Bastam as migalhas das sobras para ser feliz.
Talvez por esperar pouco, alguns homens sejam felizes.
Enquanto que o pouco parece contentar uns, a outros, nem a dádiva do mundo inteiro os parece fazer feliz.
Passado o repasto da abundância, que dura pouco, retornam á angústia e tristeza, enquanto alguns continuam a deliciar-se com alguma coisa que sobrou e perdura.
O estar feliz, parece ser aquilo que desejas e não encontras, embora não sabendo o quê e onde encontrares, percorres vales e montanhas á procura de nada, que cansa e atormenta a tua alma.
Andas á procura da partícula da vida, quando ela não existe, porque depende de tantas outras para ter vida, que não podemos encontrar em separado.
A procuras de forma obsessiva, porque ao possuí-la julgas que garante o poder e a riqueza, que te faz pobre.
Eternamente pobre á procura de nada.
Talvez procures o que já encontrei sem ter que procurar.
Eu, aparentemente pobre. Tu, aparentemente rico.
Não é o dinheiro ou a falta dele que atrapalha, isso é pura ilusão, é apenas algo a que estamos presos, que não nos deixa ser felizes.
Algo que não conseguimos entender, que está para além do nosso pensamento.
Não é o ter e não ter, que está em questão.
Nem o Ser, mas o estar ou não estar satisfeito e feliz.
Assim, meu velho, o que posso entender dos teus movimentos, é apenas a tentativa de alcançar a cada ano aquilo que ainda não conseguiste, em que a esperança é a última a morrer e a primeira a alimentar os teus sonhos por realizar.
Os objetivos são os mesmos, os caminhos que trilhamos, e a forma como nos servimos dos objetos, é que determinam o nosso bem estar e nos garante a sensação de estar feliz.
Podemos esperar algo mais de um Ano Novo, mas apenas será a continuidade de um velho movimento, em que só a esperança não basta, e logo regressamos aquilo que sempre foi.
Um Bom Ano Novo.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Magia Negra
Na sequência da notícia, com o título – Que Deus nos perdoe – sou levado a tecer algumas comentários, dado que um dos indiciados do crime, é " Pai de santo", neste caso uma mulher, que ajudou o "louco "a cometer tal barbaridade.
A anestesia para o ritual era garantida pelo vinho, dado até ao desmaio.
Para a maioria ele é louco, mas pelos vistos para aquela mulher ele não o era.
Ou será que ela também louca ?
A notícia abalou o Brasil, como aliás tantas outras, quando se trata da degola de inocentes, em que se reclama por justiça, porque só loucos podem cometer tais atrocidades.
Está explicado, são loucos.
Mas ninguém pergunta por aqueles que os levaram á loucura, através de palavras malditas, que criaram fantasmas e figuras demoníacas, que alguns dizem possuir poderes mágicos.
A esses ninguém lhes pede responsabilidades por aquilo que dizem e afirmam saber, como se tivessem certeza de alguma coisa, quando apenas somos seres ignorantes ao sabor da mãe natureza.
A crença de que as almas do além podem manter contato com o mundo dos vivos, aos quais se pedem sacrifícios, como forma de purificação, já vem desde os primórdios da existência humana. O processo de reencarnação, a partir do qual o espírito pode evoluir moral e intelectualmente, necessita da própria morte do indivíduo para que se possa processar.
Afirmam até, que em vidas sucessivas, o espírito, ocupando diferentes corpos materiais, ele se aprimora e se redime de seus erros.
Conclusão – vale a pena o sacrifício e a própria morte, porque de volta vem a compensação.
Se todos afirmam que determinada pessoa é inútil, que se sente repudiado, em vez de amado, a culpa será dele, que não tem valores morais, nem intelectuais, que possam levar os outros a amá-lo, a ser considerado e respeitado, pelo que se essa idéia passar a obsessão mental, poderá muito bem acabar com a sua própria vida, ou de um outro qualquer, como parece ser este caso.
Podem afirmar que ninguém disse para as pessoas em questão, cometerem tal loucura.
Mas o que parece restarem poucas dúvidas é que foi devido a essas idéias mágicas, que alguns de forma obsessiva transmitem, que uns interpretam de uma maneira e outros de outra, que somos surpreendidos por estas atitudes loucas.
De fora ficam os suicídios, que não fora a carta deixada escrita, não saberíamos os motivos, que no caso da Leila, uma vez cumpridos todos os projetos na terra, desejou ( re ) encontrar-se com a mãe no céu.
A crença foi inventada pelo o homem para superar o medo, e consequentemente apaziguar as almas, e dar uma certa tranquilidade a si mesmo, mas quando ela é transformada em patologia, devido ä introdução de fantasmas e tabus, de tranquilidade passa a obsessão mental.
Como interpretar os homens bomba, a não ser como um caso extremo do que foi descrito ?
Que Deus nos perdoe.
A anestesia para o ritual era garantida pelo vinho, dado até ao desmaio.
Para a maioria ele é louco, mas pelos vistos para aquela mulher ele não o era.
Ou será que ela também louca ?
A notícia abalou o Brasil, como aliás tantas outras, quando se trata da degola de inocentes, em que se reclama por justiça, porque só loucos podem cometer tais atrocidades.
Está explicado, são loucos.
Mas ninguém pergunta por aqueles que os levaram á loucura, através de palavras malditas, que criaram fantasmas e figuras demoníacas, que alguns dizem possuir poderes mágicos.
A esses ninguém lhes pede responsabilidades por aquilo que dizem e afirmam saber, como se tivessem certeza de alguma coisa, quando apenas somos seres ignorantes ao sabor da mãe natureza.
A crença de que as almas do além podem manter contato com o mundo dos vivos, aos quais se pedem sacrifícios, como forma de purificação, já vem desde os primórdios da existência humana. O processo de reencarnação, a partir do qual o espírito pode evoluir moral e intelectualmente, necessita da própria morte do indivíduo para que se possa processar.
Afirmam até, que em vidas sucessivas, o espírito, ocupando diferentes corpos materiais, ele se aprimora e se redime de seus erros.
Conclusão – vale a pena o sacrifício e a própria morte, porque de volta vem a compensação.
Se todos afirmam que determinada pessoa é inútil, que se sente repudiado, em vez de amado, a culpa será dele, que não tem valores morais, nem intelectuais, que possam levar os outros a amá-lo, a ser considerado e respeitado, pelo que se essa idéia passar a obsessão mental, poderá muito bem acabar com a sua própria vida, ou de um outro qualquer, como parece ser este caso.
