quinta-feira, 30 de junho de 2011
Uma brasileira na Suíça: Educação é o principal
Uma brasileira na Suíça: Educação é o principal: "Como eu já postei aqui antes, em agosto meu filho irá para a pré-escola e hoje foi o dia em que os novos alunos, com seus respectivos pais, ..."
sábado, 25 de junho de 2011
Abuso sexual infantil
Entrevista: Tilman H. Fürniss, especialista em tratamento de casos de abuso sexual infantil
18 de maio de 2011 Por Admin UDF 1 Comentário
Entrevista
Prof. Dr. Tilman H. Fürniss
Em homenagem ao dia de hoje, 18 de maio, data em que celebramos o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração contra Crianças e Adolescentes, reproduzo abaixo, a íntegra da entrevista. Acompanhem. A realidade do abuso está impressionantemente próxima de nós:
Ana Drummond Guerra – Dr. Tilman, quais são as formas mais comuns de abuso infantil?
Tilman H. Fürniss - Hoje, levamos a questão do abuso infantil como um caso de maior importância dentro dos Direitos Humanos. Muito frequentemente, as formas de abuso estão ligadas à negligência, ao abuso civil, ou o abuso físico está ligado ao abuso sexual, ou o abuso sexual está ligado ao abuso emocional. Então, fica difícil de se enquadrar. Mas considero importante dizer que qualquer forma de abuso infantil, seja ele físico, sexual, emocional ou negligência, é um grande problema, porque causa consequências enormes no desenvolvimento psicológico e emocional da criança. É muito comum encontrar um ciclo de abuso infantil entre as gerações. A criança que foi abusada, quando adulta se torna abusadora; essa criança abusada cresce e começa a abusar das crianças novamente. Esse ciclo de abuso, com o abuso físico, emocional e a negligência, tem que ser tratado antes que se tornam abuso sexual. O abuso infantil, em todas as suas formas, é extremamente danoso para a criança e é de imensa importância como questão social, legal e de saúde.
Ana Drummond Guerra - Como podemos perceber que uma criança sofreu abuso sexual?
Tilman H. Fürniss - Isso é muito difícil de ser percebido. Se a criança foi fisicamente abusada, você poderá vê-la sangrando ou ver os hematomas. Mas o abuso sexual, por si, só é visível em apenas 10 a 30% dos casos. Na maioria das ocorrências de abuso sexual não é possível identificar nenhum sinal, porque eles podem acontecer sem penetração. Uma das piores formas de abuso infantil, o abuso oral, não deixa nenhum sinal e gera uma confusão enorme, misturando sentimentos de medo e culpa.
Ana Drummond Guerra - O que muda no comportamento de uma criança que sofreu abuso?
Tilman H. Fürniss - Crianças sexualmente abusadas podem demonstrar todo e qualquer tipo de comportamento. É por isso que não se pode simplesmente diagnosticar o abuso sexual, tem que provar que ele aconteceu. Uma criança que sofre abuso sexual pode ter problemas de sono, depressão, anorexia ou outra desordem alimentar. Um jovem pode manifestar agressividade e tornar-se criminoso. Pode haver todo tipo de comportamento sem que nada seja específico. Obviamente, se há um dano físico na região genital, tem-se uma prova. Mas mesmo com danos físicos nessa região, pessoas dizem “a criança se machucou em alguma quina”, ou coisas desse tipo. Tem-se que tentar recolher mais informações do que somente sintomas como uma cicatriz, por exemplo. A criança tem que ser poupada. Há indícios de que uma criança pode exibir algum tipo de comportamento sexual, mas isso não é uma regra. Crianças novas, até a idade de 10 ou 12 anos, normalmente não demonstram nenhum tipo de comportamento sexual, porque isso não faz parte do universo infantil. Elas possuem desenvolvimento sexual e vida sexual, mas não há erotismo. Pode haver crianças de 2 ou 4 anos que se masturbam. Mas é claro que não é um ato consciente. Mas caso a criança demonstre um comportamento sexual genital, se ela chega para outras crianças e abre as calças, ou se fala sobre uma relação oral, ou se quer tocar outra criança de uma forma sexual, nesses casos é preciso ficar em alerta. Em contrapartida, isso também poderia acontecer com uma criança que tenha visto uma relação sexual de seus pais. Por isso, temos que ser muito cuidadosos. O mais importante é que o comportamento sexual em crianças pequenas seja cuidadosamente observado.
É frequente que crianças que sofreram abuso se maltratem, ou até mesmo tentem suicídio por se sentirem mal consigo mesmas, por não sentirem mais vontade de viver. Elas se sentem tão sem esperança, achando que ninguém no mundo é capaz de ajudá-las, que se cortam e se maltratam. Às vezes, podem manifestar comportamento agressivo. Temos casos de crianças que fogem de suas casas e quando perguntamos por que, elas não nos dão uma boa resposta. Isso é motivo para ficarmos em alerta.
