Retalhos de uma vida - Livro do autor do blog

http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7 Definir um livro pela resenha é um fato que só é possível quando o livro realmente apresenta um conteúdo impar, instigante, sensível, inteligente, técnico e ao mesmo tempo de fácil entendimento....e Retalhos de uma vida, sem sombra de dúvidas é um livro assim. Parabens, o livro está sendo um sucesso. Ricardo Ribeiro - psicanalista

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Ciência da motivação

Ciência da motivação

O que é isso ?

De vez em quando surgem novos posicionamentos em relação ás coisas, o que não significa necessariamente novas idéias, porque elas já existiam, mas antes uma disposição para levar á prática, o que antes estaria no fundo do baú, ou amarrado a determinadas normas.

Esquecimento ?

Não. O que se passa é que o século XXI, por diversas razões evolutivas permite a excentricidade, que não tem relação alguma com maluquice, distúrbio mental, mas com um movimento nascido no interior, que sem amarras é enviado para fora do indivíduo, em que a criatividade cada vez mais é indiferente ao julgamento.
É uma forma de autonomia, que é indiferente á crítica, e ao julgamento, quando esta está amarrada á recompensa, em que a sensação, quando ela não é conseguida, é de punição.
No mundo dos negócios é mais fácil a exteriorização da criatividade, dado que é evidente a procura de novos nichos de mercado, cuja finalidade, e visibilidade imediata, é o bem estar económico e social.
Na formação infantil tal visibilidade não é imediata, dado que ela vai dar a conhecer-se alguns anos mais tarde, pelo que existe uma dificuldade em conectar as atitudes formativas, com os resultados que cada um possa obter.
No meu blog tenho feito diversas referências aos malefícios da repressão na formação infantil, que ao contrário do que algumas pensam, ou na sua grande maioria, condicionam o movimento, e aniquilam a criatividade, conduzindo o ser humano á obsessão, ao transtorno psíquico, e a um mal estar interior.
Aliás toda a literatura Freudiana aponta nesse sentido, bem evidente em vários escritos de Freud.
Para os menos atentos direi que estes novos ¨ conceitos ¨, são emergentes do estudo da psicanálise, ou pelo menos nela se enquadram, que se distancia da psicologia tradicional, do condicionamento.
É curioso notar no entanto, que a idéia da motivação, excluindo o recurso á recompensa e á punição, começou a ganhar corpo tendo em conta o que ela mesma contesta, a recompensa por uma vida mais saudável, criativa, autónoma, com total liberdade do pensamento, em que se obtém uma gratificação interior, uma auto satisfação.
A recompensa vem de dentro, em que o sujeito dá asas á sua imaginação, em que novas associações de imagens e idèias podem surgir, conferindo ao indivíduo a total liberdade, autonomia, para criar, em que a única recompensa é a sua satisfação, e bem estar interior.
Notemos que desse modo, o ser humano sente criar algo, como valorização de si mesmo, que os outros podem aproveitar, se o desejarem.

Desta forma o ser humano consegue ser altruísta.

No mundo do marketing e do sistema financeiro, é necessário encontrar alternativas ao mercado, tantas vezes saturado por métodos tradicionais, que esgotados, já não correspondem aos anseios dos consumidores, nem ás necessidades dos empresários.
A criatividade é a resposta possível que tenta impedir a estagnação, o condicionamento, em que a diversidade é a solução, e não parte do problema.
Por diversas vezes referi quanto é prejudicial o pensamento único, o absolutismo, que conduz á uniformidade, e o sujeito ao conformismo, e por conseguinte á estagnação, que confere ao indivíduo uma sensação de impotência.

A recompensa vinda do exterior, como forma de atingir uma meta pré estabelecida, promove a ponte entre dois objetos e um objetivo, num mundo de intenções, em que o movimento é fechado, condicionado, que por isso mesmo é finito.
Qualquer movimento finito apresenta uma meta, um fim de linha, que uma vez não atingido, causa frustração, sem que exista um escape para uma atividade diferenciada.
Causou alguma indignação, quando defendi que a recompensa na formação infantil deve ser entendida como chantagem emocional, a que a criança não deve ser sujeita, e que por isso mesmo deve ser banida da sua formação, e educação escolar.

E porquê ?

Porque retira a possibilidade de uma vontade de poder interior de uma forma natural, a tentando substituir por uma reação perante uma atitude exterior, desde que exista recompensa, e deixando-se ficar aquietado, perante a visibilidade de uma punição.
A criança corre atrás da recompensa, para não ser punido nos seus desejos.

Você tem direito ao chocolate, se comer a sopa.

É segundo este aspecto da formação, que continuamos a ser influenciados pelos estudos de Pavlov, pelas experiências com macacos e ratos de laboratório, em que estamos posicionados numa psicologia animal, que não humana, nem a ela somos conduzidos através desses métodos.
O problema maior é que existem crianças, cujo instinto de negação de negação é tão evidente, exaltado, exacerbado, que se privam daquilo de que gostam, para privar o outro do seu desejo.
Percebemos claramente nesta atitude o bloqueio de qualquer movimento, tanto exterior, quanto interior, que nos faz questionar, onde se encontra a atividade dessa criança.
Mas quando isso não acontece, elas na mira de obter o chocolate, que é o seu desejo, se obrigam a fazer o que não desejam, em que a vontade do outro prevalece, em relação á sua própria vontade interior.
A ansiedade eleva-se em virtude de estar sujeito a um outro toda a sua atividade, e é esvaziada quando é realizado o seu desejo.
A ansiedade é devida ao perigo que um outro incute, que pode impedir de realizar os seus desejos, mediante exigências, que por vezes não pode cumprir, ou lhe é difícil fazê-lo.
Porque o mundo dos negócios fala mais alto, em virtude dele depender a estabilidade financeira do sujeito, que serve á sua sobrevivência, exige o imediatismo, em que as necessidades básicas não podem ser adiadas, sendo por isso, mais fácil perceber a estagnação, em que o corpo é impulsionado a inovar, a criar outras possibilidades que sirva á evolução do mercado, e a si mesmo.

No mercado as consequências são imediatas.

Na formação da criança elas são refletidas a longo prazo, permanecendo as consequências de certa forma ocultas, em que o imediatismo apresenta como finalidade, parar a agitação da criança, tentando castrar os seus instintos.

Criatividade e castração são incompatíveis.

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