Podem afirmar que ninguém disse para as pessoas em questão, cometerem tal loucura.
Mas o que parece restarem poucas dúvidas é que foi devido a essas idéias mágicas, que alguns de forma obsessiva transmitem, que uns interpretam de uma maneira e outros de outra, que somos surpreendidos por estas atitudes loucas.
De fora ficam os suicídios, que não fora a carta deixada escrita, não saberíamos os motivos, que no caso da Leila, uma vez cumpridos todos os projetos na terra, desejou ( re ) encontrar-se com a mãe no céu.
A crença foi inventada pelo o homem para superar o medo, e consequentemente apaziguar as almas, e dar uma certa tranquilidade a si mesmo, mas quando ela é transformada em patologia, devido ä introdução de fantasmas e tabus, de tranquilidade passa a obsessão mental.
Como interpretar os homens bomba, a não ser como um caso extremo do que foi descrito ?
Que Deus nos perdoe.
domingo, 20 de dezembro de 2009
Que Deus nos perdoe
Dom, 20 Dez, 05h20 - notícia Yahoo
O Hospital Ana Neri, em Salvador, informou que o garoto de dois anos e sete meses que foi submetido a uma cirurgia para retirada de quatro agulhas, localizadas no coração e no pulmão, é tão boa que no início de noite a equipe médica irá se reunir para avaliar a possibilidade de submetê-lo a uma nova cirurgia ainda hoje ou amanhã, desta vez para retirada dos objetos localizados no abdômen.
O menino teve várias agulhas introduzidos em seu corpo. Uma boa parte delas está localizada na região abdominal. Segundo o médico Francisco Reis, existe uma agulha na bexiga e em algumas alças intestinais do aparelho digestivo que precisam ser removidas. O menino passará por uma terceira intervenção, na coluna, com data ainda não definida.
A primeira cirurgia foi considerada um sucesso pela equipe médica. O procedimento confirmou que os objetos retirados estavam mesmo provocando infecções no corpo do garoto, porque começavam a oxidar. A partir de então, os processos infecciosos cederam e ele agora se encontra com um quadro estável, sem febre e sem a necessidade de tomar medicação.
Ainda de acordo com o hospital, a criança respira sem a ajuda de aparelhos e se alimenta normalmente. A equipe reafirma que algumas agulhas permanecerão no corpo do menino. A preocupação no momento são apenas os objetos que podem impor riscos à vida dele.
O auxiliar de serviços gerais Roberto Carlos Magalhães, padrasto da criança, confessou ser o responsável por inserir os objetos no corpo do garoto durante supostos rituais de magia negra, informou a polícia. Magalhães, de 30 anos, chegou a ficar desaparecido depois de prestar um primeiro depoimento. Apontado como principal suspeito, ele foi localizado em um hospital do município.
O Hospital Ana Neri, em Salvador, informou que o garoto de dois anos e sete meses que foi submetido a uma cirurgia para retirada de quatro agulhas, localizadas no coração e no pulmão, é tão boa que no início de noite a equipe médica irá se reunir para avaliar a possibilidade de submetê-lo a uma nova cirurgia ainda hoje ou amanhã, desta vez para retirada dos objetos localizados no abdômen.
O menino teve várias agulhas introduzidos em seu corpo. Uma boa parte delas está localizada na região abdominal. Segundo o médico Francisco Reis, existe uma agulha na bexiga e em algumas alças intestinais do aparelho digestivo que precisam ser removidas. O menino passará por uma terceira intervenção, na coluna, com data ainda não definida.
A primeira cirurgia foi considerada um sucesso pela equipe médica. O procedimento confirmou que os objetos retirados estavam mesmo provocando infecções no corpo do garoto, porque começavam a oxidar. A partir de então, os processos infecciosos cederam e ele agora se encontra com um quadro estável, sem febre e sem a necessidade de tomar medicação.
Ainda de acordo com o hospital, a criança respira sem a ajuda de aparelhos e se alimenta normalmente. A equipe reafirma que algumas agulhas permanecerão no corpo do menino. A preocupação no momento são apenas os objetos que podem impor riscos à vida dele.
O auxiliar de serviços gerais Roberto Carlos Magalhães, padrasto da criança, confessou ser o responsável por inserir os objetos no corpo do garoto durante supostos rituais de magia negra, informou a polícia. Magalhães, de 30 anos, chegou a ficar desaparecido depois de prestar um primeiro depoimento. Apontado como principal suspeito, ele foi localizado em um hospital do município.
Tal pai, tal filho
Breve trecho do diálogo entre Marcola, apontado como líder do Primeiro Comando da Capital, o PCC, e o deputado Moroni Torgan, encarregado de o ouvir na base de um inquérito, CPI do Tráfico de armas, em Agosto de 2006 –
Marcola – O senhor não tem o direito de gritar comigo.
Torgan – Eu tenho o direito de falar com a voz que eu quiser...na hora que quiser.
Marcola – De falar, sem gritar. Com respeito.
Torgan – Agora eu quero dizer, com todo o respeito que eu tenho pela humanidade – O PCC existe para explorar os coitados dos presos que têm de sair para a rua e trabalhar para eles. Tem que trabalhar. Tem que ser criminoso. Se tu saíres, pagar tua pena, tu tens que ir para rua para ser criminoso.
Marcola – E o que os deputados fazem ? Não roubam também ? Roubam para c......., meu.
Torgan – É isso vai ser outra coisa que tu vai ser indiciado também. Disso tu vai ser indiciado.
Marcola – Só porque deputado rouba eu vou ser indiciado ?
Torgan – Por desacato.
Marcola – Que moral tem algum deputado para vir gritar na minha cara ?
Marcola não era só de falar, acaba de ser condenado a 29 anos de prisão por ser o mandante do assassinato de um juiz federal.
Sem comentários.
Marcola – O senhor não tem o direito de gritar comigo.
Torgan – Eu tenho o direito de falar com a voz que eu quiser...na hora que quiser.
Marcola – De falar, sem gritar. Com respeito.
Torgan – Agora eu quero dizer, com todo o respeito que eu tenho pela humanidade – O PCC existe para explorar os coitados dos presos que têm de sair para a rua e trabalhar para eles. Tem que trabalhar. Tem que ser criminoso. Se tu saíres, pagar tua pena, tu tens que ir para rua para ser criminoso.
Marcola – E o que os deputados fazem ? Não roubam também ? Roubam para c......., meu.
Torgan – É isso vai ser outra coisa que tu vai ser indiciado também. Disso tu vai ser indiciado.
