Os olhos que amam
Também matam
Os olhos que enxergam
Recusam-se a ver
Cegos por uma ideia
Que fazem do dia
Noite.
Falar de esquizofrenia é falar de corações partidos e ao mesmo tempo perdidos.
È falar de fragmentos humanos que por diversas razões não foi possível juntar.
È falar do persecutório, como algo ou alguma coisa que sempre á espreita, não o deixa ser inteiro.
È falar de um ser que não é, que gostaria de ser, que olha no espelho e não se reconhece.
È falar com os outros e dos outros, porque não sabe falar de si.
È falar de amor, por não saber amar, porque nunca foi respeitado.
È falar, falar, e não deixar de expressar-se, porque nada contém em si.
È a falta de uma ordem interna, que se manifesta pela desordem externa.
È a expressão que lhe garante uma certa ordem e o faz viver.
È a representação de uma interioridade, que não lhe foi permitida representar.
Não sei quem sou.
Falar da esquizofrenia, julgando tudo saber, sem uma base de estudo e sobretudo de investigação, é falar da sua própria prepotência e intolerância, ignorando o ser esquizofrénico.
Guardai o segredo
Julgando guardar
Vossas almas
Em segredo
O ser mortal
Que deseja a imortalidade
Guarda dentro de si
A morte
De uma ideia
Mantida em segredo
Que não tem condições
Para se mostrar
Que só a revelação
A verdade
O pode salvar.
João António Fernandes - Psicanalista
quinta-feira, 24 de junho de 2010
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2 comentários:
Ao ler este post, sinto que fala de alguém que têm a ânsia da vida, com medo que algo em si morra. Alguém que quer ser tudo, manifestar todas as suas partes, dando o papel principal a cada uma delas, por isso tornando-se incompreendido e partido. Um texto poético!
Ana
O problema é que essa ânsia de viver expressa nas atitudes mais esquisitas,são caricaturas de algo interior fragmentado, cujos cacos não consegue colar, para que possa dar vida.
É um corpo que tem vida biológica, mas fragmentado no psiquismo.
Beijinhos
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