Ou só pré conceitos, mitos, tabus e medos que nos bloqueiam o acesso ao conhecido e ao conhecimento ?
Não devemos afirmar ou negar a sua existência, pode até existir, mas só passa a ser sagrado, quando cada alguém o consagra como tal. Tanto aqueles que acreditam como os que negam a sua existência deveriam ser cautelosos e flexíveis quanto ao assunto, porque não existem condições concretas para se ter a certeza do que afirmamos ou negamos. Uns admitem, outros negam a sua existência, o que passa a ser sagrado para cada um deles.
A ignorância para além daquilo que se conhece, pode ser observada por vários ângulos, mas existem duas perspectivas que parecem interessantes discutir. Uma se posiciona na ignorância, na impossibilidade em saber mais, continuando a ser ignorante, e como resposta á sua passividade se evoca o sagrado ou se nega. A outra, parte da mesma posição ignorante, mas tendo a vontade que movimenta o desejo de algo mais saber, que não encerra o conhecimento.
Aqueles que se mostram ignorantes quanto à existência ou não do sagrado, simplesmente querem afirmar que não são possuídos de conhecimento bastante para avaliar e definir, se vêem a braços com a intolerância de quem se acha sagrado, ou daqueles que entendem que o sagrado é algo que mete medo e como não o querem sentir, o rejeitam, como se um determinado assunto, só deva ser observado pelo sim ou não, aceitando ou rejeitando uma ou outra postura, quando a ignorância parece ser um dado absoluto e inerente a todos eles. A diferença é que quem se considera ignorante, sentindo que não tem conhecimento bastante, não deseja pronunciar-se contra ou a favor, desejando saber mais para decidir em consciência, enquanto os outros tão ignorantes quanto ele, não o querem ser, e para parecer o contrário daquilo que são, emitem a sua opinião, que se torna convicção de tantas vezes repetida, só porque sofrem de uma complexo de inferioridade. Mesmo ignorantes, julgam por bem ter uma opinião, o que os torna pertença de um grupo ou de outro, que os ampara na sua ignorância, o que parece ter mais a ver, com o sentirem-se aconchegados, por não conseguirem gerir as coisas em si próprios. A opinião neste caso, funciona muito mais como sedução, do que uma convicção própria, por medo que algo lhes possa faltar mais á frente, sendo produto de um processo infantil do qual ainda não conseguiram fugir.
A parte oculta não existe simplesmente no sagrado, mas sim em tudo que não entendemos, e nem tudo é entendido como sagrado, apelando para um mundo extra terrestre, constituído por figuras boas ou más, que nos apoiam ou nos detonam a vida, onde a crença existe, e em que se perde a espiritualidade.
Devemos perguntar de onde vem esse espirito ?
Do sagrado ou de um Deus universal ?
Mas Deus não existe como figura, mas como o cosmos, o todo de uma identidade que tem um espírito natural, derivado da própria natureza, com seus leis divinas, e é no cumprimento delas, que podemos encontrar o sagrado dever de as respeitar.
Aquilo que não sabemos explicar enviamos para o sagrado, e não para a nossa própria limitação quanto ao saber, ignorantes sempre de algo, mas tentando explicar tudo, sem entender nada, criando valores absolutos, que nos podem transportar para um ser estético, que deseja parecer aquilo que não é, em que a aparência nada explica, em que o belo é sagrado, mas que despido das suas vestes sedutoras, mostra-se como sempre foi, um ser humano ignorante.
O valor absoluto do sagrado, coloca de parte a flexibilidade psíquica necessária para entender as coisas de outro modo, de ir em busca de mais conhecimento, o crer basta-se a si próprio, o que torna o pensamento intolerante, deitando para o lixo o livre arbitrío, responsável pela guerras,a que todos assistimos na família e no mundo.
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