Há também os sinais físicos. Eu já tive casos de crianças que após terem parado de fazer xixi na cama, aos sete anos, voltaram a urinar novamente na idade de 13, 14 anos. Depois, descobrimos que essa criança foi abusada sexualmente. Esse pode ser um sinal físico. Mas pode haver também indícios comportamentais ou emocionais. Recentemente, eu trabalhei uma menina que cortou todo o seu cabelo e começou a usar roupas largas. Ela não queria parecer uma garota, esperando que, assim, seu pai não abusasse mais dela. Desta forma, qualquer indício pode ser uma evidência de abuso, mas alguns deles são mais importantes, como fugir de casa, autoflagelação, comportamento sexual e, certamente, performances sem incitação ao sexo, ou sinais físicos cuja origem é desconhecida.
O problema é que quase nunca temos a prova através dos sintomas. A prova de que alguém foi sexualmente abusado só é realmente confiável quando a criança responde, em uma conversa, a perguntas como “O que aconteceu?”, “Por que você fugiu de casa?” ou “Por que você está se cortando?”
Ana Drummond Guerra - Qual é a melhor forma de abordar uma criança que, suspeita-se, tenha sofrido abuso sexual?
Tilman H. Fürniss - Essa é uma questão muito complicada, porque você não pode simplesmente perguntar “Seu pai colocou o pênis dentro de você?”, pois isso manipula a resposta da criança. Mas se a criança não for questionada diretamente, ela não fala. Por isso é tão difícil contar para a criança que você está suspeitando que ela tenha sido abusada. Se a criança diz espontaneamente “Meu pai colocou o pênis dele em mim”, então fica mais fácil. Mas se a criança apenas se comporta de maneira estranha, você tem que pensar, aí é difícil. Por isso, às vezes é uma luta até que uma criança diga alguma coisa. Muitas crianças não querem contar, porque elas são leais. Elas querem que o abuso sexual acabe, mas não querem que seus pais sejam punidos, que vão para a prisão ou que saiam de suas casas. Elas querem ter um pai, mas um pai que não abuse. Então, nós temos que lidar com esses pequenos segredos e tentar falar com as crianças sobre suas ansiedades.
Ana Drummond Guerra - As crianças vítimas de abuso têm consciência de que o que sofreram é errado e prejudicial?
Tilman H. Fürniss - As crianças sabem, porque o abusador diz a elas de alguma maneira que aquilo é errado. Eles mostram através de um comportamento ou dizendo: “Se você disser isso a alguém eu te mato” ou “eu te mando embora”. Ou deixam mensagens: “Esse é o nosso segredo, você não pode contar para ninguém.” Se uma menina corta o joelho, ela vai imediatamente para a sua mãe e diz: “Olhe, eu cortei o meu joelho”. As crianças contam tudo que julgam importante, principalmente se envolver uma criança e seu pai. O abuso sexual é algo muito importante e elas não dizem para a mãe. Por que elas não fazem isso? Porque o abusador deixa claro que ela não deve contar. Ela é ameaçada: “Não diga nada, porque senão mamãe vai chorar” ou “Você será mandada embora”. A vida delas é ameaçada. Não é preciso que haja força ou violência. Esse tipo de ameaça, muitas vezes, é o bastante. Existem várias maneiras de se calar uma criança, de fazer com que ela não diga nada, pois, na maioria das vezes, o abuso sexual não é apenas uma ação, mas, sim, um relacionamento contínuo com momentos de abuso.
Ana Drummond Guerra - Quem são as pessoas que usualmente abusam sexualmente de uma criança?
Tilman H. Fürniss - Qualquer pessoa, dependendo de como é definido o abuso sexual. A maioria das formas de abuso sexual com contato físico acontece com alguém da família ou do meio social da criança. Temos, também, um aspecto diferente do abuso sexual, a exploração comercial, como o caso da exploração sexual infantil, que é, obviamente, um caso de miséria, o que é diferente. Mas se a criança não está sendo abusada para fins comerciais, então é comum acontecer com alguém da vizinhança, família, pai, padrasto, tio, irmão e também mães: cerca de 10 a 15% dos casos de abuso são feitos por mulheres.
Ana Drummond Guerra - O senhor acha que o sexo explorado pela TV pode aumentar a incidência de casos de abuso sexual?
Tilman H. Fürniss - Não acredito que isso seja um dos fatores responsáveis. É muito mais perigoso assistir às cenas de violência e, obviamente, ao sexo violento. Se a criança assistir a uma relação sexual na TV, ela provavelmente só vai ficar assustada caso as personagens em cena façam muito barulho, por achar que estejam sendo machucadas. O erotismo mostrado na TV não é relevante nesse aspecto, sendo esse um problema apenas de ordem moral. O que interfere nesse caso, especificamente, é a demonstração de violência.
Ana Drummond Guerra - Os casos de abuso são um problema social, governamental, familiar ou de todos?