Marcola – Só porque deputado rouba eu vou ser indiciado ?
Torgan – Por desacato.
Marcola – Que moral tem algum deputado para vir gritar na minha cara ?
Marcola não era só de falar, acaba de ser condenado a 29 anos de prisão por ser o mandante do assassinato de um juiz federal.
Sem comentários.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Formas sistemáticas
Quem dedica parte do seu tempo a tentar entender as coisas da mente, e fala em sistematização, deve perceber que ela existe de fato, mas somente referente ao biológico e á sua função, que é um processo autónomo e organizado segundo uma lógica, que é sequencial e apresenta sempre consequências.
Deste modo nos posicionamos na genética, e no estudo da metafísica, como formas de energia derivadas de um corpo físico, em que a mente obedece ao corpo, na sua forma arcaica.
O recém nascido está coordenado com o seu núcleo genético, e descoordenado nos movimentos em rela;áo a tudo que o rodeia.
No entanto é a partir desse movimento descoordenado exterior, que agarra aqui, pega ali, consegue mais tarde um movimento coordenado, a que chamamos de processo de aprendizagem.
O processo mental posterior, obedece do mesmo modo a essa sistematização organizacional do sistema biológico, que mantém-se imutável durante toda a existência do ser humano, e é exatamente devido a determinadas ideias e atitudes que tendem a contrariar o corpo que sente, que ele assinala a sua ofensa através da ansiedade, de dores diversas, orgânicas e fisiológicas, paralisias, amnésias e anestesia de parte do corpo, e outros transtornos mais ou menos graves, como a depressão ou a melancolia por exemplo, como a tentativa em sobreviver.
Deste modo parece ficar claro, que o corpo que sente, e observada tais condições de alguma " anormalidade ", ou seja instabilidade emocional, podemos perceber que de fato existiu uma quebra da sistematização anterior, que nem sequer pediu permissão ao corpo que pensa para manifestar-se por vezes até de forma violenta.
Porque não desejamos entender esta forma primária e genética, dado que nos foi embutida a ideia, que somos seres super inteligentes, logo desprezando a parte animal que está em nós, desafiamos uma ordem natural, e tentamos organizar o ser humano á volta de projetos de forma;áo, que ao contrariar essa ordem animal, tendo a promover todo o tipo de alteração de comportamento no ser humano.
De seguida, na tentativa de alinhar aquilo que se observou estar desalinhado, comete-se o mesmo erro de percepção, porque outro não nos foi ensinado, ou seja, a repressão e a proibição, a violência verbal e física, cuja finalidade é a tentativa de impedir atos considerados impróprios, em vez de perceber outras formas de promover o alinhamento.
Resultado, lutamos contra uma parede de betão, porque o corpo reage a quem pretende tirar o seu sentido de vida.
A ansiedade, a rebeldia, a transgressão, os ataques de raiva e vingança, são formas emergentes de um corpo que reage a uma tentativa de ( de ) forma;áo, que ganha uma outra forma sistemática, que contraria a ordem natural sistematizada.
Deste modo nos posicionamos na genética, e no estudo da metafísica, como formas de energia derivadas de um corpo físico, em que a mente obedece ao corpo, na sua forma arcaica.
O recém nascido está coordenado com o seu núcleo genético, e descoordenado nos movimentos em rela;áo a tudo que o rodeia.
No entanto é a partir desse movimento descoordenado exterior, que agarra aqui, pega ali, consegue mais tarde um movimento coordenado, a que chamamos de processo de aprendizagem.
O processo mental posterior, obedece do mesmo modo a essa sistematização organizacional do sistema biológico, que mantém-se imutável durante toda a existência do ser humano, e é exatamente devido a determinadas ideias e atitudes que tendem a contrariar o corpo que sente, que ele assinala a sua ofensa através da ansiedade, de dores diversas, orgânicas e fisiológicas, paralisias, amnésias e anestesia de parte do corpo, e outros transtornos mais ou menos graves, como a depressão ou a melancolia por exemplo, como a tentativa em sobreviver.
Deste modo parece ficar claro, que o corpo que sente, e observada tais condições de alguma " anormalidade ", ou seja instabilidade emocional, podemos perceber que de fato existiu uma quebra da sistematização anterior, que nem sequer pediu permissão ao corpo que pensa para manifestar-se por vezes até de forma violenta.
Porque não desejamos entender esta forma primária e genética, dado que nos foi embutida a ideia, que somos seres super inteligentes, logo desprezando a parte animal que está em nós, desafiamos uma ordem natural, e tentamos organizar o ser humano á volta de projetos de forma;áo, que ao contrariar essa ordem animal, tendo a promover todo o tipo de alteração de comportamento no ser humano.
De seguida, na tentativa de alinhar aquilo que se observou estar desalinhado, comete-se o mesmo erro de percepção, porque outro não nos foi ensinado, ou seja, a repressão e a proibição, a violência verbal e física, cuja finalidade é a tentativa de impedir atos considerados impróprios, em vez de perceber outras formas de promover o alinhamento.
Resultado, lutamos contra uma parede de betão, porque o corpo reage a quem pretende tirar o seu sentido de vida.
A ansiedade, a rebeldia, a transgressão, os ataques de raiva e vingança, são formas emergentes de um corpo que reage a uma tentativa de ( de ) forma;áo, que ganha uma outra forma sistemática, que contraria a ordem natural sistematizada.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
PensarBrasil (III)
HISTÓRIAVIVA – Artigo de Lucília de Almeida
OUTROS MUROS FICARAM
COMEMORA;ÁO DOS 20 ANOS DA QUEDA DO MURO DE BERLIM TRAZ Á TONA UM TEMPO DE DIVISÓES IDEOÓGICAS E REFORÇA A IMPORTÂNCIA DO DIÁLOGO NA MANUTENÇÁO DE UMA CULTURA DE PAZ.
A construção do muro de Berlim aconteceu no ápice da Guerra Fria, no inicio da década de 1960.
Literalmente, o mundo estava dividido em duas áreas de influência, a ocidental, na qual predominavam economias capitalistas, e a oriental em que a maioria dos governos se orientava pela opção socialista.
O mundo ficou, de fato, dividido em dois blocos de poder. Em 1959, quando da revolução Cubana, o socialismo bateu ás portas do continente Americano. A Guerra Fria alcançava seu ápice.
Em Novembro de 1989, ano simbólico da queda do socialismo real e do fim da Guerra Fria, uma multidão eufórica derrubou o muro de Berlim.
