segunda-feira, 6 de maio de 2013
Energia e corpo
Resta a consolação de uma ilusão construída de que somos filhos de Deus e imortais, para nos garantir a sensação de um ser vivo importante, talvez o mais inteligente e sábio habitando o planeta terra, para segurar a angústia da morte e a tristeza de um dia partir e não mais voltar.
Mas, quando a realidade nos chama e a energia nos abandona para sempre, nenhum de entre os mortos vem até nós em carne e osso para nos contar alguma coisa dessa vida para além da vida, que é a morte física e psíquica.
De fato somos seres vivos, abandonados á sorte que um dia se evapora por decomposição, corroídos pelos bichos ávidos do repasto, em que apenas parece sobrar o cálcio de nossas vidas como matéria inorgânica representante da existência e da longevidade.
Não desejamos dar conta dessa realidade, a morte, nem de muitas outras que nos são presentes, como resistência de retornar a um estado de inércia, quase morte, que de forma inconsciente o corpo nos faz sentir que estamos à beira de uma forma inorgânica, a que não desejamos retornar.
Das fraquezas nos fazemos valentes, quando temos força para isso, cuja intenção será superar essa quase morte insuportável, semelhante a um estado de repouso, qual sonho vagabundo que não nos deixa realizar os desejos.
Andamos depressa porque andar devagar nos garante a sensação de que estamos parados, perdidos no tempo, em que a motricidade é a liberdade e o segredo para afastar o pensamento da morte que nos atormenta.
Para todas estas alterações de estado é exigida uma determinada quantidade de energia, que vai do ponto zero de inércia até um valor que não pode ser mensurável, mas que sabemos que existe mediante a observação de um corpo, mais ou menos excitado.
A fonte de energia encontra-se no corpo proveniente de uma energia cósmica ainda por saber como se produz, e logo os homens correm atrás da partícula de Higs na tentativa de saber como tudo começou, a vida.
Porém, parecem esquecer que para existir vida ela deve existir antes da formação das próprias partículas, em que as dificuldades aumentam dado tratar-se de um poder oculto, a cargo de elementos químicos e energéticos de que pouco, ou nada sabemos.
Mas o que pode ser observado reduz-se a uma determinada quantidade de energia que mantém o corpo em funcionamento num estado de repouso, e o seu aumento corresponde a um desempenho de uma tarefa, que em excesso produz uma excitabilidade de que o corpo apresenta alguma dificuldade em dar conta, prejudicando a própria função.
Uma curiosidade mais, aquilo a que designamos por consciência não se dá lá muito bem com a excitação exagerada de um corpo.
Talvez tenhamos que estudar e investigar um pouco mais.
João António Fernandes
Psicanalista Freudiano
ANALIZZARE – Centro de Estudo e Pesquisa em Psicologia e Psicanálise
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