Conhecem aquele ditado popular – Faz o que eu digo, mas não faças o que eu faço ?Este provérbio popular pode servir para gente adulta, mas não para crianças de tenra idade, dado que elas, no seu desenvolvimento tendem a imitar os pais, como o aprendizado para suas futuras atitudes.
Muito embora existam casos de crianças que não fazem o que observam aos pais, no geral não é isso que se passa.
Assim, a questão será mais fácil de entender, dado que ela está sujeita á formação dos pais, e ás suas atitudes, tantas vezes destemperadas, e repressivas, exigindo um padrão ético recorrendo à agressão física e verbal, o que é contra os princípios éticos, obtendo normalmente resultados contrários.
Desse modo, como nenhum de nós pode conceber,
o que de antemão se encontra concebido, nos é vedado o acesso a coisa
diferente, em que, no caso da criança, não existe escolha, porque ignorante e
frágil.
Não existem conceitos éticos, mas apenas
princípios, que podem ou não serem éticos, a que falta definir, o que cada um
possa entender por atitude ética.
A ética, por isso, é uma atitude, que não uma
idéia, que na prática se traduz através do respeito e consideração que os
outros nos devem merecer, em que o fazer ético, dispensa as palavras, e o questionamento
acerca do que pode ser considerado ético, sendo uma prática, que não uma
teoria.
O princípio teórico está definido à priori, o
respeito e consideração pelo o outro, que advém de um desejo, não de ser ético,
mas de uma relação, que se pretende tranquila e harmoniosa, em que os conflitos
são meros obstáculos de percurso, que na paz devem ser ultrapassados.
Não é por acaso, que ao observar a lei, ela
pauta suas normas por um fazer ético, em que o não ético é punido.
Serão estas normas, uma vez experimentadas por
quem possui a responsabilidade de formar seus rebentos, que pode levar a
criança a um fazer ético, e, por conseguinte, a uma identidade ética.
Desejar que o ser humano quando adulto tenha
uma postura ética, quando não lhe foi passado o testemunho desses princípios,
através de uma prática ética, é desejar aquilo que não é possível.
Se acreditamos na transmissão de conhecimentos
de pais para filhos, não pode ser levada a responsabilidade à sociedade, como
algo que possa distorcer o que se encontra torto à nascença, ou, se o
quisermos, torcer o que julgamos estar direito.
O fato é que estamos inseridos numa sociedade,
que basta olhar quem nos comanda para perceber um não fazer ético, que,
curiosamente é exigida ao Zé pagante, mas que eles próprios não observam, em
que a lei é vesga, só tem um olho.
Assim sendo, nunca foi tão necessário cada um
tomar conta de si, conhecer-se a si mesmo, em que a questão da autonomia, não
se restringe meramente a ser adulto, trabalhador, possuir bens materiais, mas
passa sobretudo por um poder de adaptação á sua própria realidade, em que a
atitude ética passa em primeiro lugar em não desejar o que parece impossível,
ou não está ao alcance do indivíduo.
Quando isso não acontece, o desejo de possuir
a qualquer custo, provoca por norma uma atitude não ética.
Quando o ser humano está possuído por uma
ordem mental obsessiva, em que o dinheiro parece ser a sua salvação, de todo é
capaz para o conseguir, em que a palavra ética pode ecoar pelos corredores da
justiça, mas que na realidade não consegue impor-se na prática.