Retalhos de uma vida - Livro do autor do blog

http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7 Definir um livro pela resenha é um fato que só é possível quando o livro realmente apresenta um conteúdo impar, instigante, sensível, inteligente, técnico e ao mesmo tempo de fácil entendimento....e Retalhos de uma vida, sem sombra de dúvidas é um livro assim. Parabens, o livro está sendo um sucesso. Ricardo Ribeiro - psicanalista

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O prazer é mais baiano

HEDONISMO (José A. Pimentel)

Eu li em um dos livros do Ruy Castro que, ainda mais legal do que unir
o útil ao agradável, é unir o agradável ao agradável. A exaltação do
desfrute.
Há tempos venho ruminando sobre isso. Conheço muitas pessoas que vão
ao cinema, a boates e restaurantes e parecem eternamente
insatisfeitas.
Até que li uma matéria com a escritora Chantal Thomas na revista
República e ela elucidou minhas indagações internas com a seguinte
frase: "Na sociedade moderna há muito lazer e pouco prazer".
Lazer e prazer são palavras que rimam e se assemelham no significado,
mas não se substituem. É muito mais fácil conquistar o lazer do que o
prazer.
Lazer é assistir a um show, cuidar de um jardim, ouvir um disco,
namorar, bater papo. Lazer é tudo o que não é dever. É uma
desopilação.
Automa ticamente, associamos isso com o prazer: se não estamos
trabalhando, estamos nos divertindo. Simplista demais.
Em primeiro lugar, podemos ter muito prazer trabalhando, é só
redefinir o que é prazer.
O prazer não está em dedicar um tempo programado para o ócio. O prazer
é residente. Está dentro de nós, na maneira como a gente se relaciona
com o mundo. Chantal Thomas aborda a idéia de que o turismo, hoje, tem
sido mais uma imposição cultural do que um prazer. As pessoas
aglomeram-se em filas de museus e fazem reservas com meses de
antecedência para ir comer no lugar da moda, pouco desfrutando disso
tudo. Como ela diz, temos solicitações culturais em demasia. É quase
uma obrigação você consumir o que está em evidência. E se é uma
obrigação, ainda que ligeiramente inconsciente, não é um prazer.
Complemento dizendo que as pessoas estão fazendo turismo inclusive
pelos sentimentos, pas sando rápido demais pelas experiências
amorosas, entre elas o casamento.
Queremos provar um pouquinho de tudo, queremos ser felizes mediante
uma novidade. O ritmo é determinado pelas tendências de comportamento,
que exigem uma apreensão veloz do universo. Calma. O prazer é mais
baiano. O prazer não está em ler uma revista, mas na sensação de estar
aprendendo algo. Não está em ver o filme que ganhou o Oscar, mas na
emoção que ele pode lhe trazer. Não está em faturar uma garota, mas no
encontro das almas. Está em tudo o que fazemos sem estar atendendo a
pedidos. Está no silêncio, no espírito, está menos na mão única e mais
na contramão. O prazer está em sentir. Uma obviedade que merece ser
resgatada antes que a gente comece a unir o útil com o útil, deixando
o agradável pra lá.
Recebido por E-Mail- Kénia Naves

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