Tudo que estimule o idealismo, que, como sabemos é proveniente de um poder exacerbado narcisista, tende a levar o indivíduo, á perversão, ao persecutório e á paranóia.
Pouco sabemos acerca da sua evolução, dada a existência de diversos elementos que ao longo do caminho se associam, e tendem a uma ação aglutinadora, no entanto, não parece existir qualquer dúvida quanto ao seu crescendo de intensidade, que conduz os grupos, e parte da sociedade ao êxtase.
Quem for apanhado por essa onda gigantesca, pode ser engolido, trucidado, porque a manada está cega por uma ânsia de poder incontrolável, cujo princípio de racionalidade foi perdido desde há muito, em que a procura é pelo o alimento que sustenta tal condição.
Quando a palavra difundida, não importa qual o meio utilizado, só refere um lado da história, e responsabiliza uma parte da sociedade, sejam instituições, ou individualidades, pelo o mau estar da civilização, podemos perceber nisso, um idealismo, que nos empurra para a luta contra o nosso semelhante, cuja finalidade é banir as diferenças, em que o pensamento deixa de ser livre, e a postura é condicionada, percebendo-se a repressão.
Essa guerra, nunca trouxe benefícios para a humanidade, que teve seu inicio em discursos inflamados, como explosão do Eu prepotente e intolerante, com sede de poder, que seguiu seu rumo até á batalha final.
O que ficou, para além de muito sangue derramado, e de um cenário de destruição, que teve a particularidade de desorganizar, o que de algum modo estaria organizado, sob a condição da tranquilidade, da tolerância e do mais saber ?
Deveríamos estudar e investigar mais um pouco, acerca do que podemos considerar como ser passivo e ativo, dado que todos nós, sem excepção, estamos possuídos por ambas.
Ficaram restos dessa refrega, fragmentos de algo que foi poder, mas que já não o tem para que o possa exercer, da forma como fora desejada antes, em que tudo parece ter ficado esvaziado, que alguns tentam de novo preencher.
Depois da guerra, os profetas da desgraça, descem a terreiro, e nos fazem crer, que meninos mal comportados, irreverentes, com pensamento próprio, sentindo a liberdade no sangue, e a autonomia no corpo, foram os responsáveis por tais acontecimentos.
O sentimento de culpa que é endereçado a cada um, apresenta como única finalidade, vergar os outros aos seus desejos mais íntimos, sejam sexuais, ou sexualizados, sob a forma de poder, cuja intenção, embora de forma inconsciente, é coitar os coitados, que incorporam tal sentimento.
Desse modo, as instituições por um lado, e o ser humano que sofre por ânsia de poder, porque não desejam sentir a impotência, formam uma santa aliança, para que o círculo vicioso não se perca.
Nem conseguem enxergar, que não foram os homens, ou parte deles, que destruíram o poder, tão desejado por alguns, idealistas confessos e fanáticos, mas sim a própria natureza, que não comporta nos seus corpos tamanha intolerância.
Parece que nenhum de nós deseja a guerra, mas a realidade nos diz, que ela torna-se inevitável, a partir de um certo momento, em que a intensidade do discurso, já não consegue convencer o seu opositor, e promove uma alteração metabólica tão profunda, que os sentidos deixam de funcionar, e dá lugar à emergência de uma tensão interior, de tal modo exagerada, em que só a força bruta funciona.
O segredo da paz, está de fato na limitação do discurso, a tudo aquilo que lhe é próprio, sem que possa existir a razão, a crítica e o julgamento, que promove uns a figuras, entendidas como divinas, e os outros a vilões e demoníacos.
Tais denominações, servem os interesses do idealismo, do fanatismo e da guerra, como forma, embora não conseguida, de perpetuar o poder.
Vejo em tudo isso a decadência de uma civilização, em termos de relações humanas, e da própria evolução psíquica, não obstante reconhecer o avanço espantoso, no que se refere á ciência e tecnologia.
Podemos considerar, que a evolução psíquica, e a forma de organizar os conteúdos psíquicos, e as inúmeras proibições, que servem de obstáculo a uma forma sequencial e lógica, que impedem o desenrolar natural do pensamento humano, foi deslocada para o meio científico e tecnológico.
Desejo com isso afirmar, que embora possa parecer, numa análise superficial, que existiu uma sublimação, ela na realidade não foi conseguida, dado que as duas formas de entender as coisas, funcionam em paralelo.
Ou seja, ao mesmo tempo, que assistimos a uma inteligência superior no campo das ciências e no mundo tecnológico, nos é dado a observar que a evolução psíquica, em parte, foi bloqueada, mantendo-se atemporal e primitiva.
É a perfeita negação, não por que a deseja, mas porque ela emerge de forma natural, dessa relação entre corpos, que impede a intelectualidade de ser entendida como sinónimo de evolução, quanto á forma como possamos entender a relação entre os homens.
A realidade nos diz, que pode existir evolução em determinados campos, e em outros, existir uma estagnação, conduzindo-nos novamente a uma falta de equilíbrio emocional.
E se assim entendermos, devemos ter poucas dúvidas, que nascemos inteiros, e que alguém promoveu em nós a fragmentação, e nos tornámos despedaçados, para além do ser inconclusivo, que nunca deixaremos de ser.
Dessa forma, que nos é imposta, até nos tornarmos em esquizofrénicos, será apenas uma questão de grau de intensidade.
Nos tornamos naquilo que somos, por impossibilidade de sermos, o que já fomos.
Existe uma provocação ao ser vivo, que o transforma, por necessidade de adaptação e sobrevivência, mas que não o salva da desgraça, quando pressionado por outros, e da morte, como sua condição natural.
Se desta não podemos fugir, da desgraça nos podemos precaver.
E é neste ponto que residem os momentos de felicidade ou de infelicidade.
Para mim, existem poucas dúvidas, que é devido á pressão exagerada dos outros, que o ser humano torna-se num ser impossível e infeliz.
domingo, 4 de julho de 2010
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