O medo que possa acontecer algo de ruim, ou apenas a visibilidade de que tal venha a acontecer, assaltado por essa imagem, mostra ao sujeito um cenário de horror, de dor e sofrimento, que pode provocar a paralisia momentânea de um movimento desejado.
Desejo interrompido, ou até mesmo bloqueado por um não desejo de perder o conforto, a proteção, e a segurança.
O que subsiste é o medo de perder, e se assim é, existiu um ganho anterior de sentimentos prazerosos, sem que o indivíduo tivesse adquirido a noção, que a qualquer momento os seus desejos podem sair frustrados.
A frustração faz parte da experiência de vida, como resultante de algo esgotado, que não deu certo, ou que não pode ser associado por ser incompatível, em que a dor e sofrimento tende a emergir, proveniente de uma certa forma de sentir as relações com os objetos, e o mundo exterior.
Devemos perceber tal fenómeno levando em conta a relação com o outro, e os efeitos provocados pela sua ausência, que tantas vezes cria a impossibilidade de sentir a satisfação interior, em que percebemos a incapacidade de estar sozinho.
A sensação de conforto, proteção e segurança, parece depender da presença de um outro objeto, sentindo-se o indivíduo desprotegido quando entregue a si mesmo.
O medo da solidão, de encontrar-se com a noite, de estar sozinho no escuro, de não ter o outro que possa abraçar e adormecer, como se estivesse nos braços da mãe, parece ser um sinal evidente de uma interioridade, que se encontra ameaçada por fantasmas.
Na realidade fantasmas não existem, o que tende a prevalecer é a imagem de um outro, que nunca concedeu a liberdade ao indivíduo para encontrar-se consigo mesmo, estar sozinho, ser autónomo, e ganhar experiência.
Criada a dependência, a falta de um outro, que não existiu na infância, entendido como facilitador de experiências, faz com que o sujeito reclame por ele.
Façamos a pergunta:
- Como alguém pode encontrar-se consigo mesmo, se nunca o deixaram liberto ?
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
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