Retalhos de uma vida - Livro do autor do blog

http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7 Definir um livro pela resenha é um fato que só é possível quando o livro realmente apresenta um conteúdo impar, instigante, sensível, inteligente, técnico e ao mesmo tempo de fácil entendimento....e Retalhos de uma vida, sem sombra de dúvidas é um livro assim. Parabens, o livro está sendo um sucesso. Ricardo Ribeiro - psicanalista

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Conhecimento limitado

Conhecemos parte de um todo, que sabemos que existe, mas que não conseguimos definir, porque desconhecemos.
Sabemos que existe, mas desconhecemos.
Algo parece soar estranho nesta frase.
O que desconhecemos é a sua definição.
Saber é sentir, e não imaginar.
E de onde vem tal sentir, saber e conhecimento, que afirmamos desconhecer ?
Através do movimento, e da lógica sequencial, que nos dá a sensação, que a cada metro da caminhada, descobrimos um metro mais á frente.
Na realidade não descobrimos nada, as coisas apenas são reveladas através do seu movimento, ora nos aproximamos delas, ou elas se aproximam de nós.
Se passamos pelas pessoas, do mesmo modo elas passam por nós.
Quem passou por quem ?
Discussão inútil daquilo que foi, e, é passado.
Ambos são objetos, que já não existem mais um para o outro, até se encontrarem de novo.
O movimento do passado, nos faz movimentar de novo, porque desejado, nos faz passar novamente por semelhante situação.
Passado, que se faz presente, mesmo ausente, através de uma imagem, que não existe na realidade, que é virtual, que a cada movimento é retocada, renovada, com uma imagem real.

Somos os pintores das nossas próprias telas.
E somos induzidos pelas cores, e pinturas alheias.
A escolha quando existe é de cada um.

Não querendo passar pelo o passado, não desejamos passar pela rua onde mora, aquele que foi o amor desejado, que já não é mais.
O desejado, convertido a um não desejo, vá lá saber porquê, que tende a inverter o movimento do passado.
Não conhecemos o todo, porque coisa infinita, não pode ser conhecida, nem se deixa conhecer.
Damos apenas conta das partículas, e de suas formas estéticas, que constituem parte de um todo, desse todo desconhecido, mas que sabemos que existe, que o ser humano não consegue abarcar.
Sabemos que existe o espaço, mas não o sabemos definir.
Não sabemos definir, mas temos uma idéia, que advém da sua existência, mas sobre a qual não temos idéia nenhuma.
Porque existe, e de onde vem tal existência, não sabemos, apenas sabemos que existe, e por dedução, afirmamos conhecer, o que na realidade desconhecemos, que se encontra para lá do horizonte.
A noção, que além não pode ser diferente do aquém, nem diferente do presente, nos garante a uniformidade do pensamento.
Mas o que conhecemos, ou dizemos conhecer, está restringido ao espaço.
Definimos formas estéticas construídas por associação de partículas, como parte insignificante de um todo, que desconhecemos.
A verdade, entendida como absoluta, se é que existe, tal como o todo, a desconhecemos.
A cada instante nos deparamos com a realidade, que é a realidade de cada um, de acordo com a posição que ocupa, em relação a um outro.
A verdade é que eu passei pelo o sujeito, e não que ele tenha passado por mim, porque essa é a verdade dele, e não a minha.
Mas a verdade, porque real, é que ambos passamos um pelo o outro.
Não existe o todo, como coisa absoluta, dado que a cada momento ele se modifica, altera, apenas será a parte de um todo, que se transforma a todo o momento, que percebemos nisso, a totalidade, que é mostrada por intermédio dos nossos sentidos.
O todo pressupõe algo completo, uno, indivisível e imutável, e isso parece não existir, porque sujeito á mutação, o todo deixa de o ser, para transformar-se em outra coisa qualquer, a que chamamos novamente de todo.
O todo, por isso é uma ilusão, apenas serve de referência, mas não é uma forma absoluta.

Nietzsche: - Não existe o todo, mas nada existe fora do todo.

Não nego o todo, mas não o posso considerar como tal, a não ser restringido a determinado espaço, cujas circunstancias, tende a alterar os corpos, que devido a isso, são forçados a ocupar um outro espaço.
Cada um é um corpo lançado no espaço, que faz parte de um todo, que está limitado a determinado espaço.
Cada ser vivo está limitado a um raio de ação, a um espaço, que restringe o seu conhecimento, e por isso o seu conhecimento é limitado.

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