Retalhos de uma vida - Livro do autor do blog

http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7 Definir um livro pela resenha é um fato que só é possível quando o livro realmente apresenta um conteúdo impar, instigante, sensível, inteligente, técnico e ao mesmo tempo de fácil entendimento....e Retalhos de uma vida, sem sombra de dúvidas é um livro assim. Parabens, o livro está sendo um sucesso. Ricardo Ribeiro - psicanalista

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Dilema epistemológico

Como explicar e compreender a psicanálise ?

1-Em essência a compreensão provém do estudo da função biológica e psíquica, cujos princípios são imutáveis, como parte constituinte de um corpo.

2-O pressuposto fundamental é a subjetividade empírica, circunstancial, derivada de uma formação infantil, que embora semelhante, existem muitos pormenores, que provocam desvios a um desejo de uniformidade.

3-Deriva desses dois entendimentos, a complexidade, como fenómeno posterior, proveniente da relação de ambas, da essência e da subjetividade, que garante a irregularidade.

Referenciar a subjetividade como fundamental, e não enxergar a essência, como objeto / objetivo em si mesmo, será a tentativa de excluir a base nuclear, a partir da qual tudo é derivado.
A questão não pode ser reduzida a um aparato tecnológico e científico, com a consequente produção de bens de consumo, e instrumentos que permitam o bem estar do ser humano, desprezando o estudo e investigação da evolução das relações entre os homens.
Percebemos de fato um desfasamento entre essas duas vertentes, em que uma ficou atrofiada, e a outra teve um desenvolvimento extraordinário no último século.
Ao criar a ruptura com o ser natural, com as condições de sua própria natureza, e por outro lado, ao não ter em atenção a subjetividade das relações, das quais o ser vivo toma sentido, o efeito será a tentativa de exclusão de algo, ou alguma coisa.
A tentativa de conversão da subjetividade em formas objetivadas, tendem a criar condições de uniformidade, perante toda a diversidade vivenciada, o que impede a evolução psíquica, a complexidade.
Sabemos que a atividade primária de um ser vivo, é promovida através de uma reação, que impulsiona o corpo para o movimento, em que as tomadas de sentido, servem á diferenciação de estímulos, interiores e exteriores.
Por outro lado, tais estímulos também são diferenciados, quanto ao princípio de satisfação, daqueles outros, que não satisfazem, ou provocam a insatisfação, percebendo-se desse modo a ambivalência.
O fator valorativo é proposto ao ser vivo, através do princípio de satisfação, como referência absoluta de um corpo que tende a preservar sua vida.
Ao criar a ruptura com o ser natural, e com as condições de sua própria natureza, não parece que seja possível falar em inclusão, quando á partida existe a proibição seja do que for, que impede o ser humano de associar, e elaborar. .
São excluídos da dinâmica psíquica alguns conteúdos, porque proibidos, que tendem a permanecer imobilizados, devido a elementos de interseção, que os aprisiona, que constituem a negação de algo que pretende afirmar-se.
O medo induzido por existência de fantasmas, e de outras figuras virtuais e fantásticas que punem, se a criança não vergar á vontade de seus formadores, provoca a exclusão do princípio de racionalidade, a mantendo no seu estado animal.
Dito de outro modo, a sua reação posterior não será humana, porque inadaptado, apresenta dificuldades no plano social, em virtude da sua virgindade animal, foi criada a ruptura com a possibilidade de humanização.
O epistemológico, não está somente na compreensão de uma fase posterior á própria existência animal, nem a podemos encontrar em exclusivo na função da máquina biológica e psíquica, mas no entendimento dessa relação animal e humana.
Nos encontramos perante a complexidade, que exige a continuidade, que não a ruptura entre sistemas, como consequência lógica, daquilo que se pretende uno e funciomal.
De contrário cada vez mais seremos confrontados com a disfunção, e o distúrbio.
Não basta falar em sistematização, como mero movimento repetitivo, que conduz ao condicionamento, nem tão pouco ficar satisfeito ao fazer a ponte entre sistemas, como processo de continuidade, mas compreender acima de tudo a incompatibilidade que possa existir entre a função e o material que serve de interseção, e incapacita o indivíduo de racionalizar.
Tal modo de entender as coisas, nos remete novamente para o condicionamento, que não á compreensão, desta feita recorrendo a elementos que provocam o bloqueio psíquico, que tende a atrofiar a motricidade.
Assim, e segundo meu entendimento, a complexidade e a racionalização, derivam da conjugação, da harmonização da diversidade face a um objeto / objetivo, em que a exclusão é promovida de forma natural, dado não caber num determinado fenómeno, que tem características específicas.
O que é cabível, ou não, diferencia o fenómeno.
Existe porém uma dificuldade acrescida nesta abordagem, por existência de uma cola que tende a unir os corpos, o afeto, que impede o investigador de chegar a uma verdade imparcial, objetiva, pelo que toda a verdade está sujeita ao indivíduo que a possui como verdadeira.
Assim sendo, a verdade epistemológica, entendida como imparcial, não será observada através da relação, porque subjetiva, e só a podemos encontrar na função biológica e psíquica.

A verdade para o sujeito provém dos sentidos.

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