Tilman H. Fürniss - A culpa provavelmente é da biologia e da química. O responsável é a pessoa que abusa. O abuso sexual sempre aconteceu na história. O incesto sempre existiu e o tabu gerado dele é a prova de que pensamentos, ideias e questões do incesto continuam hoje. O responsável é aquele que faz o ato, que na maioria das vezes é o homem e algumas vezes a mulher. É muito importante dizer que o abuso sexual não é um problema das classes mais baixas ou de uma economia fraca. O abusador sexual está distribuído em todas as classes igualmente, mas é diferente no caso do abuso físico. Há mais violência física nas classes baixas, já nas classes altas há mais o abuso emocional. Já tive casos de abusadores que são jornalistas, médicos, advogados, padres. Também aqueles que eram alcoólatras. O abuso sexual pode ser um vício. Uma vez feito o abuso, há o perigo de se fazer de novo e mais seriamente. O abuso sexual normalmente começa na adolescência, em jovens, e não quando já se tem 30, 40 ou 50 anos. É mais frequente uma pessoa de 13, 14, 15 anos começar a abusar. Na fase na qual a sexualidade é desenvolvida, eles se sentem vítimas de suas fantasias; é assim que o abuso começa. O abuso sexual, como outras formas de vício, começa na cabeça de quem age, ao permitir a si mesmo seguir as fantasias sexuais.
Ana Drummond Guerra - Há alguma maneira de se prevenir o abuso sexual?
Tilman H. Fürniss - Primeiramente, começamos com um tratamento e um reconhecimento do caso. Não usamos a prevenção. Temos que conhecer todos os sintomas para saber como tratar a criança. Fazendo assim, nós aprendemos muito mais sobre o comportamento de quem abusa. Tratar a criança já faz parte da prevenção, porque sabemos que é muito mais provável que a criança que foi abusada uma vez seja abusada novamente. Elas se sentem amedrontadas e acham que ninguém é capaz de protegê-las.
Temos que tratar não só as garotas, mas também os garotos que sofreram abusos. Cerca de 25 a 40% das vítimas são meninos. Mas não os vemos porque normalmente eles não dizem nada. Isso porque o “macho man” não pode ser uma vítima. Ele tem que lidar não só com os homens, mas também com as mulheres, que nunca esperam que um garoto venha a ser abusado. Esse menino é muito mais propenso a tornar-se um abusador no futuro.
Temos que tratar também a pessoa que abusa. Tratando das vítimas, conseguimos entender porque várias vezes eles se tornam abusadores. Hoje, temos um grupo de adolescentes entre 12 e 14 anos que realmente são abusadores sexuais. Se eles forem tratados logo que o problema for detectado, estaremos prevenindo o abuso final.
Não é muito bom falar com a criança de forma preventiva. Em programas de prevenção, temos que alertar o público, mas não para a prevenção. Os programas de prevenção são terríveis, porque eles dizem para a criança que se alguém se aproximar com a intenção sexual é só dizer “não” e contar para alguém o que aconteceu; assim o abuso não acontecerá mais. A criança não pode fazer isso. Até mesmo mulheres que são espancadas por seus maridos normalmente não deixam suas casas, nem dizem a ninguém o que aconteceu. Como, então, uma criança seria capaz de fazer isso? É impossível, é loucura, é irresponsabilidade. Já vi garotas que tentaram se suicidar como uma consequência do trabalho de prevenção.
Fonte: http://visaomundialbr.blogspot.com
________________________________________
Tilman H. Fürniss é psiquiatra e sociólogo alemão especialista no tratamento de crianças e adolescentes e membro do Grupo Governamental alemão de Trabalho contra o Abuso Infantil e Negligência. Tilman é co-autor do primeiro projeto europeu
18 de maio de 2011 Por Admin UDF 1 Comentário
Entrevista
Prof. Dr. Tilman H. Fürniss
Em homenagem ao dia de hoje, 18 de maio, data em que celebramos o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração contra Crianças e Adolescentes, reproduzo abaixo, a íntegra da entrevista. Acompanhem. A realidade do abuso está impressionantemente próxima de nós:
Ana Drummond Guerra – Dr. Tilman, quais são as formas mais comuns de abuso infantil?
Tilman H. Fürniss - Hoje, levamos a questão do abuso infantil como um caso de maior importância dentro dos Direitos Humanos. Muito frequentemente, as formas de abuso estão ligadas à negligência, ao abuso civil, ou o abuso físico está ligado ao abuso sexual, ou o abuso sexual está ligado ao abuso emocional. Então, fica difícil de se enquadrar. Mas considero importante dizer que qualquer forma de abuso infantil, seja ele físico, sexual, emocional ou negligência, é um grande problema, porque causa consequências enormes no desenvolvimento psicológico e emocional da criança. É muito comum encontrar um ciclo de abuso infantil entre as gerações. A criança que foi abusada, quando adulta se torna abusadora; essa criança abusada cresce e começa a abusar das crianças novamente. Esse ciclo de abuso, com o abuso físico, emocional e a negligência, tem que ser tratado antes que se tornam abuso sexual. O abuso infantil, em todas as suas formas, é extremamente danoso para a criança e é de imensa importância como questão social, legal e de saúde.
Ana Drummond Guerra - Como podemos perceber que uma criança sofreu abuso sexual?
