Desse modo, protege-se dos olhares indiscretos e julgadores, retirando a ameaça de uma guerra constante contra o seu Eu, que por via disso o impede de viver, recriando o seu parque infantil com acessos restritos.
A sociedade que o fabricou lhe conferiu a autonomia, quando permitida, pela que sua tendência é afastar-se de seu convívio, criando um mundo em proveito próprio, muito embora incorporado por suas referências, em que a neurose não apela ao objeto, e a psicose espreita, ansiosa por fazer sua aparição.
Embalado pela ambivalência formativa, de seguida desfeita, dado que a autonomia assim o exige, depara-se com o novo que é preciso organizar, a que não pode faltar o afeto tão necessário para a vida, debate-se com a organização daquilo que ainda não existe, e apresenta alguma dificuldade em encontrar.
É um vir a ser, que não sabe se encontra além, o que parece faltar, aqui e agora, criador de alguma insegurança, que pode provocar ansiedade, atitudes incompreendidas, cuja finalidade será a tentativa de arranjar a cama para se deitar.
É esse vir a ser, criador de uma sensação de instabilidade, prenúncio de algo que está por vir, mas que teima em não se revelar, que nos é dado a observar em muitos seres humanos da atualidade, que nos coloca perante o caos, apenas por não saber organizar, e organizar-se, de acordo com seus próprios desejos.
O vir a ser será muito mais que um ser que não se completa, algo incompreendido, alheio à própria função, que um ser se obriga a procurar para que ela não se perca, encontrando nos exageros a própria disfunção.
A crise de adaptação, a recusa e o desejo parecem constituir uma complexidade, que demora seu tempo a arranjar cama.
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