Retalhos de uma vida - Livro do autor do blog

http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7 Definir um livro pela resenha é um fato que só é possível quando o livro realmente apresenta um conteúdo impar, instigante, sensível, inteligente, técnico e ao mesmo tempo de fácil entendimento....e Retalhos de uma vida, sem sombra de dúvidas é um livro assim. Parabens, o livro está sendo um sucesso. Ricardo Ribeiro - psicanalista

sexta-feira, 19 de abril de 2013

O não dito

Consigo deliciar-me muito mais com o não dito, do que com aquilo que supostamente o autor queira dizer, dado que deixa escapar nas entrelinhas algo, ou alguma coisa, que julgou não merecer ser associado. Sempre fui mal amado por eles, embora muitos não saibam disso, detentores de um suposto saber, lhes bebo as palavras, mas sempre os questiono, não obstante sua ausência, que através da escrita se fazem presentes. Reconheço o esforço, porque comunicar, dialogar e escrever não é nada fácil, mas não tenho essa capacidade de absorver tudo quanto me querem oferecer como se fosse esponja, o que não me levaria a tanto incômodo, porém, faria de mim um seguidor e um orador repetidor do que outros já disseram. Seria então um neurótico desejante, tanto que eu gosto desta palavra, que não tendo nada para oferecer, me limitaria a desejar o desejo de outros, entendidos como sábios e poderosos, e por eles me bateria até à morte. A morte está certa os desejos não devem ser determinados por outros, mas a realidade mostra por vezes o contrário, que por isso devemos respeitar, muito embora seguindo nosso próprio caminho. É esse diálogo que mantenho com o desconhecido, que não estranho, que se revela a cada passo, que me faz enxergar o outro como sendo o outro, diferente, nem superior ou inferior, esperando que alguém possa acompanhar-me nesta viagem terrena, num mundo cheio de dúvidas que carece de reflexão. Nunca tive essa ambição militar, mesmo em período de guerra, de caminhar atrás ou á frente de quem quer que seja, dado que todos, sem exceção, merecem o mesmo respeito e consideração, mas afasto-me daqueles que julgam que o mundo estrelado é que pariu o ovo. Não sou o Sol porque preciso dele, não só do calor, afeto, mas de sua luz que possa afetar meu mundo das trevas, que quanto mais luz melhor como o caminhar para eternidade, em que nada se esgota, e sempre desejamos mais. Quem não teve luz na formação provavelmente terá dificuldades em perceber do que estou a falar, mas estão a tempo, mesmo devagar que seja, conhecer esse mundo maravilhoso que não nos deixa cair em tentação. È a vida contra a vida que muitos propõem que cristaliza o homem da caverna, tão bem reproduzida por Nietzsche, esse depravado filósofo, que teve a coragem de afirmar que castrar os instintos era castrar a vida. Um vida que castra a outra, carece de vida. Não sou, nem tenho a ambição de ser um intelectual que só fala e escreve para uma minoria, porque isso seria castrar meus instintos e minha própria vida, como se o Sol fosse roubado, ou desviado de uma parte da humanidade, mas entendo aqueles que o fazem. Eles parecem possuir a magia, ou o romantismo de uma formação, que os impele a oferecer aos outros todos esses dons, cuja finalidade é ser adorado, reservando-se no convívio, como se fosse Rei, Papa ou Deus. O porquê nunca me abandonou, e o procuro dentro de mim, não de forma apressada, mas insistente e demorada, tentando associar o que parece estar dissociado e não ter explicação, dando tempo ao meu cérebro o descanso necessário para colocar tudo na devida ordem, que só ele parece saber. De repente um insight. De repente uma imagem observada, cujos significados podem ser tão diferentes, fazem-me sentir e rever o já visto, tentando associar o não compreendido, que através de uma imagem possa conduzir-me à compreensão. Tudo isto sem o mínimo de esforço da minha parte, abandonando o que deve ser abandonado, associando aquilo que possa ser associado. Basta questionar para ser odiado por uns e amados por outros. È assim a vida.

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