Tal ato devia ser entendido como exemplares expressões de vontade coletiva de tolerância, paz e respeito á liberdade. Indicam que muros como o que divide a fronteira dos Estados Unidos da América e o México, e como o que está sendo construído por Israel na Cisjordânia, alimentam discórdias, ódios e fundamentalismos.
Comentários
Enquanto o ato de liberdade do ser humano for derivado de uma proposta opressora e repressiva, pode ser entendido como uma vitória, mas não altera em nada, ou muito pouco, a relação entre os homens.
Caiu o muro de Berlim, como antes o mundo assistiu á queda de Hitler.
Se o muro de Berlim separava famílias e regimes políticos, Hitler tinha ido muito mais longe, tentando exterminar uma raça, pelo que temos de reconhecer que já foi um progresso a construção do muro separatista.
E como diz a articulista, outros muros ficaram, o que significa que a partir de então, pouco ou nenhum progresso foi conseguido nas relações humanas.
Pelo que a história tende a repetir-se inexoravelmente, sendo apenas uma questão circunstancial.
Não parece que sejam as sucessivas quedas, seja de homens ou muros, que nos pode trazer a paz e momentos de alguma felicidade, mas antes uma formação diferenciada, em que o respeito e consideração pelo o outro possa ter lugar.
OUTROS MUROS FICARAM
COMEMORA;ÁO DOS 20 ANOS DA QUEDA DO MURO DE BERLIM TRAZ Á TONA UM TEMPO DE DIVISÓES IDEOÓGICAS E REFORÇA A IMPORTÂNCIA DO DIÁLOGO NA MANUTENÇÁO DE UMA CULTURA DE PAZ.
A construção do muro de Berlim aconteceu no ápice da Guerra Fria, no inicio da década de 1960.
Literalmente, o mundo estava dividido em duas áreas de influência, a ocidental, na qual predominavam economias capitalistas, e a oriental em que a maioria dos governos se orientava pela opção socialista.
O mundo ficou, de fato, dividido em dois blocos de poder. Em 1959, quando da revolução Cubana, o socialismo bateu ás portas do continente Americano. A Guerra Fria alcançava seu ápice.
Em Novembro de 1989, ano simbólico da queda do socialismo real e do fim da Guerra Fria, uma multidão eufórica derrubou o muro de Berlim.
Tal ato devia ser entendido como exemplares expressões de vontade coletiva de tolerância, paz e respeito á liberdade. Indicam que muros como o que divide a fronteira dos Estados Unidos da América e o México, e como o que está sendo construído por Israel na Cisjordânia, alimentam discórdias, ódios e fundamentalismos.
Comentários
Enquanto o ato de liberdade do ser humano for derivado de uma proposta opressora e repressiva, pode ser entendido como uma vitória, mas não altera em nada, ou muito pouco, a relação entre os homens.
Caiu o muro de Berlim, como antes o mundo assistiu á queda de Hitler.
Se o muro de Berlim separava famílias e regimes políticos, Hitler tinha ido muito mais longe, tentando exterminar uma raça, pelo que temos de reconhecer que já foi um progresso a construção do muro separatista.
E como diz a articulista, outros muros ficaram, o que significa que a partir de então, pouco ou nenhum progresso foi conseguido nas relações humanas.
Pelo que a história tende a repetir-se inexoravelmente, sendo apenas uma questão circunstancial.
Não parece que sejam as sucessivas quedas, seja de homens ou muros, que nos pode trazer a paz e momentos de alguma felicidade, mas antes uma formação diferenciada, em que o respeito e consideração pelo o outro possa ter lugar.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
PENSARBRASIL ( ii )
Continuação da entrevista concedida por Luiz Eduardo Soares ao Jornal de Minas – PensarBrasil.
"A esquerda só pensa na economia, como se o crescimento bastasse para solucionar os problemas. A direita, estúpida e irracional, só postula endurecimento de penas e encarceramento, além de mais violência policial, como se isso não estivesse sendo praticado há décadas , com resultados desastrosos.
Nenhuma política ou ação isolada pode ter sucesso, porque o problema é multidimentsional. Precisamos de políticas intersetoriais e integradas.
Entre elas, a arte e a cultura cumprem papel da maior importância.
Polos capazes de oferecer aos jovens os mesmos benefícios materiais, afetivos, psicológicos e simbólicos que as fontes criminosas proporcionam.
Trata-se de uma intensa disputa por coraçóes e mentes e não de uma guerra.
Comentário
Passamos a maior parte da nossa existência a falar do obvio, daquilo que nossos olhos enxergam e nos é dado a conhecer, e continua tudo na mesma ou ainda pior. Não fora os movimentos que emergem de uma vontade civil, no seio da comunidade, cujos resultados mostram ser satisfatórios, não seríamos capazes de descortinar qualquer tipo de mudança no tecido social.
Os " ignorantes " , analfabetos ou de poucos estudos e posses, negros, mulatos ou brancos, porque sentem na pele a guerra, a morte e a miséria humana, e já não conseguem lidar com tanto ódio e falta de afeto, tentam organizar-se em movimentos culturais cujos resultados favoráveis são evidentes.
"A esquerda só pensa na economia, como se o crescimento bastasse para solucionar os problemas. A direita, estúpida e irracional, só postula endurecimento de penas e encarceramento, além de mais violência policial, como se isso não estivesse sendo praticado há décadas , com resultados desastrosos.
Nenhuma política ou ação isolada pode ter sucesso, porque o problema é multidimentsional. Precisamos de políticas intersetoriais e integradas.
Entre elas, a arte e a cultura cumprem papel da maior importância.
Polos capazes de oferecer aos jovens os mesmos benefícios materiais, afetivos, psicológicos e simbólicos que as fontes criminosas proporcionam.
Trata-se de uma intensa disputa por coraçóes e mentes e não de uma guerra.
Comentário
Passamos a maior parte da nossa existência a falar do obvio, daquilo que nossos olhos enxergam e nos é dado a conhecer, e continua tudo na mesma ou ainda pior. Não fora os movimentos que emergem de uma vontade civil, no seio da comunidade, cujos resultados mostram ser satisfatórios, não seríamos capazes de descortinar qualquer tipo de mudança no tecido social.
Os " ignorantes " , analfabetos ou de poucos estudos e posses, negros, mulatos ou brancos, porque sentem na pele a guerra, a morte e a miséria humana, e já não conseguem lidar com tanto ódio e falta de afeto, tentam organizar-se em movimentos culturais cujos resultados favoráveis são evidentes.
domingo, 13 de dezembro de 2009
Pensarbrasil
Jornal Estado de Minas 12.12.2009
VENCER O MEDO
País se defronta com desafio de enfrentar a violência e construir uma sociedade pacífica.
