Retalhos de uma vida - Livro do autor do blog

http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7 Definir um livro pela resenha é um fato que só é possível quando o livro realmente apresenta um conteúdo impar, instigante, sensível, inteligente, técnico e ao mesmo tempo de fácil entendimento....e Retalhos de uma vida, sem sombra de dúvidas é um livro assim. Parabens, o livro está sendo um sucesso. Ricardo Ribeiro - psicanalista

domingo, 26 de setembro de 2010

A vítima

Você diz que tem medo da miséria, que é um fracassado, que nada dá certo, e ao mesmo tempo tenta recusar a ajuda, pensando em desistir da análise.
É como se tivesse uma doença que pode ser curada, em que emerge um desejo interior que o impulsiona a procurar ajuda, e outro que se opõe, que a nega.
Que desejo é esse que nega a si mesmo ?
Somos levados a considerar a existência de duas forças interiores agonizantes, que lutam entre si, embora nenhuma delas saia vencedora, provocando no indivíduo um mal estar, e uma ansiedade desmedida, que conduz o sujeito á exaustão.
A sensação de impotência advém dessa luta, que bem vistas as coisas não levam a lado nenhum, que perante a impossibilidade de deixar de lutar, procura os culpados para tanta agitação.
Nada é como eu quero, desabafa o sujeito.
È o ¨ Eu quero ¨, a que podemos acrescentar ¨ posso e mando ¨, que quando desautorizado, dado que um outro não satisfaz seus desejos, o faz cair da cadeira da onipotência, e estatelar-se no chão, do qual parece ter alguma dificuldade em erguer-se.
Quanto maior a frustração mais intensamente é sentida a onipotência.
A frustração corresponde ao desamparo, ou melhor é equivalente, dado tratar-se apenas de uma sensação, que saindo frustradas suas expectativas, interioriza que o mundo acabou para ele, que deixa de fazer sentido.
A segurança está no outro, por isso o acusa, na tentativa de endereçar a culpa, libertando-se de um sentimento de culpa, recriando a criança vitimizada pelo o desamparo a que foi votada, pelo menos assim julga.
Hoje venho dizer-lhe que não estou bem, quero ficar sozinho, e que a análise fica para a semana que vem.
Faça favor de entrar, ou por acaso não quer honrar seu compromisso ?
Entrou, não a contra gosto, dado que nem sequer insistiu, e não mais falou da sua indisposição momentânea.
São estas atitudes que dá que pensar, e que nem sempre são de fácil leitura.
Porque necessitaria do meu mando ?
Porque não contrariou a minha voz de comando ?
Porque a segurança e o poder está no outro, que não nele, que tem necessidade de observar para sentir-se seguro e tranquilo.
Sentiu-se amparado.

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