Mataram o cabra macho que desafiou o império da verdade e da razão, a que logo fazem saber que é terra de liberdade para dar um tom de coisa real á própria morte, que nos liberta de uma raiva contida, que uma vez vingada desaparece como por encanto.
Mataram o cabra macho, herói de terreno baldio, das montanhas e cavernas, eremita dos Emirados, homem de mil e uma noites e mulheres, aqui na terra como no céu, abraçou de vez suas virgens, o lavando de todas as impurezas, o tornando renovado e puro.
Da matança dos heróis reza a história, que faz herói aquele que o matou, e de objeto sagrado aquele que morreu ás mãos de um justiceiro, em que o oculto de um passado já nem se recorda mais, nem existe o desejo de saber quem deu o primeiro passo.
Quem o fez herói ?
Já nenhum de nós se recorda.
Fernando Pessoa – Livro do desassossego
- Vai inconsciente. Vive inconsciente. Dorme porque todos dormimos. Toda a vida é um sonho. Ninguém sabe o que faz, ninguém sabe o que quer, ninguém sabe o que sabe. Dormimos a vida, eternas crianças do Destino. Por isso sinto, se pensa com esta sensação, uma ternura informe e imensa por toda a humanidade infantil, por toda a vida social dormente, por todos, por tudo.
Vejo-os a todos através de uma compaixão de único consciente, os pobres-diabos homens, o pobre-diabo humanidade,
O que está tudo isto a fazer aqui ?
terça-feira, 3 de maio de 2011
Mataram o cabra macho
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