Retalhos de uma vida - Livro do autor do blog

http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7 Definir um livro pela resenha é um fato que só é possível quando o livro realmente apresenta um conteúdo impar, instigante, sensível, inteligente, técnico e ao mesmo tempo de fácil entendimento....e Retalhos de uma vida, sem sombra de dúvidas é um livro assim. Parabens, o livro está sendo um sucesso. Ricardo Ribeiro - psicanalista

domingo, 6 de março de 2011

O homem fantástico

Gente que se apressa a ter pressa, tece comentários com o seu quê de afirmação e questionamento, que não sendo uma coisa nem outra, melhor será ter opinião, que parecer ignorante.
De fato nenhum de nós pode saber quais os motivos, que levaram aquele ser humano ao suicídio.
Também ainda hoje a ciência não sabe explicar o que motiva o suicídio de baleias, aliás, se me permitem comparar, casos idênticos existem em seres humanos, como aqueles de seitas religiosas, ou dos homens bomba, que em nome de um coletivo, e do divino, se entregam ao sacrifício do corpo, em que a morte é bem vinda, e parece ser motivo de satisfação.
Era fraco demais, afirmam alguns, ou suficientemente forte para deixar-se cair do quinto andar de seu apartamento.
A discussão posiciona-se em relação ao saber, se aquela criatura seria forte ou fraca na altura de lançar-se como o homem aranhão de uma plataforma, algures vinte metros acima do solo, que por não possuir aqueles tentáculos elásticos, que é próprio das aranhas, o resultado foi esborrachar-se no asfalto, acabando com a sua vida.
Seria ele também ignorante do que lhe poderia acontecer ?
Seria ele o homem fantástico, que fantasia, que ao cair na realidade já não acordou do seu sonho ?
Sonhar acordado parece ser perigoso.
No entanto a realidade é colocada perante o olhar incrédulo dos observadores, coisa que o defunto já não o pode fazer, nem talvez antes conseguisse enxergar outras possibilidades de viver, se não aquela.
Trocar a vida pela morte será como trocar a rainha para salvar o rei no tabuleiro de xadrez, tendo a noção que está a perder o jogo, e que pouco, ou mais nada poderá fazer por si.
Entregar a rainha é um sinal de derrota eminente.
Trocar a vida pela a morte será a própria imanência de um indivíduo que pouco, ou mais nada contém em si, que possa ser motivo suficiente para seguir seu caminho na vida, em que a morte para ele, parece ser a salvação de uma vida já sem vida.
Talvez por isso, ver a sua rainha nos braços de um outro, que parece ser agora o rei daquele pedaço de carne, cause uma sensação estranha de impotência perante uma realidade, que nunca julgou poder acontecer com ele.
A realidade se encarrega de nos dar a desilusão, cuja sensação de traição será apenas fruto de uma ilusão construída, acorrentados a uma idéia de um absoluto dever, que não pode, nem deve ser corrompido.
Tentar contrariar a natureza das próprias coisas é para super homens, que não humanos, em que parecem ser exatamente aqueles, que não tendem a criar fantasias, e que se superam ás próprias adversidades, e charlatanices humanas, que tentam impor modelos, e condutas sociais, para que possam ser olhados como homens de bem.
Porque aquele ser humano procurou o suicídio ?
Eu sei lá.
Se fosse forte não teria procurado a morte, porque a ela resistiria, afirma uma senhora.
Um outro senhor disse: - Mas um fraco tem medo até da sua própria sombra, como poderia desejar a morte ?
Perante o conteúdo do diálogo chego á conclusão, que ser fraco ou forte não será motivo suficiente para um indivíduo procurar a morte.
Mas será que a procura, ou pelo o contrário ela mora no seu interior, sem que perceba que ela alugou um quarto no cantinho dos seus aposentos ?
Quando deixamos a porta aberta da jaula do leão, ele ao sair vai causar pânico, confusão, e alguém vai morrer para saciar a sua fome, que até pode ser simplesmente de liberdade.

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