Meu nome é Joel , tenho 31 anos , casado , 1 filho , moro em São Paulo , no momento trabalho como frentista .
Em 2002 , eu estava jogando uma partida de futsal quando senti uma forte falta de ar , naquele momento senti uma sensação de desmaio , formigamento na boca , e o coração batia em descompasso , galopava , pensei que ia desta para melhor ou pior , fui até uma clinica e lá após o atendimento o medico não sabia o que eu tinha , realizei o eletrocardiograma e deu normal . A partir daí , desenvolvi a sindrome do pânico e passei 3 anos de desespero e medo , mal conseguia entrar em um onibus para ir trabalhar , fora que se alguém chegasse perto de mim e falasse que alguém morreu , eu entrava em estado de medo excessivo , tremia muito .
Comecei a ter essas descargas de adrenalina onde o coração batia descompassadamente , toda vez que eu tinha muita coisa para fazer eu tinha essas descargas , a cada descarga eu achava que minha hora tinha chegado, perdi as contas de quantas vezes fui parar nas emergências.
Lembro que uma vez eu peguei no sono e quando acordei já estava atrasado para pegar meu filho na escola , quando me levantei e bati a porta da rua , tive uma descarga de adrenalina .
Após esses 3 anos eu resolvi retomar atividades esportivas ( voley de praia ) jogava feliz da vida achando que eu estava recuperado daquele trauma , mas um certo dia eu estava muito tenso na partida quando senti o descompasso dentro do peito , não acreditei , fiquei tão chateado com a vida e com tudo , continuei jogando enraivado , mais não deu tive que parar . Uma semana depois voltei a praia e fui de novo jogar, na primeira partida ( boooooommmmm) novamente o descompasso e por fim a ideia que volei também não daria mais para mim . Durante a crise , eu só tinha vontade de ir para a emergência , fui para casa, e o medo de morrer, a raiva que eu sentia dessa maldita crise de adrenalina me fez tomar uma decisão , sei que fiz errado , mais eu já estava cheio dessas crises, e resolvi tomar umas cervejas , depois fui para casa dormir ... acordei sem os sintomas , que bom ... descobri que não devia ficar desesperado , era só tirar um cochilo de 30 minutos a 1 horas que passava ( descobri isso em uma das crises ) .
Hoje 2010 , não jogo volei nem futebol , minha atividade é pedalar ... vou trabalhar de bicicleta , 30 minutos indo e 30 minutos retornando, mas tem horas que o coração dá uns pulos , tento não ficar muito impressionado , e aí passa .
Fui ao Psiquiatra , disse tudo que aconteceu comigo até aquela data, fui informado que eu deveria tomar anti depressivos . Sai do consultório bem triste , pois não queria e não tomei nenhum anti depressivo até aquela consulta .
Em 2009 resolvi tomar durante um mês o Tal do Anti deprê , após uma semana de uso , comecei a perder medo de muitas coisas , sabia que era uma falsa sensação de poder , só foi um mês e mais nada.
De um ano e meio para cá , tenho sentido sintomas de depressão leve , faço de tudo para não me entregar , pois gosto da vida , a vida é massa , viver é um espetáculo .
João , não sei por onde começar, pois passa milhões de coisas pela cabeça , não sei o que faço para conter essa descarga , já pensei em fazer REGRESSÃO , me falaram até em reposição hormonal , de repente esteja havendo uma disfunção ..... .
Resposta
Amigo Joel, em primeiro lugar gostaria de dizer-lhe, que o acompanhamento médico e a medicação é importante, para obter uma certa tranquilidade, e submeter-se a sessões de análise (psicanálise) é fundamental.
Perpassa da sua escrita um instinto de negação muito forte, uma tensão interior que se acumula devido a diversos fatores, daí que a raiva aflore, que curiosamente vem acompanhada de uma sensação de medo, e do sentido de morte.
É normal em muitos casos, essa procura incessante de cura, sem entregar-se a coisa alguma, por isso fala em regressão e reposição hormonal, como poderia falar em qualquer outra coisa, como cartomante, por exemplo, como se o processo de regeneração não estivesse em cada um de nós, mas sim no além. O que me é dado a observar, é que esse tipo de comportamento, é uma fuga, por medo de perder algo da sua interioridade, que se traduz num certo poder.
Joel, entre nós humanos perante a natureza das coisas, não existem fracos, nem fortes, todos nós um dia sucumbimos, por vezes ao mais pequeno abalo, apenas temos a sensação de um desejo interior de ser poderoso, ou ter poder suficiente para resistir ao que nos é proposto.
A primeira condição para um futuro equilíbrio psíquico, é o esforço que terá de fazer para entregar-se de corpo e alma á análise, tendo fé em si, respeitando o saber do médico e do analista, não colocando em dúvida o que lhe desejam oferecer.
De resto o seu caso, é muito semelhante a tantos outros, e deixe que lhe diga, nada preocupante, no entanto, sem a análise o quadro tem tendência a agravar-se, dado que a vida nos reserva mais á frente, o abandono de todas as atividades físicas, dos filhos que um dia vão embora, a própria sexualidade leva outro rumo, porque a idade não perdoa.
O transtorno psíquico não é uma doença, ele surge na sequência de uma certa organização de imagens e idéias no psiquismo, a que não é alheia uma formação infantil, que podem ser mais ou menos compatíveis com uma realidade, que não desejamos.
Espero que tenha contribuído de algum modo, para um dia você alcançar a paz de espírito.
Estarei sempre á sua disposição, como de todos aqueles que necessitem de uma palavra amiga, sem no entanto deixar de ser realista.
Um abraço
João António Fernandes
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
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