O antropólogo Luiz Eduardo Soares, que foi subsecretário de segurança e coordenador de segurança, justiça e cidadania do Estado do Rio de Janeiro, afirma "O que acontece no Rio é uma tragédia".
Diz ele – Considerando-se apenas os crimes letais por açóes intencionais, há cerca de 50 mil por ano no Brasil. Por outro lado, a brutalidade policial é das mais graves do mundo. Só as polícias do Rio matam mais de mil pessoas por ano. Importante é registar que a imensa maioria das vítimas letais de crimes são jovens do sexo masculino, entre 15 e 24 anos, pobres e frequentemente, negros.
A velha e desgastada "política do confronto" predomina. Tudo se reduz a incursões bélicas ás favelas, em que morrem policiais, inocentes das comunidades e suspeitos.
Comentário
O que nos é dado a observar, é que existe uma perturbação da vida das pessoas das respectivas comunidades, com policiais na rua, trocando tiro com bandido, em que as balas perdidas encontram sempre alguém ao sair da escola, ou na vinda do trabalho.
Não parece existir qualquer dúvida que as incursões bélicas nas favelas são inadequadas, não resolvem o problema, altera a vida das pessoas, matam-se inocentes, e deixam no terreno muito ódio e problemas psicológicos por resolver.
Sujeita-se os policiais a uma tensão psíquica semelhante a uma guerra, em que as condições de equilíbrio emocional ficam seriamente comprometidas.
A inteligência policial deve ser incentivada e desenvolvida, cuja finalidade possa reduzir os danos provenientes de uma incursão policial.
Depois de mortos todos são bandidos, logo desmentido por familiares que afirmam serem bons rapazes, que trabalhavam, ou estudavam e não estariam metidos naquele assunto.
VENCER O MEDO
País se defronta com desafio de enfrentar a violência e construir uma sociedade pacífica.
O antropólogo Luiz Eduardo Soares, que foi subsecretário de segurança e coordenador de segurança, justiça e cidadania do Estado do Rio de Janeiro, afirma "O que acontece no Rio é uma tragédia".
Diz ele – Considerando-se apenas os crimes letais por açóes intencionais, há cerca de 50 mil por ano no Brasil. Por outro lado, a brutalidade policial é das mais graves do mundo. Só as polícias do Rio matam mais de mil pessoas por ano. Importante é registar que a imensa maioria das vítimas letais de crimes são jovens do sexo masculino, entre 15 e 24 anos, pobres e frequentemente, negros.
A velha e desgastada "política do confronto" predomina. Tudo se reduz a incursões bélicas ás favelas, em que morrem policiais, inocentes das comunidades e suspeitos.
Comentário
O que nos é dado a observar, é que existe uma perturbação da vida das pessoas das respectivas comunidades, com policiais na rua, trocando tiro com bandido, em que as balas perdidas encontram sempre alguém ao sair da escola, ou na vinda do trabalho.
Não parece existir qualquer dúvida que as incursões bélicas nas favelas são inadequadas, não resolvem o problema, altera a vida das pessoas, matam-se inocentes, e deixam no terreno muito ódio e problemas psicológicos por resolver.
Sujeita-se os policiais a uma tensão psíquica semelhante a uma guerra, em que as condições de equilíbrio emocional ficam seriamente comprometidas.
A inteligência policial deve ser incentivada e desenvolvida, cuja finalidade possa reduzir os danos provenientes de uma incursão policial.
Depois de mortos todos são bandidos, logo desmentido por familiares que afirmam serem bons rapazes, que trabalhavam, ou estudavam e não estariam metidos naquele assunto.
sábado, 12 de dezembro de 2009
Sentimentos trocados
Quem teve a paciência de me ler em alguns artigos anteriores, observou que dei algum ênfase ao corpo que sente, como forma primária da existência do ser humano, cujo princípio de racionalidade é uma forma posterior, ou seja, uma possibilidade que é conferida á nossa espécie, que não encontramos noutros animais.
A filosofia entende que sem sentido, não pode existir pensamento, o que nos leva a considerar que pensamos de acordo com aquilo que sentimos.
A linguagem coloca nas palavras o sentido e provoca a frase, a partir de uma forma referencial que tem em conta o sujeito, ou aquilo que o satisfaz, e toda uma série de outros elementos comparativos, através dos quais podemos deduzir e construir a frase pretendida.
O que tenho constatado em consultório, é que sentimentos assumidos pelo o sujeito, entendido na sua forma verbal, em muitos casos, para não dizer na sua grande maioria, não correspondem ao que o sujeito na realidade sente.
Assim, o que o sujeito diz ser, apenas parece corresponder a um desejo, que o Não – Ser, ou seja o corpo, reclama, emergindo daí um certo dito, que não consegue em momento algum apagar o não dito de que o corpo reclama.
Eu tenho um poder forte, e já decidi que homem algum vai mandar mais na minha vida, dizia a paciente. O que parecia desconhecer é que tal sentimento emergiu de um sentimento de impotência perante a adversidade.
A senhora tornou a sua aparência dura, forte, por medo de ser submissa de novo a um poder não desejado.
Uma outra dizia sentir uma paixão muito forte pelo o pai.
No decurso de algumas sessões de análise, e perante o material verbal recolhido, fiz-lhe a proposta, de fazer um trabalho de casa, cuja tentativa seria definir a diferença entre paixão e compaixão.
Na sessão seguinte foi firme ao dizer que afinal o que sentia pelo o pai era na realidade compaixão, e não paixão.
Muitas outras são agressivas na tentativa de superar o medo interior que se apodera delas.
Já para não falar naqueles que dizem matar por amor.
Mais alguns exemplos poderia dar, mas estes bastam para me convencerem de que o sentir, como fundamento de uma máquina biológica, é mais importante que o próprio pensamento no comportamento humano.
Porque se assim não fora, bastaria pensar para alterar a nossa postura, e como todos sabem tal não corresponde á realidade.
O sentido na maioria dos casos parece estar para além do cognoscível.
A filosofia entende que sem sentido, não pode existir pensamento, o que nos leva a considerar que pensamos de acordo com aquilo que sentimos.
A linguagem coloca nas palavras o sentido e provoca a frase, a partir de uma forma referencial que tem em conta o sujeito, ou aquilo que o satisfaz, e toda uma série de outros elementos comparativos, através dos quais podemos deduzir e construir a frase pretendida.