Tilman H. Fürniss - Isso é muito difícil de ser percebido. Se a criança foi fisicamente abusada, você poderá vê-la sangrando ou ver os hematomas. Mas o abuso sexual, por si, só é visível em apenas 10 a 30% dos casos. Na maioria das ocorrências de abuso sexual não é possível identificar nenhum sinal, porque eles podem acontecer sem penetração. Uma das piores formas de abuso infantil, o abuso oral, não deixa nenhum sinal e gera uma confusão enorme, misturando sentimentos de medo e culpa.
Ana Drummond Guerra - O que muda no comportamento de uma criança que sofreu abuso?
Tilman H. Fürniss - Crianças sexualmente abusadas podem demonstrar todo e qualquer tipo de comportamento. É por isso que não se pode simplesmente diagnosticar o abuso sexual, tem que provar que ele aconteceu. Uma criança que sofre abuso sexual pode ter problemas de sono, depressão, anorexia ou outra desordem alimentar. Um jovem pode manifestar agressividade e tornar-se criminoso. Pode haver todo tipo de comportamento sem que nada seja específico. Obviamente, se há um dano físico na região genital, tem-se uma prova. Mas mesmo com danos físicos nessa região, pessoas dizem “a criança se machucou em alguma quina”, ou coisas desse tipo. Tem-se que tentar recolher mais informações do que somente sintomas como uma cicatriz, por exemplo. A criança tem que ser poupada. Há indícios de que uma criança pode exibir algum tipo de comportamento sexual, mas isso não é uma regra. Crianças novas, até a idade de 10 ou 12 anos, normalmente não demonstram nenhum tipo de comportamento sexual, porque isso não faz parte do universo infantil. Elas possuem desenvolvimento sexual e vida sexual, mas não há erotismo. Pode haver crianças de 2 ou 4 anos que se masturbam. Mas é claro que não é um ato consciente. Mas caso a criança demonstre um comportamento sexual genital, se ela chega para outras crianças e abre as calças, ou se fala sobre uma relação oral, ou se quer tocar outra criança de uma forma sexual, nesses casos é preciso ficar em alerta. Em contrapartida, isso também poderia acontecer com uma criança que tenha visto uma relação sexual de seus pais. Por isso, temos que ser muito cuidadosos. O mais importante é que o comportamento sexual em crianças pequenas seja cuidadosamente observado.
É frequente que crianças que sofreram abuso se maltratem, ou até mesmo tentem suicídio por se sentirem mal consigo mesmas, por não sentirem mais vontade de viver. Elas se sentem tão sem esperança, achando que ninguém no mundo é capaz de ajudá-las, que se cortam e se maltratam. Às vezes, podem manifestar comportamento agressivo. Temos casos de crianças que fogem de suas casas e quando perguntamos por que, elas não nos dão uma boa resposta. Isso é motivo para ficarmos em alerta.
Há também os sinais físicos. Eu já tive casos de crianças que após terem parado de fazer xixi na cama, aos sete anos, voltaram a urinar novamente na idade de 13, 14 anos. Depois, descobrimos que essa criança foi abusada sexualmente. Esse pode ser um sinal físico. Mas pode haver também indícios comportamentais ou emocionais. Recentemente, eu trabalhei uma menina que cortou todo o seu cabelo e começou a usar roupas largas. Ela não queria parecer uma garota, esperando que, assim, seu pai não abusasse mais dela. Desta forma, qualquer indício pode ser uma evidência de abuso, mas alguns deles são mais importantes, como fugir de casa, autoflagelação, comportamento sexual e, certamente, performances sem incitação ao sexo, ou sinais físicos cuja origem é desconhecida.
O problema é que quase nunca temos a prova através dos sintomas. A prova de que alguém foi sexualmente abusado só é realmente confiável quando a criança responde, em uma conversa, a perguntas como “O que aconteceu?”, “Por que você fugiu de casa?” ou “Por que você está se cortando?”
Ana Drummond Guerra - Qual é a melhor forma de abordar uma criança que, suspeita-se, tenha sofrido abuso sexual?
Tilman H. Fürniss - Essa é uma questão muito complicada, porque você não pode simplesmente perguntar “Seu pai colocou o pênis dentro de você?”, pois isso manipula a resposta da criança. Mas se a criança não for questionada diretamente, ela não fala. Por isso é tão difícil contar para a criança que você está suspeitando que ela tenha sido abusada. Se a criança diz espontaneamente “Meu pai colocou o pênis dele em mim”, então fica mais fácil. Mas se a criança apenas se comporta de maneira estranha, você tem que pensar, aí é difícil. Por isso, às vezes é uma luta até que uma criança diga alguma coisa. Muitas crianças não querem contar, porque elas são leais. Elas querem que o abuso sexual acabe, mas não querem que seus pais sejam punidos, que vão para a prisão ou que saiam de suas casas. Elas querem ter um pai, mas um pai que não abuse. Então, nós temos que lidar com esses pequenos segredos e tentar falar com as crianças sobre suas ansiedades.
Ana Drummond Guerra - As crianças vítimas de abuso têm consciência de que o que sofreram é errado e prejudicial?
