«O controlo do registo criminal dos candidatos a certas profissões, por exemplo nas escolas ou clubes desportivos, não está a ser feito globalmente no país» – denuncia Frederico Marques, desta associação, lembrando que este é um mecanismo importante para evitar que abusadores sexuais tenham contacto com crianças.
A formação de professores e funcionários também deveria ser reforçada nas escolas e liceus, aumentando a capacidade de reconhecer situações suspeitas.
«É extremamente importante que os casos sejam denunciados o mais rapidamente possível», defende o responsável da APAV, que no ano passado recebeu 60 denúncias de abusos sexuais a crianças, muitos pela voz de familiares, professores ou das próprias vítimas.
1.100 queixas em dez meses
Todos os dias, em média, quatro crianças serão abusadas em Portugal. Segundo dados da PJ, a que o SOL teve acesso, este ano, e até ao final do mês de Outubro, foram abertos 1.100 inquéritos na sequência de queixas ou denúncias.
Um valor semelhante ao registado nos últimos dois anos, em que aquela Polícia investigou 1.350 casos de abuso sexual de criança, adolescentes e de menores dependentes.
Mas o número de abusadores que chegam a ser acusados e condenados fica muito aquém dos que são investigados.
No ano passado, 339 arguidos foram acusados em processos judiciais por abusos sexuais contra menores. «Estes crimes são de difícil prova, mas acontece frequentemente que abusadores sem registo de condenações anteriores sejam sentenciados somente a uma pena suspensa», admite Frederico Marques.
Por outro lado, ao longo de todo o processo judicial, nem sempre o bem-estar da criança é assegurado. «Há legislação para proteger a vítima, mas ao longo do processo a vítima chega a ter de repetir oito vezes as suas declarações, revivendo todo o trauma», recorda o responsável da APAV. Por isso, defende, é fundamental que o seu testemunho possa ser partilhado por todos os intervenientes no processo judicial.
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