O que tenho constatado em consultório, é que sentimentos assumidos pelo o sujeito, entendido na sua forma verbal, em muitos casos, para não dizer na sua grande maioria, não correspondem ao que o sujeito na realidade sente.
Assim, o que o sujeito diz ser, apenas parece corresponder a um desejo, que o Não – Ser, ou seja o corpo, reclama, emergindo daí um certo dito, que não consegue em momento algum apagar o não dito de que o corpo reclama.
Eu tenho um poder forte, e já decidi que homem algum vai mandar mais na minha vida, dizia a paciente. O que parecia desconhecer é que tal sentimento emergiu de um sentimento de impotência perante a adversidade.
A senhora tornou a sua aparência dura, forte, por medo de ser submissa de novo a um poder não desejado.
Uma outra dizia sentir uma paixão muito forte pelo o pai.
No decurso de algumas sessões de análise, e perante o material verbal recolhido, fiz-lhe a proposta, de fazer um trabalho de casa, cuja tentativa seria definir a diferença entre paixão e compaixão.
Na sessão seguinte foi firme ao dizer que afinal o que sentia pelo o pai era na realidade compaixão, e não paixão.
Muitas outras são agressivas na tentativa de superar o medo interior que se apodera delas.
Já para não falar naqueles que dizem matar por amor.
Mais alguns exemplos poderia dar, mas estes bastam para me convencerem de que o sentir, como fundamento de uma máquina biológica, é mais importante que o próprio pensamento no comportamento humano.
Porque se assim não fora, bastaria pensar para alterar a nossa postura, e como todos sabem tal não corresponde á realidade.
O sentido na maioria dos casos parece estar para além do cognoscível.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
RECATO necessário
RECATO necessário
" Perda de valores, excesso de exposição, valorização do dinheiro com o signo de sucesso e ausência de utopia marcam a sociedade e penalizam sobretudo os jovens, tornados mercadorias rentáveis ".
Título de um artigo no jornal Estado de minas // Pensar
Sábado, 28 Novembro 2009
Da autoria de Inez lemos - Psicanalista
Referencia no inicio do seu artigo a romancista Simone de Beauvoir, companheira do filósofo Jean-Paul Sarte, cuja vida está a ser levada a palco pela atriz Fernanda Montenegro, com a peça de teatro " Viver sem tempos mortos ", com enorme sucesso,
segundo a colunista.
Acrescenta de seguida, que Fernanda Montenegro, ao encarnar Simone, metaforiza a época em que o pensamento encantava o mundo com sua pujança e júbilo.
De onde se presume que o pensamento de hoje, já não o consegue fazer, talvez porque aquilo que pensamos em nada acrescenta ao que foi dito por outros homens que viveram antes de nós, nem deles bebemos o mais saber.
Se assim é, devemos aprender com eles a pensar.
Na referência a "empobrecimento simbólico " , embora não perceba exatamente o que pretende dizer com a frase, dado que todos somos ricos nessa matéria, porque sem o simbólico não existe sujeito, afirma o seguinte :
Tudo vale para ocupar o vazio de utopia e esperança Um jovem precisa encontrar algo a que se apegar – sem utopia, viver é pesadelo.
Quando o vazio não está preenchido, não existe Ser, e se existe, não consegue estar sem preencher seu espaço interior e exterior, mesmo que seja á custa de maconha, ou da exposição pública.
Afirma de seguida, que ao cultuarmos aparência, espetáculo e sucesso instantâneo, denunciamos nossa opção ao narcisismo e ao hedonismo.
E se bem me recordo Simone de Beauvoir até na união com Sartre era hedonista.
A certa altura do seu artigo diz assim – Quem não se alimenta do belo (arte, filosofia), se alimenta da carne.
A ambivalência do discurso, é sempre a tentativa de afirmação do sujeito, que por via disso tenta negar o outro.
A seguir escreve o seguinte – " Deliciamo-nos com uma mídia obscena e extravagante, que gosta de exibir mulheres nuas. Cultuamos o exagero, o sórdido e o estupor, divertimo-nos com a maledicência. Somos a república da perversão, cujo entretenimento dos jovens é sair de madrugada espancando mendigos, índios, prostitutas e homossexuais.
Qualquer corpo de fora, fofoca e traição viram notícia, produz celebridades e revertem bons chachês na Playboy. Do cabaré de Brasília ao big brother, a ordem é arriscar alguns minutos de glória. Estamos sempre sendo convocados á falta de decoro e honradez.
O Brasil é um convite á libertinagem ?
Que venha a mídia, eu quero mais é ser desejada, virar artista, ganhar muito dinheiro, trabalhar pouco e ser respeitada, pois pobre neste país não vale nada.
Eu acrescentaria, como um velho escritor Português, que era mestre no saber acerca de abelhas, que num dos seus livros dizia assim:
A televisão faz calar os inteligentes e falar os burros.
Ou seja, parece ser mais uma questão de oportunidade que nos leva a ser considerados, ganhando fama e dinheiro com isso, do que propriamente ser mestre naquilo que transmitimos.
A escolha será sempre de quem nos escuta e lê, e porque é importante estar e manter-se na vitrine, somos tentados a fazer e a dizer aquilo que a maioria deseja ouvir.
A diferença dos homens que botaram discurso e fizeram história no passado para os de hoje, reside no fato de que eles não se preocupavam com o pensamento alheio, mesmo que lhes queimassem os livros em praça pública, e ficassem na miséria, continuavam a expor os seus pensamentos por mais polémicos que fossem.
Coisa que não acontece hoje, porque pobre não pode ser filósofo.
" Perda de valores, excesso de exposição, valorização do dinheiro com o signo de sucesso e ausência de utopia marcam a sociedade e penalizam sobretudo os jovens, tornados mercadorias rentáveis ".
Título de um artigo no jornal Estado de minas // Pensar
Sábado, 28 Novembro 2009
Da autoria de Inez lemos - Psicanalista
Referencia no inicio do seu artigo a romancista Simone de Beauvoir, companheira do filósofo Jean-Paul Sarte, cuja vida está a ser levada a palco pela atriz Fernanda Montenegro, com a peça de teatro " Viver sem tempos mortos ", com enorme sucesso,
segundo a colunista.
Acrescenta de seguida, que Fernanda Montenegro, ao encarnar Simone, metaforiza a época em que o pensamento encantava o mundo com sua pujança e júbilo.