Tilman H. Fürniss - As crianças sabem, porque o abusador diz a elas de alguma maneira que aquilo é errado. Eles mostram através de um comportamento ou dizendo: “Se você disser isso a alguém eu te mato” ou “eu te mando embora”. Ou deixam mensagens: “Esse é o nosso segredo, você não pode contar para ninguém.” Se uma menina corta o joelho, ela vai imediatamente para a sua mãe e diz: “Olhe, eu cortei o meu joelho”. As crianças contam tudo que julgam importante, principalmente se envolver uma criança e seu pai. O abuso sexual é algo muito importante e elas não dizem para a mãe. Por que elas não fazem isso? Porque o abusador deixa claro que ela não deve contar. Ela é ameaçada: “Não diga nada, porque senão mamãe vai chorar” ou “Você será mandada embora”. A vida delas é ameaçada. Não é preciso que haja força ou violência. Esse tipo de ameaça, muitas vezes, é o bastante. Existem várias maneiras de se calar uma criança, de fazer com que ela não diga nada, pois, na maioria das vezes, o abuso sexual não é apenas uma ação, mas, sim, um relacionamento contínuo com momentos de abuso.
Ana Drummond Guerra - Quem são as pessoas que usualmente abusam sexualmente de uma criança?
Tilman H. Fürniss - Qualquer pessoa, dependendo de como é definido o abuso sexual. A maioria das formas de abuso sexual com contato físico acontece com alguém da família ou do meio social da criança. Temos, também, um aspecto diferente do abuso sexual, a exploração comercial, como o caso da exploração sexual infantil, que é, obviamente, um caso de miséria, o que é diferente. Mas se a criança não está sendo abusada para fins comerciais, então é comum acontecer com alguém da vizinhança, família, pai, padrasto, tio, irmão e também mães: cerca de 10 a 15% dos casos de abuso são feitos por mulheres.
Ana Drummond Guerra - O senhor acha que o sexo explorado pela TV pode aumentar a incidência de casos de abuso sexual?
Tilman H. Fürniss - Não acredito que isso seja um dos fatores responsáveis. É muito mais perigoso assistir às cenas de violência e, obviamente, ao sexo violento. Se a criança assistir a uma relação sexual na TV, ela provavelmente só vai ficar assustada caso as personagens em cena façam muito barulho, por achar que estejam sendo machucadas. O erotismo mostrado na TV não é relevante nesse aspecto, sendo esse um problema apenas de ordem moral. O que interfere nesse caso, especificamente, é a demonstração de violência.
Ana Drummond Guerra - Os casos de abuso são um problema social, governamental, familiar ou de todos?
Tilman H. Fürniss - A culpa provavelmente é da biologia e da química. O responsável é a pessoa que abusa. O abuso sexual sempre aconteceu na história. O incesto sempre existiu e o tabu gerado dele é a prova de que pensamentos, ideias e questões do incesto continuam hoje. O responsável é aquele que faz o ato, que na maioria das vezes é o homem e algumas vezes a mulher. É muito importante dizer que o abuso sexual não é um problema das classes mais baixas ou de uma economia fraca. O abusador sexual está distribuído em todas as classes igualmente, mas é diferente no caso do abuso físico. Há mais violência física nas classes baixas, já nas classes altas há mais o abuso emocional. Já tive casos de abusadores que são jornalistas, médicos, advogados, padres. Também aqueles que eram alcoólatras. O abuso sexual pode ser um vício. Uma vez feito o abuso, há o perigo de se fazer de novo e mais seriamente. O abuso sexual normalmente começa na adolescência, em jovens, e não quando já se tem 30, 40 ou 50 anos. É mais frequente uma pessoa de 13, 14, 15 anos começar a abusar. Na fase na qual a sexualidade é desenvolvida, eles se sentem vítimas de suas fantasias; é assim que o abuso começa. O abuso sexual, como outras formas de vício, começa na cabeça de quem age, ao permitir a si mesmo seguir as fantasias sexuais.
Ana Drummond Guerra - Há alguma maneira de se prevenir o abuso sexual?
Tilman H. Fürniss - Primeiramente, começamos com um tratamento e um reconhecimento do caso. Não usamos a prevenção. Temos que conhecer todos os sintomas para saber como tratar a criança. Fazendo assim, nós aprendemos muito mais sobre o comportamento de quem abusa. Tratar a criança já faz parte da prevenção, porque sabemos que é muito mais provável que a criança que foi abusada uma vez seja abusada novamente. Elas se sentem amedrontadas e acham que ninguém é capaz de protegê-las.
Temos que tratar não só as garotas, mas também os garotos que sofreram abusos. Cerca de 25 a 40% das vítimas são meninos. Mas não os vemos porque normalmente eles não dizem nada. Isso porque o “macho man” não pode ser uma vítima. Ele tem que lidar não só com os homens, mas também com as mulheres, que nunca esperam que um garoto venha a ser abusado. Esse menino é muito mais propenso a tornar-se um abusador no futuro.
Temos que tratar também a pessoa que abusa. Tratando das vítimas, conseguimos entender porque várias vezes eles se tornam abusadores. Hoje, temos um grupo de adolescentes entre 12 e 14 anos que realmente são abusadores sexuais. Se eles forem tratados logo que o problema for detectado, estaremos prevenindo o abuso final.
