domingo, 11 de setembro de 2011
As tragédias humanas
A escalada de violência inicia-se a partir de uma paz invadida por ressentimentos.
O reforço através do ritual, que retém os traços da memória, coloca no altar a figura principal de uma tragédia, exaltando as almas ofendidas, ou os acontecimentos, que alguém não pretende esquecer, sabe-se lá porquê ?
Quando insistentemente alguém chama os mortos, não será sentido de vida, mas um sentido melancólico, que o luto não parece ter condições de apagar.
Ressentidos pela perda, tentamos contrariar a realidade, que não está na violência, mas no apego a ressentimentos, que serão sempre desejos de vingança, que não nos deixa viver em paz.
Um indivíduo chorar a perda de algo, ou alguém que lhe é querido, segundo o ponto de vista da organização da mente é perfeitamente natural, como forma de superar as perdas.
Contudo, questiono, se será legítimo algum de nós recordar a outros, o que pretendem esquecer ?
Reabrir as feridas, que supostamente estariam a cicatrizar, será eternizar os acontecimentos que criou suas vítimas, em que o passado se faz sempre presente, não deixando as pessoas seguirem em frente, perdendo seu sentido de vida.
Os passos perdidos nas idas ao cemitério, podem ser considerados como prova de amor, mas sobretudo será uma tentativa de negar a realidade, que jaz ali, naquele lugar, como corpo morto, que ainda desejamos com vida, ou, que pelo menos, ainda possui a capacidade de alimentar nossas vidas.
De que vidas falamos, quando elas são alimentadas por coisas, ou corpos mortos ?
Viverás eternamente amargurado por tuas lembranças, que eu farei recordar, fabricando rituais, como método repetitivo, interferindo com a organização da mente, que vincula a mente ao objeto, ou á tragédia, que pode tornar-se obsessiva.
O ritual serve a dois senhores, à alegria e à tristeza, à vida e à morte, em que as coisas não podem ser indiferentes, para que indivíduo as possa aceitar tal como são, e não como gostaria que elas fossem.
O filme da realidade não pode ser invertido.
Nenhum de nós consegue dar vida aos mortos.
Mas podemos perceber o que pode, e deve ser feito, para que as tragédias humanas não se possam repetir a todo o momento.
Encontrar nos outros a responsabilidade por uma morte não desejada é imensamente mais fácil, que perceber em nós o que fizemos para que tal pudesse acontecer.
Se aos mortos a paz é devida, também a será aos vivos, que não cai do céu, e deve ser procurada através do afeto, que não no ressentimento, na vingança, e no ódio.
Se as perguntas é que movem o mundo, o que fica por responder parece constituir a solução, que não desejamos enxergar.
Que a paz regresse a seus lares, e se faça sentir em vossos corações.
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