Retalhos de uma vida - Livro do autor do blog

http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7 Definir um livro pela resenha é um fato que só é possível quando o livro realmente apresenta um conteúdo impar, instigante, sensível, inteligente, técnico e ao mesmo tempo de fácil entendimento....e Retalhos de uma vida, sem sombra de dúvidas é um livro assim. Parabens, o livro está sendo um sucesso. Ricardo Ribeiro - psicanalista

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O medo da contaminação

Márcio Peter de Souza Leite Um artigo retirado do seu blog – O erro de Damásio
Antônio Damásio no livro “De onde vêm as emoções? Como as células tornam alguém consciente?”, desenvolve uma teoria provocativa sobre a consciência, que coloca o corpo, e não somente o cérebro, no centro da ação. “Ele continua na mesma ideologia, do homem neuronal, mas ao localizar o ser do homem, a alma, não o faz na serotonina, mas no corpo, pois a mente não termina no cérebro.
Outra maneiras de explicar as razões das condutas humanas podem ser encontradas em um outro livro de Antônio Damásio - “O erro de Descartes” - um texto que explora a conseqüência do cogito cartesiano,que foi a divisão entre psíquico e soma. Penso logo sou, implica em um quem pensa, a res cogitans, que não tem existência material. Eu sou é a res extensa, e existe materialmente.
Qual então, o erro de Descartes para Antônio Damásio? (… ) "Poderíamos começar com um protesto e censurá-lo por ter convencido os biólogos a adotarem, até hoje, uma mecânica de relojoeiro como modelo de processos vitais. Mas talvez isso não fosse muito justo, e comecemos, então, pelo ‘penso, logo existo’. (…) A afirmação sugere que pensar e ter consciência de pensar são os verdadeiros substratos de existir. E, como sabemos que Descartes via o ato de pensar como uma atividade separada do corpo, essa afirmação celebra a separação da mente, a ‘coisa pensante’ (res cogitans), do corpo não pensante, o qual tem extensão e partes mecânicas (res extensa)". (Antônio R. Damásio, O erro de Descartes, Companhia das Letras, 1996, p.279).
Damásio propõe corrigir o erro de Descartes. O tomamos aqui como paradigma das tendências da psiquiatria biológica atual, e do cognitivismo. A tendência atual é de se criticar tudo que se sustenta no dualismo como sendo ultrapassado, como sendo inexato, como sendo os restos de uma filosofia superada. A ciência atual prefere recuperar a possibilidade de se pensar a mente, reduzindo ao cérebro, caracterizado num monismo fisicalista.
Damásio propõe a adoção de uma perspectiva do organismo que não só tem que passar pelo código físico, mas tem que passar pelo domínio do tecido biológico. Ele sugere que se pense a mente pelo tecido biológico, pela córtex cerebral.
A tendência atual das ciências da mente – que se chama mind, uma palavra que não é nem psíquico, nem indivíduo, nem ser, um termo novo – é negar o dualismo e adotar o monismo, não qualquer monismo (pode-se ter vários tipos de monismo), mas um monismo fisicalista, quer dizer, mente e cérebro são a mesma coisa. A mente é consequência do funcionamento cerebral.
Na tradição filosófica um monismo fisicalista que tome por base o funcionamento cerebral pode ser identificado a um materialismo. Este materialismo assim definido passa a ser também uma ontologia, uma teoria do ser, e tem por consequência uma visão de mundo, uma concepção do mundo.
É o que está acontecendo: subverte a ética, subverte a moral, subverte as possibilidades de imputabilidade das ações do sujeito, desresponsabiliza o sujeito pelos seus atos.

Comentário:
Como é possível uma teoria monista fisicalista provocar tudo isso ?
Ela apenas tenta explicar, a partir de determinada concepção um fenómeno, que fora entendido por outros de uma forma diferenciada. Damásio é um homem da ciência, que tenta desvendar os mistérios neuroniais, e sua complexidade no cérebro humano, e apenas isso. Que despropósito, atribuir á neurociência, a responsabilidade pelas relações humanas, ou que por via de suas concepções, a sociedade seja induzida a ter determinada postura. A certeza que tudo está no lugar certo, pressupõe a continuidade, que não a ruptura, e a mutação, o que implica necessariamente a manutenção de um estado de civilização, e a constatação do transtorno psíquico. Talvez seja isso, que muitos pretendem. Observar uma sociedade ¨ bem ¨comportada, mas adoecida.

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