Não é muito bom falar com a criança de forma preventiva. Em programas de prevenção, temos que alertar o público, mas não para a prevenção. Os programas de prevenção são terríveis, porque eles dizem para a criança que se alguém se aproximar com a intenção sexual é só dizer “não” e contar para alguém o que aconteceu; assim o abuso não acontecerá mais. A criança não pode fazer isso. Até mesmo mulheres que são espancadas por seus maridos normalmente não deixam suas casas, nem dizem a ninguém o que aconteceu. Como, então, uma criança seria capaz de fazer isso? É impossível, é loucura, é irresponsabilidade. Já vi garotas que tentaram se suicidar como uma consequência do trabalho de prevenção.
Fonte: http://visaomundialbr.blogspot.com
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Tilman H. Fürniss é psiquiatra e sociólogo alemão especialista no tratamento de crianças e adolescentes e membro do Grupo Governamental alemão de Trabalho contra o Abuso Infantil e Negligência. Tilman é co-autor do primeiro projeto europeu
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sexta-feira, 24 de junho de 2011
Liberdade e poder de escolha II
Psicoanalizare: Liberdade e poder de escolha II: "Esta questão, agora levantada, da liberdade e poder de escolha, prende-se com uma outra, a força de vontade, que a maioria pensa estar ao al..."
quarta-feira, 22 de junho de 2011
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Filosofia Psicanalítica da mente
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Que Deus he perdoe
Bíspo de Guarulhos, Luiz Gonzaga Bergonzini, diz que mulheres mentem ao dizer que foram estupradas. Ele acusa que a mentira seria apenas para conseguir liberação da lei para pratica do aborto.
"Vamos admitir até que a mulher tenha sido violentada, que foi vítima... É muito difícil uma violência sem o consentimento da mulher, é difícil", comenta. O bispo ajeita os cabelos e o crucifixo. "Já vi muitos casos que não posso citar aqui. Tenho 52 anos de padre... Há os casos em que não é bem violência... [A mulher diz] 'Não queria, não queria, mas aconteceu...'", diz. "Então sabe o que eu fazia?" Nesse momento, o bispo pega a tampa da caneta da repórter e mostra como conversava com mulheres. "Eu falava: bota aqui", pedindo, em seguida, para a repórter encaixar o cilindro da caneta no orifício da tampa. O bispo começa a mexer a mão, evitando o encaixe. "Entendeu, né? Tem casos assim., do 'ah, não queria, não queria, mas acabei deixando'.
"Vamos admitir até que a mulher tenha sido violentada, que foi vítima... É muito difícil uma violência sem o consentimento da mulher, é difícil", comenta. O bispo ajeita os cabelos e o crucifixo. "Já vi muitos casos que não posso citar aqui. Tenho 52 anos de padre... Há os casos em que não é bem violência... [A mulher diz] 'Não queria, não queria, mas aconteceu...'", diz. "Então sabe o que eu fazia?" Nesse momento, o bispo pega a tampa da caneta da repórter e mostra como conversava com mulheres. "Eu falava: bota aqui", pedindo, em seguida, para a repórter encaixar o cilindro da caneta no orifício da tampa. O bispo começa a mexer a mão, evitando o encaixe. "Entendeu, né? Tem casos assim., do 'ah, não queria, não queria, mas acabei deixando'.
quinta-feira, 16 de junho de 2011
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sábado, 11 de junho de 2011
Filosofia psicanalítica da mente
Psicoanalizare: Filosofia psicanalítica da ment: "Hoje apeteceu-me filosofar, não á moda dos filósofos, mas do psicanalista, por isso designo – filosofia psicanalítica da mente- que tenta co..."
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Instintos - atos involuntários
Os atos involuntários dependem de uma capacidade interior, que são do mesmo modo desejos, embora devido a necessidades sentidas através do corpo, e por ele se manifestam, em que o desejo provém do instinto.
Pelo que desejo será uma intenção deliberada de desejar, devido á existência de uma necessidade sentida, que obedece ao princípio de satisfação, que não implica necessariamente a observação do princípio da realidade.
E se estivermos de acordo, que desejo é intenção, que é proveniente de uma intencionalidade, se afasta do que é referido ao pensamento humano, e se aproxima a passos largos dos sentidos, do que é, e possa ser sentido pelo o corpo
Pelo que desejo será uma intenção deliberada de desejar, devido á existência de uma necessidade sentida, que obedece ao princípio de satisfação, que não implica necessariamente a observação do princípio da realidade.
E se estivermos de acordo, que desejo é intenção, que é proveniente de uma intencionalidade, se afasta do que é referido ao pensamento humano, e se aproxima a passos largos dos sentidos, do que é, e possa ser sentido pelo o corpo
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Amor maníaco depressivo
Psicoanalizare: Amor maníaco depressivo: "A quebra do encantamento provoca o desencanto, o que leva o indivíduo a perceber no outro uma falta de amor, quando no fundo trata-se de um ..."
quarta-feira, 8 de junho de 2011
O prazer é mais baiano
HEDONISMO (José A. Pimentel)
Eu li em um dos livros do Ruy Castro que, ainda mais legal do que unir
o útil ao agradável, é unir o agradável ao agradável. A exaltação do
desfrute.
