Retalhos de uma vida - Livro do autor do blog

http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7 Definir um livro pela resenha é um fato que só é possível quando o livro realmente apresenta um conteúdo impar, instigante, sensível, inteligente, técnico e ao mesmo tempo de fácil entendimento....e Retalhos de uma vida, sem sombra de dúvidas é um livro assim. Parabens, o livro está sendo um sucesso. Ricardo Ribeiro - psicanalista

sábado, 28 de agosto de 2010

Condicionamento animal

Grande reportagem – Globo – 29. Agosto. 2010-08-28

Os macacos confinados a determinado espaço entram em estresse.
Para aliviar a ansiedade oferecem-lhes objetos para ocuparem o tempo.

Somos levados a considerar algumas questões interessantes:

1-Os sintomas do estresse parecem ser semelhantes, tanto no homem, como nos animais.

2-A própria existência de sintomas semelhantes, nos garante a idéia de uma mesma postura de estar na vida.

3-Se utilizamos animais em cativeiro para perceber o seu comportamento, os métodos utilizados para aliviar o estresse são os mesmos que para o ser humano.

Parece que estamos inseridos numa aldeia global, em que todos são macacos.


Grande reportagem – O Brasil é o segundo país mais estressado do planeta.



O desenvolvimento tecnológico nos garante uma quantidade enorme de objetos, que servem ao conforto, e ao bem estar, fechados entre quatro paredes de um apartamento, em que a TV e o computador é rei, que servem a pais e filhos.

Não obstante a prisão a que o ser humano está submetido, ainda alguns técnicos de saúde nos vêm pregar o sermão, que devemos proibir os filhos de estarem ao computador, ou em frente á TV, tantas horas seguidas.

Resultado, não existem alternativas para a prisão, que devemos de forma tranquila aceitar, tentando recalcar os instintos, porque desejamos ignorar que somos em essência animais, que pretendem ser humanos.

Por outro lado, nos alertam para programas da TV e sites da internet, que devem ser proibidos a crianças.

A sociedade de consumo cria objetos, e de seguida envia a responsabilidade da sua utilização para o sujeito, que deve observar determinadas regras, em que o aconselhamento é a proibição.

Parece claro que o condicionamento carece de repressão, e da proibição repetitiva.

De fato, ainda não foi encontrada uma psicologia baseada em sentimentos humanos, que impeçam ressentimentos, e atitudes reativas, em que a teoria provém da manipulação dos macacos, e dos ratos em laboratório.

A maior parte dedica-se á tarefa de professores e policiais do comportamento humano, dizendo o que devem, ou não fazer, para que sejam uns meninos bem comportados, para que sejam aceites pela sociedade.

A mesma sociedade que é açoitada pelos teóricos, que dizem ser possuída de todos os males.

A resultante é sempre a mesma, a luta neurótica contra o outro, ou contra qualquer coisa, causadora do mal estar, como reação, que retira a possibilidade de uma atividade criadora, dinâmica e produtiva.

Nos transformámos nos eternos reclamantes, para tudo continuar na mesma.

Somos levados a perceber uma realidade que não nos serve, a que os técnicos de saúde respondem com a mudança de um estilo de vida, como se fosse fácil mudar..

Sabemos que operar qualquer mudança, exige a transformação de alguma coisa anterior, que a maioria das pessoas sente como perda, o que retarda, ou nega o próprio desejo sentido em mudar.

A verdade é que são gastos rios de tinta e papel, milhares de dólares, reais e euros, para convencer as pessoas que o sistema em que estão inseridos, é o melhor, o comparando com o vizinho do lado.

Não está em causa quem disponibiliza e paga a publicidade, mas apenas o clima de sedução e aliciamento a que o indivíduo está sujeito, para nos virem agora dizer, que a sociedade tal como está organizada, é causa de doenças e estresse.

Maravilha, construímos uma sociedade, e agora nos dizem que ela não presta, dá cabo da saúde, causa ansiedade, a maioria anda estressada, e calculem, que até por causa dessa sociedade maligna, ocorrem no Brasil 134 mil infartos por ano.

Finalmente descobrimos que nem só o tabaco causa essa maleita.

Uma investigadora italiana, psicóloga, vem a terreno informar, que o excesso de horas de trabalho, e trabalhar contrariado, é responsável pelo o estresse das pessoas, para logo de seguida informar que a taxa mais alta de estresse encontra-se entre as domésticas, neste caso diz ela, por falta de recompensa.

Já no inicio do século passado Freud dissertou acerca do mal estar da civilização.

Continuamos a remendar o fundilho das calças, em vez de comprar umas calças novas, não porque não tenhamos disponibilidade financeira, mas antes porque a maioria das pessoas não está preparada para a mudança.

E porquê ?

Porque é necessário encontrar um modelo diferenciado de formação infantil e educação escolar, e até hoje o que temos observado são remendos que servem o mesmo objetivo, para manter o mesmo estado de coisas, a que não é alheio a sede de poder, e a ganância pelo o dinheiro, que vem dar no mesmo.



Devemos fazer a nós mesmos a pergunta seguinte:

- Porque só uma parte da população parece estar sob o domínio do estresse ?

- O que se passa com os outros ?

Afinal têm o mesmo estilo de vida, (mas não propriamente o mesmo sentido de vida), estão inseridos no mesmo meio, mas parece que não são atingidos por essa peste do Século XXI, que já vem do século passado.

São as condições que a sociedade propõe, ou, será a inadaptação das pessoas ás condições propostas por ela ?

Devemos admitir que não existe uma resposta fácil, objetiva, e que o estresse, aliás como qualquer transtorno psíquico, é devido a várias circunstâncias, que deve ser olhado como fenómenos complexos, o que deveria impulsionar os teóricos para o estudo e investigação mais em profundidade.

O fast food só é uma boa comida para os apressados e ansiosos, em que o sabor e a praticidade supera a qualidade, mas o mesmo poderei dizer quando o fast food da resposta fácil é veiculado por quem tem a responsabilidade de mais saber em relação á complexidade da mente humana.

A sociedade está dividida entre os fast foods, e aqueles que entendem a complexidade de sistemas, que tem seus princípios e dinâmica própria, que não se compadece com uma resposta pronta na ponta da língua.

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