Viajando pela Europa cheguei a Geneve – Suíça, ás duas da madrugada, vindo de Paris levado pelo TGV, trem de alta velocidade, que por dentro é muito semelhante a um avião.
Já se passaram uns bons anos destas mini férias, mas ainda hoje recordo as primeiras horas no país dos relógios e chocolates, aliás, lindíssimo, em que a prevenção policial fez a cabeça em água ao meu compadre, que por ser latino não aceitou lá muito bem que num espaço de três horas tivesse que mostrar o passaporte por diversas vezes ás autoridades, e justificar o que fazíamos àquela hora passeando pelas ruas da cidade.
O meu compadre, cabeça dura, tinha um número de telefone de um amigo português a viver naquela cidade, e enquanto não arranjou um orelhão de onde fosse possível telefonar não descansou.
Ele bem discou os números que tinha, mas ninguém respondia do outro lado do fio.
Vamos para um hotel descansar o corpo, disse eu.
Mas negou, teimosamente queria encontrar o tal amigo.
Meu amigo, aqui é a Suíça, e não tarda nada, que os policiais venham pedir os passaportes, e explicações do que estamos a fazer a esta hora passeando pela cidade.
Fiz-lhe notar, que em contraste com nosso Portugal as entradas e vitrines das lojas não tinham proteção alguma, o que era sinal da vigilância atenta das autoridades, que promoviam uma ação preventiva na abordagem ás pessoas na rua a partir da meia noite.
Cabeça dura continuou com a sua idéia obsessiva.
Para meu azar ao cruzar pela única alma viva que observámos durante a nossa caminhada, para além das nossas, claro, reconheceu o nosso linguajar lusitano, e se apresentou como conterrâneo, a quem o meu compadre pediu logo ajuda para localizar o tal amigo.
O indivíduo que vivia na Suíça, disse que só a polícia podia desvendar o mistério do amigo não atender o telefone, e lá foram os dois para a esquadra – Delegacia -, ficando eu com a mulher dele,e a minha, á espera no passeio de uma rua qualquer do resultado de tão grande investigação.
Ainda o tentei demover de suas intenções, mas a birra não estava para aí virada.
Eu tinha a sensação que algo iria acontecer, entretanto não muito agradável, e que existia uma forte probabilidade de acabar tudo na Delegacia, quando comecei a avistar um carro da polícia.
Passou por nós, parou um pouco mais á frente, percebi que estava a comunicar via rádio com alguém, e disse para as acompanhantes:
Eu bem disse que toda esta birra do compadre não ia acabar bem.
Não tarda nada estamos a ser incomodados pelos os policiais. Ainda por cima a situação era inusitada, dado que eu nem sequer sabia onde se encontrava o compadre, nem a localização da Delegacia. Em resumo, encontrava-me completo perdido, numa cidade que acabara de conhecer.
De repente chegou o compadre, graças a Deus. Atravessamos a rua na direção de um hotel bem ali á vista, quando ouvimos pneus a chiar no asfalto. Era o carro da polícia, que parou na nossa frente, saindo quatro rapazes bem dotados de músculos, que tinham o dobro da minha altura, e enquanto um pedia os passaportes, os outros tinham as mãos colocadas nas armas.
Recordo, que de entre os demais, eu era aquele que não dominava na perfeição a língua francesa, e fui forçado a servir de interprete, tal era aflição.
Tive que explicar tudo que tinha acontecido, os policiais comunicaram com a Delegacia, e indicaram o referido hotel para dormitar, fazendo questão de afirmar que àquela hora não podíamos vaguear pelas ruas.
O meu compadre ganhou uma raiva tal, que afirmava ser um país intolerante, prepotente, onde não existia liberdade.
Não sei o que cada um possa entender por liberdade, mas quem paga impostos deseja dormir descansado.
De salientar, que durante a abordagem policial fomos tratados com o maior respeito, muito embora com aquela cara de poucos amigos.
Quando tudo isto aconteceu, todos estavam na casa dos trinta anos de idade, que já não podiam ser confundidos com as crianças saídas da puberdade, que se encontram a vaguear pelas ruas de uma cidade qualquer.
Aprendi na prática, que a proteção encontra-se na prevenção.
A raiva do compadre virou ira, quando lhe disse que gostaria deste tipo de policiamento em Portugal.
Para bom entendedor meia palavra basta.
domingo, 10 de abril de 2011
Prevenção do crime
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