Há tempos venho ruminando sobre isso. Conheço muitas pessoas que vão
ao cinema, a boates e restaurantes e parecem eternamente
insatisfeitas.
Até que li uma matéria com a escritora Chantal Thomas na revista
República e ela elucidou minhas indagações internas com a seguinte
frase: "Na sociedade moderna há muito lazer e pouco prazer".
Lazer e prazer são palavras que rimam e se assemelham no significado,
mas não se substituem. É muito mais fácil conquistar o lazer do que o
prazer.
Lazer é assistir a um show, cuidar de um jardim, ouvir um disco,
namorar, bater papo. Lazer é tudo o que não é dever. É uma
desopilação.
Automa ticamente, associamos isso com o prazer: se não estamos
trabalhando, estamos nos divertindo. Simplista demais.
Em primeiro lugar, podemos ter muito prazer trabalhando, é só
redefinir o que é prazer.
O prazer não está em dedicar um tempo programado para o ócio. O prazer
é residente. Está dentro de nós, na maneira como a gente se relaciona
com o mundo. Chantal Thomas aborda a idéia de que o turismo, hoje, tem
sido mais uma imposição cultural do que um prazer. As pessoas
aglomeram-se em filas de museus e fazem reservas com meses de
antecedência para ir comer no lugar da moda, pouco desfrutando disso
tudo. Como ela diz, temos solicitações culturais em demasia. É quase
uma obrigação você consumir o que está em evidência. E se é uma
obrigação, ainda que ligeiramente inconsciente, não é um prazer.
Complemento dizendo que as pessoas estão fazendo turismo inclusive
pelos sentimentos, pas sando rápido demais pelas experiências
amorosas, entre elas o casamento.
Queremos provar um pouquinho de tudo, queremos ser felizes mediante
uma novidade. O ritmo é determinado pelas tendências de comportamento,
que exigem uma apreensão veloz do universo. Calma. O prazer é mais
baiano. O prazer não está em ler uma revista, mas na sensação de estar
aprendendo algo. Não está em ver o filme que ganhou o Oscar, mas na
emoção que ele pode lhe trazer. Não está em faturar uma garota, mas no
encontro das almas. Está em tudo o que fazemos sem estar atendendo a
pedidos. Está no silêncio, no espírito, está menos na mão única e mais
na contramão. O prazer está em sentir. Uma obviedade que merece ser
resgatada antes que a gente comece a unir o útil com o útil, deixando
o agradável pra lá.
Recebido por E-Mail- Kénia Naves
Eu li em um dos livros do Ruy Castro que, ainda mais legal do que unir
o útil ao agradável, é unir o agradável ao agradável. A exaltação do
desfrute.
Há tempos venho ruminando sobre isso. Conheço muitas pessoas que vão
ao cinema, a boates e restaurantes e parecem eternamente
insatisfeitas.
Até que li uma matéria com a escritora Chantal Thomas na revista
República e ela elucidou minhas indagações internas com a seguinte
frase: "Na sociedade moderna há muito lazer e pouco prazer".
Lazer e prazer são palavras que rimam e se assemelham no significado,
mas não se substituem. É muito mais fácil conquistar o lazer do que o
prazer.
Lazer é assistir a um show, cuidar de um jardim, ouvir um disco,
namorar, bater papo. Lazer é tudo o que não é dever. É uma
desopilação.
Automa ticamente, associamos isso com o prazer: se não estamos
trabalhando, estamos nos divertindo. Simplista demais.
Em primeiro lugar, podemos ter muito prazer trabalhando, é só
redefinir o que é prazer.
O prazer não está em dedicar um tempo programado para o ócio. O prazer
é residente. Está dentro de nós, na maneira como a gente se relaciona
com o mundo. Chantal Thomas aborda a idéia de que o turismo, hoje, tem
sido mais uma imposição cultural do que um prazer. As pessoas
aglomeram-se em filas de museus e fazem reservas com meses de
antecedência para ir comer no lugar da moda, pouco desfrutando disso
tudo. Como ela diz, temos solicitações culturais em demasia. É quase
uma obrigação você consumir o que está em evidência. E se é uma
obrigação, ainda que ligeiramente inconsciente, não é um prazer.
Complemento dizendo que as pessoas estão fazendo turismo inclusive
pelos sentimentos, pas sando rápido demais pelas experiências
amorosas, entre elas o casamento.
Queremos provar um pouquinho de tudo, queremos ser felizes mediante
uma novidade. O ritmo é determinado pelas tendências de comportamento,
que exigem uma apreensão veloz do universo. Calma. O prazer é mais
baiano. O prazer não está em ler uma revista, mas na sensação de estar
aprendendo algo. Não está em ver o filme que ganhou o Oscar, mas na
emoção que ele pode lhe trazer. Não está em faturar uma garota, mas no
encontro das almas. Está em tudo o que fazemos sem estar atendendo a
pedidos. Está no silêncio, no espírito, está menos na mão única e mais
na contramão. O prazer está em sentir. Uma obviedade que merece ser
resgatada antes que a gente comece a unir o útil com o útil, deixando
o agradável pra lá.
