wilde, 1854-1900, escritor irlandês).

Físico e escritor. Tem cinco livros publicados. Mestre em Ciências pela COPPE-UFRJ. Doutor e Livre Docente em Física pela UFPA. Foi estagiário no Instituto de Pesquisa Nuclear de Jülch, Alemanha. Orientador de teses de mestrado na UFPA. Controlador de Vôo. Coluna de divulgação científica, Físicos e Filósofos, no jornal O Liberal em Belém. Artigos em jornais.
(Artigonal SC #3559973

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