A energia como fator fundamental da existência do ser vivo, é condição indissociável e sempre presente em qualquer processo físico ou químico, e que deve ser entendido segundo as leis da física.
È o veículo dos vários elementos do corpo, que em cada fenómeno necessita de uma certa quantidade de energia, que não podemos mensurar, a que se opõe uma determinada resistência, proveniente de outros corpos, que exercem uma certa pressão, que provoca alterações de intensidade energética.
È da energia que provém a potência, que permite os diversos movimentos, tanto orgânicos, fisiológicos, como psíquicos.
Aquilo que chamamos de poder, é a força potencializada que exercemos sobre outros corpos, de forma mais ou menos intensa, de acordo com aquilo que sentimos na interioridade.
O poder por isso, só o percebemos, quando passamos da interioridade para o meio exterior, cuja finalidade é a tentativa em obter o que nos possa satisfazer.
Essa força energética, serve a qualquer propósito e a todas as funções do corpo.
Quando falamos por exemplo, num poder narcisista, o fazemos tendo como referência um potencial energético, que tem uma certa quantidade de energia, que não é mensurável, mas apenas é sentida pelo o indivíduo, em forma de tensão,
Quando nos referimos a uma forma narcisista, o fazemos em face de um modo idealista de entender as coisas e o mundo que nos rodeia.
O leitor dirá que todos temos ideais a perseguir e que isso é normal, e na realidade assim é, mas a referência a formas idealizadas em psicanálise, significa obsessão mental, que a qualquer custo são metas a alcançar pelo indivíduo, tantas vezes desrespeitando e desconsiderando o seu semelhante.
È por isso a quantidade de energia e a sua intensidade provocada por um desejo, que se deseja de forma intensa, que determina o fenómeno a que chamamos de poder narcisista, e não a própria ideia em si mesmo.
Potência e poder devem ser entendidas como coisas diferentes.
Nasce daqui a noção de que somos um corpo energético, que temos potência, mas que nem sempre somos potentes para executar as diversas tarefas a que nos propomos, apenas porque não somos super homens ou heróis, e temos alguma limitações, tanto de ordem física, quanto psíquica.
Aquele que julga ter poder, sente-se poderoso, como forma própria e idealista de entender as coisas, quando frustrado, sente-se impotente.
A sua energia como que desapareceu e sente-se brocha.
O super homem virou minhoca, vítima do seu próprio idealismo, que o fez crer poderoso, quando afinal em tantas momentos é tão fraco quanto os outros.
Que é feito da energia do homem aranha, que fazia dele um ser superior a todos os
outros ?
Cabe ao psicanalista perceber onde ela agora está localizada, porque o sujeito não consegue entender o que fugiu de si, que o deixou tão abalado e sem energia, que mais parece um farrapo, do que um ser humano com vida.
Deixamos de falar do ser, e passamos a falar do estar, como duas condições distintas da existência do ser humano.
Eu estou satisfeito, alegre, de bem com a vida, amo e sou amado.
Eu estou insatisfeito, triste e angustiado, abandonado e carente.
Eu sou aquele, que está e não está por momentos, porque não consegue estar em todos os momentos, satisfeito ou insatisfeito.
Somos aquilo que podemos ser em cada momento, e não aquilo que gostaríamos de ser.
São os momentos de solidão que exigem uma companhia. São os momentos da partilha, que impõe a necessidade de vir a estar sozinho por momentos.
È nesta tentativa de equilíbrio que nos posicionamos, porque sentimos que algo nos faz perder o equilíbrio, embora na maioria das vezes nem sequer conseguimos perceber o que nos levou a ficar nessa posição, e o que emerge é um sentimento de perda.
Quem não consegue compensar e recuperar de forma mais ou menos imediata o equilíbrio, sofre e fica angustiado.
Não é por cair que não se levanta, mas antes por entender que o trambolhão foi grande, e julga não ter condições para poder levantar-se, erguer a cabeça e seguir em frente, tomando como exemplo a própria queda.
Ele simplesmente não deseja cair, por isso coloca a máscara do poderoso.
Transformou a flor do narciso, na casa dos horrores.
Artigo do autor do blog publicado no jornal Informativo centro – Oeste - Divinopólis
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Energia - Potência e poder
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