Recebido por E-Mail- Kénia Naves
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domingo, 5 de junho de 2011
Pedagogia estúpida
Um doente terminal, num último esforço tenta libertar-se da morte anunciada, em que não só os médicos e os medicamentos, como também a família e os amigos são parte importante desse resto de esperança em manter-se vivo.
Um estado terminal, que fora anunciado, e sentido por aquele que padece, pode levar dias, semanas, meses e até mesmo anos, até que tenha um fim, que tanto pode ser a continuidade da vida, como a sua própria morte.
Essa insistência em viver, só pode ser levada a um desejo intenso de continuar vivo, com a esperança de um dia libertar-se da morte que se fez anunciar, mas que o indivíduo pretende protelar por mais algum tempo, mesmo que não saiba se valerá a pena tanto esforço, em virtude da morte estar certa, e não possuir a certeza do que possa acontecer, enquanto se mantiver vivo.
Aproximam-se agora os arautos da ¨verdade¨, que dizem ao morto vivo, que não devia ter fumado, que devia ter feito isto, ou aquilo, que não devia, que não devia.....
O morto ainda vivo, é açoitado por tanta recriminação, que mais uma vez tem de buscar forças no fundo do baú, desta feita para lutar contra as palavras inadequadas, que o tentam responsabilizar pelo o estado em que se encontra.
Podemos perceber em tais palavras o amor de quem não gostaria de ver o seu ente querido partir, em que se pressupõe o inevitável de um processo que conduz à morte, em que mais nada haverá que fazer.
Na visão daquele que padece, tais palavras podem ser entendidas como uma desgraça viva, que melhor será a morte, que o incomodo de incomodar os outros, em que a doença, a velhice, e a desgraça não parece ter uma solução, a não ser a própria morte.
Falamos de amor, e somos possuídos pelo o instinto de preservação animal, que em plena selva não chora os mortos, ou mesmo que o faça, deixa para trás os feridos, e os fracos dessa longa batalha pela vida, para que sejam devorados pela morte.
A isso chamamos, equivocadamente, de humanismo.
Para eles lhes resta o sangue da própria vítima que ajudaram a enterrar.
Continua na próxima postagem
Um estado terminal, que fora anunciado, e sentido por aquele que padece, pode levar dias, semanas, meses e até mesmo anos, até que tenha um fim, que tanto pode ser a continuidade da vida, como a sua própria morte.
Essa insistência em viver, só pode ser levada a um desejo intenso de continuar vivo, com a esperança de um dia libertar-se da morte que se fez anunciar, mas que o indivíduo pretende protelar por mais algum tempo, mesmo que não saiba se valerá a pena tanto esforço, em virtude da morte estar certa, e não possuir a certeza do que possa acontecer, enquanto se mantiver vivo.
Aproximam-se agora os arautos da ¨verdade¨, que dizem ao morto vivo, que não devia ter fumado, que devia ter feito isto, ou aquilo, que não devia, que não devia.....
O morto ainda vivo, é açoitado por tanta recriminação, que mais uma vez tem de buscar forças no fundo do baú, desta feita para lutar contra as palavras inadequadas, que o tentam responsabilizar pelo o estado em que se encontra.
Podemos perceber em tais palavras o amor de quem não gostaria de ver o seu ente querido partir, em que se pressupõe o inevitável de um processo que conduz à morte, em que mais nada haverá que fazer.
Na visão daquele que padece, tais palavras podem ser entendidas como uma desgraça viva, que melhor será a morte, que o incomodo de incomodar os outros, em que a doença, a velhice, e a desgraça não parece ter uma solução, a não ser a própria morte.
Falamos de amor, e somos possuídos pelo o instinto de preservação animal, que em plena selva não chora os mortos, ou mesmo que o faça, deixa para trás os feridos, e os fracos dessa longa batalha pela vida, para que sejam devorados pela morte.
A isso chamamos, equivocadamente, de humanismo.
Para eles lhes resta o sangue da própria vítima que ajudaram a enterrar.
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sexta-feira, 3 de junho de 2011
A teoria do absurdo
Perante a singularidade subjetiva presente em cada ser humano, procuram alguns uniformizar, o que não pode ser, e encontra-se naturalmente separado.
quinta-feira, 2 de junho de 2011
Uma brasileira na Suíça: Sabor Suíço
Uma brasileira na Suíça: Sabor Suíço: "Há algum tempo penso em criar um blog para poder compartilhar pensamentos, impressões e sensações vividas por mim no país dos chocolates. ..."
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Sentido de morte - Eros e Tânatos
Psicoanalizare: Sentido de morte - Eros e Tânatos: "A impossibilidade da vida gera um sentido de morte. Foi isso que Freud nos quis dizer com a sua afirmação – Que a pulsão de morte se coloca..."
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