Retalhos de uma vida - Livro do autor do blog

http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7 Definir um livro pela resenha é um fato que só é possível quando o livro realmente apresenta um conteúdo impar, instigante, sensível, inteligente, técnico e ao mesmo tempo de fácil entendimento....e Retalhos de uma vida, sem sombra de dúvidas é um livro assim. Parabens, o livro está sendo um sucesso. Ricardo Ribeiro - psicanalista

domingo, 10 de janeiro de 2010

Falemos claro

Ontem, como em todas as manhãs, saio de casa, entro no supermercado, compro o leite, o pão e um maço de cigarros.
O balconista, um jovem e também gerente da loja, apontou para a sinistra figura que se encontra num dos lados do maço de cigarros, que desta feita, tinha a ver com o envelhecimento precoce, e apenas balbuciou, oh! oh!
Não sei se o jovem pensou que seria a primeira vez que comprava um maço de cigarros, e por isso teve o cuidado de me alertar para tal desgraça, talvez não tivesse reparado que todos os dias compro naquele estabelecimento comercial o maldito veneno.
Decerto não foi sua intenção estragar o meu dia, porque na realidade os nossos caminhos não se tinham cruzado antes, de onde pudesse surgir qualquer mal entendido. O que se tratava mesmo era de piedade.
Os eternos vigilantes da vida alheia, que só querem o nosso bem, que acenam o tempo todo com o fantasma da morte, que não conseguem viver felizes, tão preocupados que estão com os outros, enquanto eu fumo e sinto-me feliz.
Não sei quem lhes encomendou o sermão, e em nome de quê e quem o fazem, como aqueles que batem á nossa porta, para nos converter a uma igreja qualquer, que é sempre melhor que as anteriores.
Claro, que os respeito na sua cruzada de sofrimento e por isso sou simpático, porque sei bem que essas campanhas de piedade lançadas pelo o governo, é só para distrair e encobrir o que eles não fazem pela formação dos jovens e famílias.
Não mexem uma palha quando se trata de formação e prevenção, e só lançam programas de emergência e desatam a julgar e condenar as pessoas, numa atitude paternalista sem regras, como se fossem bombeiros, que por acaso ninguém chamou, para apagar os fogos, que eles próprios deixaram atear.
É a política do faz de conta, que armam as pessoas em policiais de seus semelhantes, que enquanto entretidos nessa luta de escravos, deixam o senhor cometer as maiores injustiças e atrocidades.
Pensando o sujeito estar a zelar pelo meu bem estar, nem sequer percebe que está a dar conselhos que ninguém lhe pediu, talvez porque se ache no direito de interferir na vida de cada um.
Eu só quero o seu bem, ouvimos tantas vezes dizer.
Respondi de forma serena e com o sorriso nos lábios, que não precisava ter pena de mim, porque de qualquer forma estou condenado á morte, e que aprecio muito mais o respeito e consideração que os homens devem ter uns pelos os outros.
Talvez as pessoas não entendam o que por vezes os outros desejam transmitir, o que não foi o caso, porque hoje sem comentar nada, colocou com todo o carinho o maço de cigarros na minha sacola de plástico, desejando-me um bom dia.
Claro que não sou ignorante quanto aos malefícios do cigarro, nem é preciso gastar-se dinheiro dos impostos em propaganda que não serve para nada, ou pelo menos poucos efeitos produz, valeria muito mais empregar esse dinheiro na formação e ensino dos jovens, coisa que não acontece.
Mesmo aqueles que praticam crimes hediondos, sabem muito bem o que estão a fazer, e apesar de existir uma lei que proíbe e pune tais atitudes, nem por isso os deixam de praticar, logo não é por aí o caminho.
Pela minha parte sei muito bem os perigos que corro, mas por favor deixem-me morrer feliz,
O cigarro mata, a droga mata, o álcool mata, o trânsito mata, o stress mata.
Apenas a constatação do obvio, que nem sequer é preciso ser doutor para perceber isso, mas por incrível que pareça a coberto de sua "autoridade", ganham muito dinheiro só por afirmar o que toda a gente já sabe.
Mas o cigarro faz mal, pode apanhar uma doença grave e morrer.
Como se bastasse deixar de fumar, para já não bater as botas e ir deste para o outro mundo.
Como disse Nietszche – Ao diabo a psicologia.

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