De onde se presume que o pensamento de hoje, já não o consegue fazer, talvez porque aquilo que pensamos em nada acrescenta ao que foi dito por outros homens que viveram antes de nós, nem deles bebemos o mais saber.
Se assim é, devemos aprender com eles a pensar.
Na referência a "empobrecimento simbólico " , embora não perceba exatamente o que pretende dizer com a frase, dado que todos somos ricos nessa matéria, porque sem o simbólico não existe sujeito, afirma o seguinte :
Tudo vale para ocupar o vazio de utopia e esperança Um jovem precisa encontrar algo a que se apegar – sem utopia, viver é pesadelo.
Quando o vazio não está preenchido, não existe Ser, e se existe, não consegue estar sem preencher seu espaço interior e exterior, mesmo que seja á custa de maconha, ou da exposição pública.
Afirma de seguida, que ao cultuarmos aparência, espetáculo e sucesso instantâneo, denunciamos nossa opção ao narcisismo e ao hedonismo.
E se bem me recordo Simone de Beauvoir até na união com Sartre era hedonista.
A certa altura do seu artigo diz assim – Quem não se alimenta do belo (arte, filosofia), se alimenta da carne.
A ambivalência do discurso, é sempre a tentativa de afirmação do sujeito, que por via disso tenta negar o outro.
A seguir escreve o seguinte – " Deliciamo-nos com uma mídia obscena e extravagante, que gosta de exibir mulheres nuas. Cultuamos o exagero, o sórdido e o estupor, divertimo-nos com a maledicência. Somos a república da perversão, cujo entretenimento dos jovens é sair de madrugada espancando mendigos, índios, prostitutas e homossexuais.
Qualquer corpo de fora, fofoca e traição viram notícia, produz celebridades e revertem bons chachês na Playboy. Do cabaré de Brasília ao big brother, a ordem é arriscar alguns minutos de glória. Estamos sempre sendo convocados á falta de decoro e honradez.
O Brasil é um convite á libertinagem ?
Que venha a mídia, eu quero mais é ser desejada, virar artista, ganhar muito dinheiro, trabalhar pouco e ser respeitada, pois pobre neste país não vale nada.
Eu acrescentaria, como um velho escritor Português, que era mestre no saber acerca de abelhas, que num dos seus livros dizia assim:
A televisão faz calar os inteligentes e falar os burros.
Ou seja, parece ser mais uma questão de oportunidade que nos leva a ser considerados, ganhando fama e dinheiro com isso, do que propriamente ser mestre naquilo que transmitimos.
A escolha será sempre de quem nos escuta e lê, e porque é importante estar e manter-se na vitrine, somos tentados a fazer e a dizer aquilo que a maioria deseja ouvir.
A diferença dos homens que botaram discurso e fizeram história no passado para os de hoje, reside no fato de que eles não se preocupavam com o pensamento alheio, mesmo que lhes queimassem os livros em praça pública, e ficassem na miséria, continuavam a expor os seus pensamentos por mais polémicos que fossem.
Coisa que não acontece hoje, porque pobre não pode ser filósofo.
domingo, 6 de dezembro de 2009
sábado, 5 de dezembro de 2009
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Didática e ética II
Os grandes centros populacionais e os meios de comunicação, com maior ênfase para internet, permitem a qualquer momento a relação do sujeito que padece com muitos outros seres humanos, permitindo-lhe a descarga de energia, trazendo como consequência o alívio de uma tensão interior, a ansiedade, garantindo-lhe a sensação de um certo bem estar, não tocando porém, ou deixando mais ou menos intacto o núcleo patológico. Dada a própria evolução da sociedade e da tecnologia, que permite a comunicação imediata e fácil com os mais diversos temas, em que a ocupação intelectual para uns parece ser a solução para todos os transtornos psíquicos, exceto para aqueles que procuram sites eróticos e até pornográficos.
De uma forma ou de outra ajuda a vincular o sujeito ao seu Eu, o afastando do sintoma, porque falar e escrever é afirmar-se.
Como resultante temos a fuga ao sintoma, não permitindo o isolamento do sujeito, em que só o faz, quando bastante debilitado, sendo nessa altura que por vezes sente a necessidade de submeter-se á analise.
Como o hábito faz o monge, ele vem á procura de um milagre ou de um poder mágico que possa arrancar de vez do peito aquela ansiedade que o incomoda.
Perceba-se o absurdo, o sujeito pretende encontrar o remédio para o corpo, não entendendo que a sua alma padece.
Agora vem a contradição, como alguém procura um poder mágico e o milagre em algo que parece estar para além dos homens, num outro homem qualquer ?
Conclusão, milagres e magia não existem na realidade terrena.
Mas como interpretar a fala do sujeito, que foi motivo deste artigo ?
Parece existir um medo oculto que o impede de sujeitar-se a análise, em virtude do seu desejo de manter-se virgem, impedindo desse modo que possa ser invadido na sua interioridade, de algo que considera maligno, em que deixa transparecer a sua intolerância e prepotência.
Ë precisamente esse poder narcisista que sai reforçado desses anos de fuga ao sintoma, que coloca em causa os princípios da psicanálise, a partir do momento que o próprio psicanalista deixa-se submeter a um desejo do analisando, em que este tenta conduzir a forma como deve ser exercida a psicanálise.
Não é apenas uma questão técnica de atendimento, mas didática, cujas sessões seguintes devem incidir sobre este tema, para que possa ser possível dissolver o romance familiar, em que o analisando está a colocar o psicanalista.
Se o analista não conseguir resolver esse conflito, talvez seja preferível romper com o analisando, para que não aconteçam casos como estes, da eternezição do analisando e do patológico.
Se a psicanálise é diferente, só sendo na realidade diferente de outras disciplinas, poderá na realidade impor-se.
De uma forma ou de outra ajuda a vincular o sujeito ao seu Eu, o afastando do sintoma, porque falar e escrever é afirmar-se.
Como resultante temos a fuga ao sintoma, não permitindo o isolamento do sujeito, em que só o faz, quando bastante debilitado, sendo nessa altura que por vezes sente a necessidade de submeter-se á analise.
Como o hábito faz o monge, ele vem á procura de um milagre ou de um poder mágico que possa arrancar de vez do peito aquela ansiedade que o incomoda.
Perceba-se o absurdo, o sujeito pretende encontrar o remédio para o corpo, não entendendo que a sua alma padece.
Agora vem a contradição, como alguém procura um poder mágico e o milagre em algo que parece estar para além dos homens, num outro homem qualquer ?
