Retalhos de uma vida - Livro do autor do blog

http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7 Definir um livro pela resenha é um fato que só é possível quando o livro realmente apresenta um conteúdo impar, instigante, sensível, inteligente, técnico e ao mesmo tempo de fácil entendimento....e Retalhos de uma vida, sem sombra de dúvidas é um livro assim. Parabens, o livro está sendo um sucesso. Ricardo Ribeiro - psicanalista

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Aparentemente forte

O medo de ser, ou parecer frágil, provoca a afirmação do Eu perante a realidade, que parece estranha, mas que existe de fato, a negando, como ser superior possuindo a verdade e o poder da destruição. Quem lhe confere essa vontade é o desejo que foi imposto ao indivíduo. Afinal o que vc está a tentar defender, ou a defender-se ? Isolar-se do mundo será perder a oportunidade de crescimento, recusando a expansão de sua percepção, do conhecimento, e de novas conexões neurais. Contaram-nos histórias, alguém nos fez saber que elas eram verdadeiras, e a única história que poderia ser contada para nos conduzir ao paraíso, quando afinal existe o outro lado da história que permanece oculta e nos recusamos a enxergar. Aparentemente forte, o indivíduo só deseja enxergar e interiorizar um lado da história, em que se posiciona num deles, negando estabelecer a conexão, a ponte, para a outra margem, que embora faça parte da realidade não se permite conhecer. Sendo frágil possui medo do desconhecido, reduzindo seu campo de percepção, a ele fica ancorado como boia de salvação, luta por ela até à exaustão, não percebendo que a tormenta pode invadir, e até mesmo destruir esse campo minado pela mesmice. O mundo é movimento e não estagnação. O mundo gira contra o conforto, porque confortável se perderia, e seria incapaz de produzir energia, que o conduziria inevitavelmente à morte. O aparentemente forte é a morte psíquica, a que mais nada pode almejar. O ser frágil, e disso tendo noção, pode garantir o aprendizado e construir novas conexões neurais, que lhe permita enxergar o mundo tal como ele é, e não como gostaria que fosse. Mas para que tal aconteça é necessário não ter medo de explorar outro mundo nunca antes navegado, como se fosse uma aventura à descoberta, que o possa a cada passo o fortalecer cada vez mais. Não nos faremos fortes de um dia para o outro, nem fortes seremos o suficiente para dar conta de tudo, mas decerto seremos cada vez menos frágeis mediante a aceitação da realidade, devendo ter ânimo e paciência bastante para a compreender e contornar. Aparentemente fortes, não desejamos observar a realidade, mas apenas e tão só dar cabo dela, como se isso fosse possível, em que a tentativa de destruição do outro não se faz esperar, apagando o real exterior de sua realidade interior. A formação infantil, na maior parte dos casos, tende a transformar o real em virtual, inexistente, como no conto de fados, ou de figuras fantasmagóricas, que detêm um poder que não pode ser observado, o transformando em idealismo. O ideal seria o indivíduo dar conta da realidade, do cotidiano, do aqui e agora, com respeito e consideração pelo outro, mas isso parece esquecido na hora das exigências formativas, em que os conceitos estéticos e de subversão implicam com os instintos mais humanos, o transportando para o mundo das aberrações psicológicas. Interseções irreais, que pretendem ocultar a realidade, desviando-se de uma cadeia evolutiva neural, criando apêndices, em que o objetivo primário não é conseguido, mas em vez dele outro se impõe, o bloqueia, cuja evolução neural terá outro tipo de afirmação. O que antes desejava ser afirmado foi bloqueado, em que a negação da evolução da cadeia neural, ficou como suspensa, perdida em seu objetivo. Talvez por isso, o neurótico realize os desejos dos outros, esquecendo os seus, valorizando o idealismo de seus formadores, que parecem determinar suas ações. Aparentemente forte, mas aprisionado, o indivíduo, tantas vezes, deixa-se conduzir pelas atitudes e ideias de seus formadores. Aparentemente fortes não nos conseguimos livrar das amarras em que nos envolveram, mostrando na realidade toda a nossa fraqueza.

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