Conclusão, milagres e magia não existem na realidade terrena.
Mas como interpretar a fala do sujeito, que foi motivo deste artigo ?
Parece existir um medo oculto que o impede de sujeitar-se a análise, em virtude do seu desejo de manter-se virgem, impedindo desse modo que possa ser invadido na sua interioridade, de algo que considera maligno, em que deixa transparecer a sua intolerância e prepotência.
Ë precisamente esse poder narcisista que sai reforçado desses anos de fuga ao sintoma, que coloca em causa os princípios da psicanálise, a partir do momento que o próprio psicanalista deixa-se submeter a um desejo do analisando, em que este tenta conduzir a forma como deve ser exercida a psicanálise.
Não é apenas uma questão técnica de atendimento, mas didática, cujas sessões seguintes devem incidir sobre este tema, para que possa ser possível dissolver o romance familiar, em que o analisando está a colocar o psicanalista.
Se o analista não conseguir resolver esse conflito, talvez seja preferível romper com o analisando, para que não aconteçam casos como estes, da eternezição do analisando e do patológico.
Se a psicanálise é diferente, só sendo na realidade diferente de outras disciplinas, poderá na realidade impor-se.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Metafísica ( II )
A metafísica não tem em conta o pensamento humano, mas antes as manifestações do corpo, inserido num campo de ação, onde circulam forças de energia, que promovem o movimento dos corpos.
O pensamento humano deve ser entendido como a consequência derivada desse campo energético, como algo adquirido e posterior ao próprio processo metafísico.
A primeira representação, são as manifestações do próprio corpo que o ente representa, que se faz representar através de forças energéticas, que geram o movimento e darão lugar á expressão.
A primeira conclusão é que a expressão só pode ser observada, pela existência de uma impressáo, como algo inato ou adquirido que a antecede.
A partir da metafísica podemos observar a história do ser como subjetivo, e do corpo como objetivo, dado que depende da relação com outros corpos que contém em si, a sua própria história, como a realidade manifesta de um corpo.
O que encontramos para além da metafísica, são outros objetos, que nos permite uma relação ontológica, em que o movimento endógeno no sentido exógeno, e no sentido contrário, tende a determinar uma determinada postura, que é garantida pela expressão.
Quando essa relação ontológica apresenta apenas uma base energética sem conteúdo, apenas uma imagem, estamos a falar de metafísica e de imanência.
Quando ela está associada a formas conceptuais devemos falar em metapsicologia.
A segunda conclusão que podemos tirar, é a necessidade da relação com os objetos, cuja finalidade é a auto satisfação.
Recordemos Freud quando afirma nos seus escritos “ Os três ensaios sobre a teoria da sexualidade “ser a auto erotização um processo natural de satisfação e de prazer, que tem sua base impressa no próprio corpo.
A terceira conclusão derivada da anterior, é que aquilo que se encontra impresso no corpo, entenda-se como verdadeira ou não, tende a expressar-se como necessidade, cuja manifestação só pode dar-se através do movimento, que só é possível devido a uma energia, e a um campo de ação energético.
Se nos detivermos na palavra “ impressão “, percebemos que só impressionado o corpo reage, e que ele só se impressiona, quando algo está, ou parece estar para além da sua própria impressáo.
O que nos leva a considerar que o corpo não é impressionado, enquanto persistir uma identidade de forças interiores e exteriores, em que a questão da ausência, ou de um diferencial mínimo de potência entre a interioridade e o exterior, parece garantir a constância, ou a estabilidade do próprio corpo.
Talvez por isso, quando identificados através da ausência de um diferencial de potencial, nos garanta a sensação que dois corpos distintos, pareçam iguais, devido á ausência de material diversificado que possa originar a diferencia de potencial, a que chamamos de mesmice.
No entanto tal estado, ao fim de um certo tempo começa a causar incómodo, dado que devido a ele parece existir uma certa imobilidade do corpo, causadora de irritação, que necessita do movimento para constantemente organizar-se.
O pensamento humano deve ser entendido como a consequência derivada desse campo energético, como algo adquirido e posterior ao próprio processo metafísico.
A primeira representação, são as manifestações do próprio corpo que o ente representa, que se faz representar através de forças energéticas, que geram o movimento e darão lugar á expressão.
A primeira conclusão é que a expressão só pode ser observada, pela existência de uma impressáo, como algo inato ou adquirido que a antecede.
A partir da metafísica podemos observar a história do ser como subjetivo, e do corpo como objetivo, dado que depende da relação com outros corpos que contém em si, a sua própria história, como a realidade manifesta de um corpo.
O que encontramos para além da metafísica, são outros objetos, que nos permite uma relação ontológica, em que o movimento endógeno no sentido exógeno, e no sentido contrário, tende a determinar uma determinada postura, que é garantida pela expressão.
Quando essa relação ontológica apresenta apenas uma base energética sem conteúdo, apenas uma imagem, estamos a falar de metafísica e de imanência.
Quando ela está associada a formas conceptuais devemos falar em metapsicologia.
A segunda conclusão que podemos tirar, é a necessidade da relação com os objetos, cuja finalidade é a auto satisfação.
Recordemos Freud quando afirma nos seus escritos “ Os três ensaios sobre a teoria da sexualidade “ser a auto erotização um processo natural de satisfação e de prazer, que tem sua base impressa no próprio corpo.
A terceira conclusão derivada da anterior, é que aquilo que se encontra impresso no corpo, entenda-se como verdadeira ou não, tende a expressar-se como necessidade, cuja manifestação só pode dar-se através do movimento, que só é possível devido a uma energia, e a um campo de ação energético.
Se nos detivermos na palavra “ impressão “, percebemos que só impressionado o corpo reage, e que ele só se impressiona, quando algo está, ou parece estar para além da sua própria impressáo.
O que nos leva a considerar que o corpo não é impressionado, enquanto persistir uma identidade de forças interiores e exteriores, em que a questão da ausência, ou de um diferencial mínimo de potência entre a interioridade e o exterior, parece garantir a constância, ou a estabilidade do próprio corpo.
Talvez por isso, quando identificados através da ausência de um diferencial de potencial, nos garanta a sensação que dois corpos distintos, pareçam iguais, devido á ausência de material diversificado que possa originar a diferencia de potencial, a que chamamos de mesmice.
No entanto tal estado, ao fim de um certo tempo começa a causar incómodo, dado que devido a ele parece existir uma certa imobilidade do corpo, causadora de irritação, que necessita do movimento para constantemente organizar-se.
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